O suor frio ainda percorre nossa espinha! voltamos ao passado, mas temos que respeitar as urnas

Deve-se contestar a vitória de Lula? De jeito nenhum. Ela foi normal, dentro de um sistema democrático onde a troca de governantes é absolutamente algo dentro das regras do jogo

Sérgio Pires
Publicada em 31 de outubro de 2022 às 20:46
O suor frio ainda percorre nossa espinha! voltamos ao passado, mas temos que respeitar as urnas

Em primeiro lugar, que se respeite o resultado democrático das urnas, mesmo que um suor frio percorra nossa espinha e nossa fronte. Lula ganhou a eleição. Ganhou apertado. O resultado manteve o Brasil rachado ao meio, mas ele ganhou. Esta questão, portanto, não pode ser posta em dúvida. Mas e o Brasil, ganhou ou perdeu? Depende de quem analisa. No caso deste blogueiro, há convicção de que o país perdeu feio. Perdeu não só para os próximos quatro anos, mas talvez para toda uma geração. Vamos retornar ao populismo, à economia de Estado, à educação aparelhada; à internacionalização da Amazônia; ao fim do sonho do asfaltamento da BR 319 que liga Porto Velho a Manaus; às invasões de propriedades. Por 2 milhões e 100 mil votos a mais, entramos no túnel do tempo, para retornar a um projeto de governo que, decididamente, não deu certo. Vamos reviver a República Sindicalista, as retrógradas leis trabalhistas, aos confrontos entre capital e trabalho; ao medo dos investidores de manterem seus capitais num país socialista e ao sonho de que a esquerda se renovou, quando, na verdade, ela jamais se renova. É sempre a mesma. Há uma insegurança generalizada com relação à nossa economia e o que será dela, mas, principalmente, em relação ao emprego, onde estávamos crescendo a uma média mensal de 250 mil novos postos todo o mês e que, com a insegurança gerada pela eleição de Lula, pode sucumbir em poucas semanas, já que o empresariado teme investir e contratar mais.

Deve-se contestar a vitória de Lula? De jeito nenhum. Ela foi normal, dentro de um sistema democrático onde a troca de governantes é absolutamente algo dentro das regras do jogo. Mas então, pode-se lamentar? Ah, isso sim. Sem violência, sem descumprir nossa Constituição (como o fizeram alguns ministros do STF e do TSE) mas sim, pode-se lamentar, cobrar, exigir que o Brasil não volte aos trilhos do subdesenvolvimento e da politicagem barata. Mas não mais que isso. Fechar rodovias, como fizeram caminhoneiros em várias regiões do país, não é ser democrático. A metade do Brasil que perdeu a eleição para Presidente, não se pode esquecer, elegeu as maiores bancadas conservadoras, tanto na Câmara Federal quanto no Senado. O que se tem que fazer é cobrar desses eleitos que cumpram seu papel, fiscalizando e não permitindo que o novo governo transforme nosso país no terror do que é a Venezuela e do que estão se tornando alguns dos nossos vizinhos. O Brasil que tinha chance de ir em frente ficou pelo caminho. Mas o atraso é apenas um percalço na longa história de desafios para os brasileiros. Vamos em frente. Daqui a quatro anos, podemos mudar tudo de novo, se Lula não for (de novo) um bom Presidente.

ROCHA: COM SIMPLICIDADE, TRABALHO E APOIOS QUENTES, MERECEU A REELEIÇÃO

Não se pode ignorar a grande vitória, merecida vitória, do governador Marcos Rocha, reeleito para mais um mandato de quatro anos. Mesmo enfrentando um adversário poderoso, que está na política há muito mais tempo, o senador Marcos Rogério, Rocha ganhou muito bem a disputa, mostrando o que fez, destacando suas realizações e os avanços do nosso Estado sob seu comando, além, é claro, de fazê-lo com respeito e humildade. Foi uma lição de como se ganha uma eleição aos poucos, comendo a sopa quente pelas beiradas, sem afrontar, sem exagerar. A vitória se deveu muito, claro, à postura serena do Governador, sempre evitando confrontos, ataques, tons acima do permitido. Mas deveu-se muito também à sua capacidade de aglutinar tantas lideranças em torno do seu nome. Rocha ganhou a eleição principalmente em Porto Velho, onde seus maiores parceiros, o prefeito Hildon Chaves e a primeira dama, a deputada estadual eleita Ieda Chaves entraram, com seus grupos políticos, de corpo e alma na campanha. Registre-se ainda o apoio fundamental do presidente da Assembleia, Alex Redano e de sua esposa, a prefeita de Ariquemes, Carla Redano; dos deputados federais eleitos e reeleitos Lúcio Mosquini, Thiago Flores, Maurício Carvalho, Cristiane Lopes e Jaqueline Cassol, entre outros. Mas deve ainda um agradecimento muito especial à deputada federal Mariana Carvalho, um nome quentíssimo, que certamente ajudou muito na reeleição.

