O invencível establishment

Aqui, os ricos, a elite e os poderosos, ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Seja num governo de esquerda ou mesmo num de extrema-direita como agora

Professor Nazareno*
Publicada em 28 de dezembro de 2021 às 08:50

Bolsonaro se aliou ao Centrão na maior cara de pau. Mesmo dizendo o tempo todo que jamais faria isso e que fora eleito com 57 milhões de votos para acabar com a velha política do Brasil. Não mudou nada e nem quis. Ele mentiu para os seus eleitores, enganou o Brasil e traiu a si mesmo. Já Lula, o seu adversário e arqui-inimigo político, corteja se aliar a Geraldo Alckmin, ex-PSDB, a fim de disputar as próximas eleições para a Presidência. Nenhum desses candidatos, no entanto, tem coragem de dizer aos eleitores que é impossível mudar o que já está estabelecido. O establishment do Brasil já foi traçado há muito tempo. E não pode ser mudado tão fácil como se pensa. Aqui, os ricos, a elite e os poderosos, ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Seja num governo de esquerda ou mesmo num de extrema-direita como agora.

Desde os tempos da Colônia que esse lengalenga é o mesmo. País rico e um dos maiores produtores mundiais de commodities, o Brasil tem hoje milhões de cidadãos famintos vivendo abaixo da linha da pobreza, na miséria total. E os poderosos querem assim mesmo, pois sempre foi o capital que mandou em tudo e em todos. A nata do empresariado faz o que quer e logo determina isso a quem for eleito. Fez isso com os militares, obrigando-os a dar o golpe em 1964 e depois, quando não precisavam mais dos fardados, tirou-lhes do poder em 1985. Foi assim com Fernando Collor, com Itamar Franco, Com FHC e depois com os governos de esquerda no início deste século. Lula teve que se aliar à elite para poder governar. E quando o “sapo barbudo” pensou em favorecer os mais pobres, deram-lhe um “chega pra lá” e logo apearam o PT do poder.

Toda a estrutura de controle no Brasil sempre foi assim e parece que não vai mudar. E quem não se aliar a esse esquema abjeto, é logo descartado de qualquer poder de decisão. As câmaras de vereadores, praticamente todas as prefeituras, assembleias legislativas, Congresso Nacional e STF. Tudo é dominado pelo poder do dinheiro. Rico não pensa em pobre e tudo faz para barrar a ascensão dos miseráveis. A senzala dos deserdados parece nunca ter fim. A fila do osso e os muitos caminhões de lixo sendo hoje remexidos em busca de comida ainda vão emoldurar a realidade do nosso país e da nossa sofrida gente por muito tempo. E de nada adianta dizer que Lula e o PT acabaram com a fome no Brasil. Nem Lula muito menos o Bolsonaro jamais governaram para os pobres e miseráveis. O petismo até que deu o peixe, mas não ensinou ninguém a pescar.

O pior de tudo é que as atuais pesquisas indicam que Lula será de novo o próximo presidente. Se não for ele, pode ser uma desgraça ainda maior: a reeleição do “Bozo”. Com a extrema-direita, os cidadãos ou morrem de fome ou morrem infectados na pandemia. O ano que agora finda mostrou isso de forma bem real. Assim, o próximo ano nos aguarda uma das maiores tragédias enquanto nação: se não entrarmos de novo na roubalheira absurda dos corruptos de esquerda aliados a empresários escroques, continuaremos fustigados pelo fascismo desumano dos negacionistas. Enquanto isso, os pobres continuam buscando sua comida diária no lixo e os barões da elite continuam ficando cada vez mais ricos. O establishment brasileiro é muito cruel, pois quer democracia só na política, já que abomina a democracia econômica. Com essa elite que  temos, jamais chegaremos ao nível do mundo civilizado. Seremos só o “brasil” mesmo. 

*Foi Professor em Porto Velho.

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