O passageiro, o ministro e o espírito de corpo
Aqui vai residir um problema e competirá aos juristas responder: criticar uma “instituição” vai poder? E criticar um gestor ou membro da “instituição”, vai poder? Ou vão colocar mordaça nos dois?
A decisão de que a Polícia Federal deve apurar o que houve entre um advogado que num voo criticou o STF e literalmente bateu boca com o ministro Lewandovsky, remete a uma enorme ameaça o direito do cidadão em criticar qualquer órgão gestor.
Caso a PF mande o imbróglio para a frente e o advogado seja condenado, teremos uma decisão judicial que com certeza vai se espalhar pelo efeito cascata a uma imensa lista de pessoas que, alegando defender a instituição da qual façam parte, poderão também denunciar cidadãos que critiquem essas instituições – portanto quem exerce o jornalismo for da “faixa marrom” terá de rever suas colocações.
Simples: um governo é uma instituição, o STF e demais colegiados, assim como ministérios e todos órgãos gestores acabam entrando no rol, daí que qualquer cidadão que pretenda criticar algum órgão público pode acabar tendo de ir bater perante um delegado da PF ou de Polícia Civil.
Observe-se eram dois ministros no voo, um ficou no lugar dele e o outro chamou a Polícia Federal, justamente porque seja um dos três ou quatro mais visados pela população devido suas posições no STF.
Para o ministro, “a ofensa às instituições é um perigo para o Estado democrático de direito”. (*)
É de se perguntar: Que ofensa fez o advogado? Quantos milhões de brasileiros também pensam, e até falam assim? Já pensou? Se pegar a onda de chamar a PF porque uma pessoa critique uma “instituição”. Aqui vai residir um problema e competirá aos juristas responder: criticar uma “instituição” vai poder? E criticar um gestor ou membro da “instituição”, vai poder? Ou vão colocar mordaça nos dois?
Mas o que me chamou a atenção também no caso do ministro foi o silêncio, e até o apoio, como tal, da OAB. Claro, entidades jurídicas iriam apoiar o ministro, afinal de contas parece que ali valeu o chamado “mexeu com um, mexeu com todos”
Mas, e a Ordem? Tão ciosa em realizar “desagravos”, pelo visto vai ficar calada o que pressupõe apoio ao ministro, cuja queixa parece deixar claro que criticar uma “instituição” terá como resposta chamar a Polícia que, convenhamos, tem muito mais a fazer.
PIADA
Luciano Hulk, que distribui benesses a custa de patrocinadores, agora parece querer formar um grupo político. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, falou muito, não disse mais que o óbvio. Aliás, disse sim: que nos últimos 20 anos “a Educação no país melhorou.....”. Afora que seja uma piada de humor negro, nem dá para rir. Lamentável e típico de quem diz conhecer o Brasil, como ele diz.
PENÚLTIMO
Hulk disse que a Educação melhorou muito nos últimos 20 anos. Só para não ficar alguém pensando ser verdade, na última medição em 2017 o Brasil ficou em 60º lugar entre 76 participantes. Em outro (The Learning Curve (A curva do aprendizado), ficou em 39º dentre 40 participantes. Aonde está a pontuação da melhora dos últimos 20 anos? Será que alguém andou dando pedaladas?
A prefeita "boca suja"
(Inserido na segunda edição da “Cesta página de um repórter”, em fase de prreparação)
Não sei quem disse para minha filha Janaína que a prefeita de Espigão gostava de falar alto, ria alto, dizia palavrão, contava "piada mais que pesada", essas coisas que, para quem conhecia a figura, não representava nenhuma novidade.
Lúcia Tereza, era uma figuraça. Primeira mulher eleita prefeita na Amazônia, em 1982, foi deputada estadual durante vários mandatos a partir de 1991, legislatura que teve a maior quantidade de mulheres no parlamento rondoniense - cinco eleitas, além da suplente Ivone Abrão.
Recém formada a Jana foi trabalhar em Pimenteiras. No ano seguinte decidiu não ficar mais lá e fui buscá-la. Na viagem de carro quando chegou onde a BR-364 se encontra com a RO 387 entramos nesta e fomos até Espigão.
Expliquei para minha filha que não se assustase, porque a prefeita não economizava palavrão. "Tem gente que conhece ela e critica porque ela é "boca suja", disse a Jana e eu respondi que era "boca mais que suja", mas também uma figuraça e uma líder política.
Chegamos a prefeitura, perguntei onde estava a prefeita e alguém respondeu assim: "Taí pelos gabinetes". Fui entrando e de repente, como um trovão ecoou o grito: "Que é que esse filho da puta tá fazendo aqui".
Era a própria, que perguntou da Janaína se "este veado é mesmo teu pai". E deu uma gargalhada. Eu a conhecia desde 1975, meses depois dela ter brigado com uma guarnição da Guarda Territorial porque o Incra queria expulsar os colonos que tinham se instalado ali. Bom, depois das gargalhadas levou para almoçar em sua fazenda, e mais risadas.
PS: Quando vejo algumas mulheres que dizem defender este segmento, mas o fazem frequentando gabinetes e participando de solenidades, tenho dúvidas disso. Já com relação a Lúcia, tenho certeza de que ela defendia mesmo.
DATAS DE RONDÔNIA
10 de dezembro de 1979 – Criada a Comarca de Ji-Paraná.
10.2.2003 - Falece em Ji-Paraná o pioneiro Clodomior Queiroz de Lima, o Amiguinho.
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