LUANA, JÚNIOR E FERNANDO MÁXIMO: TRIO DE PESO FUNDAMENTAL PARA A VITÓRIA DE ROCHA

Há, por questão de justiça, que se destacar ainda gente da equipe de Rocha que, com sua atuação, o ajudou muito nesta batalha pela reeleição. Há vários personagens que mereceriam citação, mas três nomes em especial. O primeiro deles é o da primeira dama e secretária da SEAS, Luana Rocha. Ela apareceu no cenário da política em 2018, como candidata a deputada federal, para ajudar o marido, que então concorria ao governo na onda bolsonarista, surgido apenas da vontade do atual Presidente da República em lançá-lo em Rondônia. No começo, todos diziam que as chances de Rocha eram zero, até vê-lo tornar-se governador. Luana sempre esteve junto. Não só no comando da família, mas ainda com atuação destacada na área social, onde criou uma dezena de muito bem sucedidos programas sociais. Outro personagem, também muito importante, foi o chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves. Aparentemente sem experiência política anterior, Júnior se mostrou um articulador de primeira, conseguindo reunir no entorno do projeto de reeleição de Rocha alguns dos mais importantes nomes da política rondoniense, incluindo prefeitos, deputados estaduais e federais. O terceiro personagem é Fernando Máximo, seu ex-secretário da saúde, eleito deputado federal com mais de 85 mil votos. Com essa votação quase inacreditável, não é preciso dizer mais nada, sobre a importância de Máximo no contexto da reeleição do seu ex-chefe.

COMEÇA O QUEBRA CABEÇA PARA APROVEITAR TANTOS NOMES QUENTES QUE APOIARAM O PROJETO

Começa agora a montagem do time de Marcos Rocha, para um segundo mandato. Tudo ainda é embrionário, porque recém fecharam as urnas, mas as conversas já começaram. Não se sabe ainda quem irá para onde, mas há nomes quentíssimos, claro, para os próximos quatro anos. Além de Luana, Júnior e Sérgio Gonçalves, o vice-governador eleito, que certamente estarão no primeiro escalão, Rocha precisará acomodar seus novos aliados, como os deputados federais Léo Moraes e Jaqueline Cassol. Ouve-se que Léo poderia ter espaço na área da segurança, enquanto a Jaqueline se ouviu que poderia ocupar um posto no Detran (onde já foi diretora no governo do seu irmão, Ivo Cassol). Outro personagem quentíssimo da política rondoniense que, se quiser, terá espaço no novo mandato de Rocha será o ex-deputado Carlos Magno, que também o apoiou na reta final do segundo turno. Mariana Carvalho toparia assumir a Secretaria de Saúde, caso fosse convidada? Essa especulação já se ouve pelos bastidores da política. Enfim, tudo isso é exercício de futurologia. Mas que as conversas já começaram, isso sim, se pode afirmar com segurança!

