O toma-lá-dá-cá que antecedeu a Reforma da Previdência na Câmara 

Se, como dizem alguns, as decisões políticas precisam representar os sentimentos latentes no coração social, não podendo, portanto, terem caráter meramente fisiológico, a votação da Reforma da Previdência deixou claro que estamos muito distante disso.

Por Valdemir Caldas
Publicada em 15 de julho de 2019 às 15:39

A votação da Reforma da Previdência, na Câmara, mostrou, deveras, que a babel do toma-lá-dá-cá, que há muito vem caracterizando o modelo político nacional, apareceu, mais uma vez, como um foco de infecção a reclamar tratamento de choque pelo povo. E este, no seu próprio benefício, precisa executá-lo. Não é mais possível empurrar o problema com a barriga. 

Se, como dizem alguns, as decisões políticas precisam representar os sentimentos latentes no coração social, não podendo, portanto, terem caráter meramente fisiológico, a votação da Reforma da Previdência deixou claro que estamos muito distante disso. Antes da votação, no Plenário, o que se viu foi a velha máxima do “Mateus, primeiro os meus” sendo usada a todo vapor, por políticos inescrupulosos, completamente desconectados daquilo que vem acontecendo nas ruas deste país.

Muitos dos que acorreram às urnas nas eleições passadas, o fizeram conscientes de que, com o seu voto, estariam sepultando, definitivamente, o velho jeito de fazer política, que tanto mal já causou a este país. Não demorou, porém, para perceberem que caíram no engodo. A política do “é dando que se recebe” nunca esteve tão atuante, alimentando políticos profissionais e carreiristas, capazes até mesmo de um gesto de honestidade para permanecerem na crista da onda.

Nas tribunas dos parlamentos, deitam falação sobre a importância da democracia, como a verdadeira expressão da vontade política do povo, a exata encarnação dos interesses coletivos, mas, na prática, usam o mandato popular como instrumento de manobra para o enriquecimento ilícito e de grupos, em detrimento das legítimas aspirações sociais. São, verdadeiramente, farsantes, pois o autêntico homem público jamais agiria da maneira como muitos deles atuam. Não pegou bem aos olhos da sociedade as cenas de fisiologismo que antecederam a Reforma da Previdência, praticadas sem nenhum pejo por muitos com assento na Câmara Federal. 

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