O jogo sujo da política

O convívio democrático pressupõe a inexistência de discriminações, quaisquer que sejam seus fundamentos.

Valdemir Caldas
Publicada em 10 de agosto de 2018 às 08:55
O jogo sujo da política

O convívio democrático pressupõe a inexistência de discriminações, quaisquer que sejam seus fundamentos. Só isso bastaria para levar-nos à compreensão de quanto estamos distantes de desfrutar de uma verdadeira democracia, apesar dos discursos inflamados e das profissões de fé reiteradamente proclamados.

Muitas vezes, essas manifestações e exercícios de oratória servem exatamente para esconder a pouca vocação dos que as praticam para a convivência na liberdade. O respeito que lhe dedico pela seriedade, coerência e transparência com que vem conduzindo a Câmara Municipal de Porto Velho seria suficiente para que eu renunciasse ao propósito, que eu vinha cumprindo, desde 1992, de não mais participar de campanha
eleitoral, limitando minha atuação apenas como eleitor compulsório.

O apreço que tenho por ele, porém, não seria a razão maior, aindaque imperioso, que me faria não somente desistir de minha apatia sentimental para com o processo eleitoral, como me motivaria também a arregaçar as mangas e partir para luta com todo o entusiasmo.

Outro motivo, tão relevante quanto o da consideração, é o tratamento que ele vem dispensando aos servidores da Casa, desde que assumiu a presidência do Poder Legislativo, em janeiro do ano passado.

Acresça-se a isso a certeza de que Maurício Carvalho possui todos os méritos, todas as qualidades para bem representar o Estado de Rondônia na Assembleia Legislativa - um sonho acalentado há muito tempo, como ele mesmo disse, durante pronunciamento da tribuna da Câmara, na sessão de segunda-feira, 6, com voz embargada, mas que acabou sendo adiado pelo jogo sujo e rasteiro da política.

Dotado de elevada capacidade administrativa, tão bem comprovada na iniciativa privada, como também no comando da Câmara Municipal, mas neófito no jogo bruto da política, Maurício acabou sendo engolido pelas feras de seu próprio partido, o PSDB, que sentiram na sua presença, não um motivo de regozijo e contentamento, como seria racional, mas uma ameaça. Ele rifaria o continuísmo.

Louvável a postura da sua irmã, deputada federal Mariana Carvalho, que teria ameaçado desistir de sua candidatura à reeleição para tentar garantir a vaga de Maurício. Em vão. Como prêmio de consolação, deram-lhe o posto de vice-governador na chapa do candidato Expedito Junior.

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