PARCEIROS DE PRIMEIRA HORA TIVERA­­­M ATUAÇÃO DESTACADA NA BATALHA PELA REELEIÇÃO

Teve muito mais gente que deu duro, trabalhou ininterruptamente, utilizou seus talentos, seus seguidores, seus amigos e parceiros, para ajudar de todas as formas possíveis na batalha pela reeleição de Marcos Rocha. Parceiros de primeira hora, não há dúvida de que o séquito de rondonienses que acreditaram num novo mandato para o Governador foi muito grande. Um destes colaboradores chegou a brincar, dizendo que seria preciso uma espécie daquelas listas telefônicas antigas, para se colocar todos os nomes, tanto em Porto Velho quanto em todos os demais 51 municípios, que também fizeram a sua parte. Entre toda essa gente, houve alguns destaques. Um deles, o líder empresarial Chico Holanda, que inclusive fez sua estreia na política, disputando uma cadeira à Assembleia Legislativa. Chico, aliás, destaca outros nomes importantes no pacote do grupo que, junto com ele, não poupou esforços para que se atingisse o bom resultado das urnas, como o agora vice-governador eleito, Sérgio Gonçalves. Também há que se citar o irmão do Governador, Sandro Rocha, nesta parceria que deu importante contribuição para que o objetivo fosse alcançado. Marcos Rocha, aliás, fez um agradecimento especial tanto a esses apoiadores como a milhares deles, Rondônia afora.

DELEGADO DA PF DÁ SHOW NAS URNAS E GANHA FÁCIL A PREFEITURA DE VILHENA

Foi uma vitória muito fácil nas urnas. Nunca uma eleição em Vilhena teve uma diferença tão grande de votos. Na disputa pelos próximos dois anos de mandato da Prefeitura de Vilhena, o delegado Flori Cordeiro de Miranda, do Podemos, foi eleito com mais de 64 por cento dos votos. Somou 30.111, contra apenas 17.575 da sua única adversária, a ex-prefeita Rosani Donadon. Até a sexta-feira, Flori iria concorrer sub judice, mas o TRE rondoniense resolveu a questão, decidindo sobre um pedido de impugnação da sua candidatura pela coligação liderada por Rosani, Por sete votos a zero, foi decidido que o candidato estava apto a disputar o pleito. Não deu outra. Quando os resultados das urnas começaram a apresentar os resultados (lá, o senador Marcos Rogério foi o mais votado para o governo e Jair Bolsonaro ficou bem à frente de Lula) começou a surpresa, com a votação expressiva de Flori. O delegado da PF, cara nova na política de Vilhena, enfrentava um dos nomes da poderosa família Donadon, acostumada a vencer várias eleições na cidade. Ganhou fácil. Espera-se agora que conclua seu mandato, coisa que seus recentes antecessores não o fizeram. Ou foram cassados por mal feitos ou por irregularidades de documentação junto à Justiça Eleitoral.

INCOMPETÊNCIA PARA GANHAR A ELEIÇÃO CAUSA FECHAMENTO DAS RODOVIAS. É DEMOCRÁTICO?

Não foi só em Rondônia. Rodovias de todo o país foram fechadas, desde o início da noite do domingo, quando se confirmou a vitória nas urnas do ex-presidente Lula, por centenas de caminhoneiros. Eles fazem um protesto contra a vitória do ex-Presidente que volta ao poder. Ué? Quer dizer então que a eleição só teria validade se Bolsonaro vencesse? Onde estavam os caminhoneiros quando a campanha andava e o candidato deles apareceria atrás em praticamente todas as pesquisas? Não teria sido mais correto batalhar para eleger o nome que apoiavam do que, depois do resultado negativo, sair pelo país, fazendo manifestações que não são democráticas? Claro que a eleição de Lula foi ruim para metade do Brasil. Mas, não esqueçamos, está sendo comemorada pela outra metade, que, aliás, conseguiu 2 milhões e 100 mil votos a mais. Se faltou competência para os apoiadores de Bolsonaro, que fez um bom governo, em convencer mais gente para votar nele, que culpa tem aqueles que querem ter o direito de ir e vir por nossas estradas garantido? Aqui em Rondônia, as BR 364 e 421 foram fechadas em vários trechos, numa demonstração de força desnecessária. Que os apoiadores do atual Presidente ou de qualquer candidato que apoiem, na próxima eleição, tenham mais competência. Daí ganham a eleição e não precisam atrapalhar a vida  dos outros.

