Os rumores sobre a morte de Bolsonaro ainda são precipitados

A um só tempo, abandona o fracasso neoliberal e vira tocador de obras

Leonardo Attuch
Publicada em 25 de abril de 2020 às 11:43

Não vi o Jornal Nacional. Apenas li as mensagens, que foram repassadas pelo Moro. Mais cedo, escutei sua fala na demissão, em que ele disse que, depois de descansar, procuraria emprego.

A primeira coisa que me ocorreu foi: se você fosse um headhunter contrataria alguém que grava os e-mails do chefe para usar como prova e depois sai correndo para vazar parar o Bonner? (Cuidado, Doria, Witzel, Mourão... qualquer um que seja o contratante).

A segunda coisa que salta aos olhos é o diálogo com a Zambelli, em que ele diz que “não está à venda”, ao receber a proposta de aceitar um novo diretor da PF em troca da indicação para o STF. Sob medida para a construção do super-herói.

Minha percepção é: ao apostar que o governo Bolsonaro será marcado por depressão econômica e a catástrofe do covid-19, Moro fez um cálculo político e decidiu antecipar sua campanha presidencial de 2022, com apoio de uma Globo duramente atingida pela crise.

Bolsonaro percebeu a jogada e no seu pronunciamento desta sexta-feira pintou Moro como um político egoísta e ambicioso. Disse até que, se ele queria ser presidente, deveria ter sido candidato em 2018. Colou em Moro a pecha de concorrente e traidor.

O caminho natural para Moro é  filiar-se ao Podemos, de Álvaro Dias. Entrar no PSDB seria muito bandeiroso. E Bolsonaro, que ainda tem Record, SBT e talvez CNN, voltará a fazer lives nos próximos dias como se nada tivesse acontecido.

Com a pandemia, ele também terá a oportunidade de se livrar de Paulo Guedes e relançar o PAC, rebatizado como Pró-Brasil. A um só tempo, abandona o fracasso neoliberal e vira tocador de obras. Portanto, os rumores sobre sua morte são precipitados.

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