Os hormônios da extrema direita imbrochável
“Bolsonaro vai parar na capa do Globo como garoto-propaganda de cuidados com a virilidade”, escreve o colunista Moisés Mendes

Jair Bolsonaro (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)
Homens fazem reposição hormonal para melhorar a performance sexual. Mas nunca tinham visto nada parecido com o que apareceu na capa do Globo, como propaganda do tratamento associada à imagem de um macho hétero que nunca falha.
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Foi assim que Bolsonaro foi parar na capa do jornal. Por usar um chip sob a pele que repõe hormônios, como revelou em entrevista a um canal de celebridades. Bolsonaro consegue ser manchete do Globo até como modelo de virilidade do extremismo.
E sai na versão online bem ao lado da notícia sobre a disputa pelo Oscar entre Demi Moore e Fernanda Torres, e em texto da área da ‘saúde e bem-estar’. Com as fotos delas e, logo abaixo, uma foto dele. O editor deve ter pensado em afinidades.
Lula só consegue chamada de capa para o programa Pé-de-Meia quando o vigilante ministro Augusto Nardes, do TCU, manda trancar a liberação das bolsas para os estudantes.
Uma bolsa para que os adolescentes continuem estudando não é pop. Mas hormônios de machos terrivelmente héteros, esses são. O fascismo todo é pop. Ficou fácil ser fascista, em todas as áreas, incluindo a do entretenimento e do bem-estar sexual.
Bolsonaro diverte, não só a extrema direita, porque está em liberdade. É líder e animador de tios do zap e agora um propagador de boas notícias científicas para os machos de todas as orientações políticas. E tudo às vésperas da condenação.
Qualquer estagiário de marketing sabe que seria difícil estabelecer relação entre hormônios para reforçar virilidades e um sujeito a caminho da clausura da prisão como golpista. Por que então a publicidade de Bolsonaro para a reposição hormonal?
Porque o chefe do golpe precisa dizer aos seus seguidores que aposta na impunidade, a partir de algum movimento do imponderável. A extrema direita tem essa capacidade de passar mensagens com um poder de síntese que as esquerdas já tiveram.
Bolsonaro, mesmo a caminho da cadeia, faz merchan de um produto que não combina com a sua figura de quase presidiário. E ainda aparece na capa de um dos principais jornais do país ao lado de Fernanda Torres e de Demi Moore.
E tudo isso acontece porque nada é mais pop hoje, nem o agro, do que o fascismo ostentação de Trump, Musk, Milei, Netanyahu, Bezos e do brasileiro imbrochável.
Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
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