SEQUESTRO QUE COMEÇOU EM PORTO VELHO HÁ 34 ANOS VAI VIRAR UMA SUPERPRODUÇÃO PARA O CINEMA

Um evento que começou em Porto Velho, mas acabou se tonando uma história nacional, vai virar vai virar uma superprodução do cinema brasileiro. E certamente será um grande sucesso. Vai retratar o sequestro do voo 375 da Vasp, hoje extinta, que saiu do aeroporto internacional da Capital rondoniense para o Galeão, no Rio, mas foi desviado primeiro para Brasília e depois para Goiânia, onde o sequestrador, depois de matar o copiloto e ferir o piloto, foi  baleado pela Polícia Federal e morreu três dias depois. O caso aconteceu em 29 de setembro de 1988, quando Raimundo Nonato Conceição entrou armado na cabine dos pilotos e mandou que a aeronave, com mais de 100 passageiros, fosse desviada para Brasília. A intenção do criminoso era jogar o avião contra o Palácio do Planalto, para tentar matar também o então presidente José Sarney. Mesmo com o copiloto assassinado, o piloto conseguiu ludibriar o sequestrador, avisar a polícia e descer em Goiânia. Lá, Raimundo Nonato exigiu um avião de pequeno porte para fugir, mas acabou baleado. O filme será dirigido por Marcus Baldini, que dirigiu, entre outras produções, o filme Bruna Surfistinha, grande sucesso do cinema nacional. As filmagens começam em breve.

CANCELADO DECRETO DE CONFÚCIO QUE CRIOU ÁREA DE PRESERVAÇÃO SOLDADO DA BORRACHA

Dois dias antes da eleição do segundo turno, o governador Marcos Rocha assinou um decreto que o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Alex Redano, chamou de “histórico”. Rocha revogou decreto assinado em 2018, pelo então governador Confúcio Moura, pouco antes de deixar o cargo, criando onze novas zonas de proteção ambiental em Rondônia. O novo decreto assinado na sexta-feira, dia 28, revoga o anterior, de Confúcio, mas apenas sobre a chamada Estação Ecológica Soldado da Borracha. Para o cancelamento da decisão de Confúcio, o governador Marcos Rocha alegou várias irregularidades no decreto original. A principal delas: há, naquela área, mais de 700 propriedades, com toda a documentação, que, para que o local seja liberado para fins de preservação, teriam que ser indenizadas e nunca o foram. O atual governo rondoniense diz que não tem os 3 bilhões e 200 milhões de reais necessários para a indenização. Agora, certamente, a questão será judicializada. Com a eleição de Lula, contudo, que já avisou que quer a Amazônia intocada, não se sabe qual será o destino das centenas de famílias que moram e vivem da terra na “Soldado da Borracha”. Mas, enquanto valer o decreto de Rocha, a transformação em área de preservação está suspensa.

PERGUNTINHA

Com a eleição de Lula, você acha que o Brasil vai caminhar para um futuro de progresso e desenvolvimento ou corre o risco de venezuelização?

Comentários

  • 1
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    carlos eduardo 02/11/2022

    Lula nunca deveria ser eleito. Aliás ele não deveria nem ser candidato. Ele é um condenado da justiça, é um ladrão.

  • 2
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    Martins 01/11/2022

    Aonde está esse desenvolvimento que esse gaudério teima em incutir. Acho que ele está vivendo em outro mundo. Não precisa ser expertise pra saber, basta dar um pulo em algum mercado, padaria, postos de gasolina, etc... À vida ficou difícil durante esses 4 anos. O médio ficou pobre e pobre miserável. E a propósito, o gaudério poderia me dizer alguma medida desse seu governo, para isso não ocorresse.

  • 3
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    Roberto Cardoso 01/11/2022

    Graças a Deus, o progresso e o desenvolvimento voltarão ao país e os menos favorecidos terão voz e vez.  Quanto à questão da venezuelização, isso é choro de blogueiro cego e ignorante!

  • 4
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    Chico Bento 01/11/2022

    Os "avanços" citados no artigo do nobre jornalista só melhoraram a vida de poucos e abastados, logo é um modelo que felizmente foi derrotado e não serve e não atende a maioria do povo brasileiro. Dizer que voltamos ao populismo é inverídico, pois tal modus operandi é realizado pelo atual presidente, quando incita invasores e garimpeiros ilegais a explorarem terras públicas sem licença e nenhum controle ambiental, quando apoia atos antidemocráticos como invasão e destituição do STF e este recente bloqueio das rodovias, ferindo os direitos constitucionais. Esperamos que s coisas voltem a normalidade e logo, precisamos urgentemente de PAZ, HARMONIA E PRINCIPALMENTE SENSATEZ no Brasil, para que todos possam viver com tranquilidade.

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