OAB requer indenização por dano moral após violação de prerrogativas de advogado

A Ordem entende que grave conduta dos agentes policiais não é lesiva apenas aos direitos individuais do vitimado

OAB/CONSELHO NACIONAL
Publicada em 09 de agosto de 2021 às 11:21
OAB requer indenização por dano moral após violação de prerrogativas de advogado

A OAB Nacional, por meio da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia (CNDPVA) e da Procuradoria Nacional de Prerrogativas, e a OAB Goiás ingressaram na Justiça Federal da 1ª Região, Seção Judiciária de Goiás, no dia (28/07), com uma ação civil pública contra o Estado de Goiás requerendo o pagamento de indenização por dano moral coletivo no valor de um milhão de reais.

A ação inédita da OAB foi motivada por causa das agressões praticadas por policiais militares contra o advogado Orcélio Ferreira Silvério Júnior, ocorridas na manhã do dia (21/07), na cidade de Goiânia. A Ordem entende que grave conduta dos agentes policiais não é lesiva apenas aos direitos individuais do vitimado, mas a toda a advocacia goiana, sendo necessária a adoção de medidas afirmativas a fim de evitar a reiteração da atividade lesiva a direitos difusos e coletivos. O total da indenização será revertido ao Fundo Estadual de Direitos Difusos do Estado de Goiás.

O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, destacou o compromisso inafastável da Ordem no cumprimento e na defesa das prerrogativas da advocacia. “Na nossa gestão vamos além dos desagravos e notas. Quem violar as prerrogativas de advogados vai sofrer com a força da advocacia e da OAB”, afirmou.

O presidente da OAB-GO, Lúcio Flávio de Paiva, afirmou que “a ação visa não apenas assegurar a punição aos envolvidos na grave agressão ao advogado Orcélio, mas também a confecção, pelo Estado de Goiás em conjunto com a Ordem, de um protocolo de procedimento policial em relação aos advogados e sua atuação. Esse é mais um ato firme da Ordem em defesa das prerrogativas profissionais”.

“A impunidade em relação aos ataques às prerrogativas do advogado representa, em último caso, clara afronta à própria sociedade, colocando em risco a própria democracia. Justamente na busca da concretização desse mandamento constitucional surgiram as prerrogativas dos advogados, com o objetivo de assegurar não apenas o exercício da sua profissão, mas também a defesa daqueles que defendem o pilar constitucional da democracia: o respeito ao devido processo legal e às prerrogativas de seus agentes funcionais essenciais: os advogados”, traz trecho da petição. “Assegurar o respeito às prerrogativas dos advogados representa, portanto, a mais alta salvaguarda aos direitos do cidadão e à concretização da justiça”, destaca a ação.

Para o presidente da Comissão Nacional de Defesa das Prerrogativas e Valorização da Advocacia, Alexandre Ogusuku, “a ação é um marco histórico do sistema OAB e busca, ela ação, (i) na construção de um POP (procedimento operacional padrão) de respeito das forças polícias diante de um advogado e de uma advogada devidamente identificada; (ii) que o produto da indenização seja aplicada pelo próprio estado no custeio de cursos para as forças polícias sobre a advocacia e suas prerrogativas e também uma grande campanha reparatória de valorização da advocacia, além das persecuções penais contra os policiais agressores”.

“A OAB Nacional e a OAB Goiás tomarão todas as providências cabíveis para reprimir ações covardes e criminosas perpetrados contra advogados e advogadas em todo Brasil.  Iremos até as últimas consequências para combater o arbítrio, o abuso de autoridade, e a insegurança dos valores democráticos, em especial quanto as garantidas individuais que foram conquistadas de forma muito cara a toda sociedade brasileira. Mais providências virão. E acompanharemos de muito perto todas elas até seu deslindem”, assegurou o procurador Nacional de Defesa das Prerrogativas, Alex Sarkis. 

Confira a íntegra da ação civil púbica cível

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