Outros criminosos sem mandato (e sem fuzil) podem esperar o mesmo destino de Jefferson
"Roberto Jefferson não tem escudos confiáveis em Brasília e sabe que será abandonado à solidão da companhia e das rezas de padre Kelmon", escreve Moisés Mendes
Roberto Jefferson tem um defeito insanável para figuras que desafiam, desqualificam e agridem instituições e autoridades. Jefferson não tem mandato.
Sem mandato e sem imunidade, fica complicado. O homem das granadas tem sido um extremista fracassado. Fracassou até ao tentar eleger deputada federal a filha Cristiane Brasil.
Não tem escudos confiáveis em Brasília e sabe que será abandonado à solidão da companhia e das rezas de padre Kelmon, se Lula for eleito.
Bolsonaro já deu avisos de que irá tratá-lo como alguém que não foi nem ex-aliado. E que pode aparecer falando bem de Zé Trovão, porque Zé Trovão se elegeu deputado federal.
Mas não vai mais falar de Jefferson. Se continuasse fumando, Jefferson não receberia de Bolsonaro nem mesmo um maço de cigarros na cadeia.
Logo depois do atentado, Bolsonaro avisou em live providencial que não tem fotos ao lado de Jefferson. Mas tem. Disse que Jefferson não tem participação em sua campanha. Mas teve.
O padre Kelmon, que tentou desestabilizar Lula no debate na Globo, é laranja e subalterno de Jefferson e trabalhou para Bolsonaro para cutucar Lula. Há imagens dessa interação. Mas Bolsonaro não teme os ressentimentos de Jefferson.
Se Bolsonaro for derrotado domingo, Jefferson não será mais nem mesmo um Allan dos Santos, que tem proteção da família nos Estados Unidos. Muito menos um Daniel Silveira. Sua situação é pior do que a de Fabrício Queiroz.
Queiroz não jogou granadas em policiais federais e anda calado, depois de também fracassar na tentativa de obter um mandato na Câmara.
Na escala da chinelagem bolsonariana, Jefferson está há muito tempo no nível de uma Sara Winter. Sara saltou fora e mudou de vida ao ser presa e perceber que seria abandonada pela família.
Agora, é pensar nos outros. E outros que não chegam a usar fuzis e granadas, mais por covardia do que por não terem um arsenal desses em casa, podem se preparar.
Dependendo do estrago do atentado na campanha, se Bolsonaro for avariado a partir do que as pesquisas mostrarem nos próximos dias, outros agressores das instituições e da democracia devem começar a agendar rendições.
Até agora, as ações do Supremo, por ataques à Casa e a ministros específicos, só pegaram coadjuvantes do fascismo. Não há entre os alvos do STF ninguém do primeiro time.
Mas será preciso pegar gente graúda, com protagonismo. Moraes cuida no Supremo do inquérito que mais preocupa Bolsonaro, o das milícias digitais.
Dois filhos de Bolsonaro têm mandato e imunidade, Flavio e Eduardo. Mas o vereador Carluxo está desprotegido. Assim como não têm proteção os empresários financiadores das milícias, aos quais a família deve favores impagáveis.
O STF sabe que operadores, disseminadores e financiadores de fake news não poderão ficar impunes.
Se ficarem, o Supremo terá fracassado na sua mais importante investida contra a estrutura montada dentro do governo para mentir, difamar, atacar o STF e conspirar contra a democracia.
Podem não dar em nada os pedidos de indiciamento da CPI da Covid que sesteiam em gavetas do Ministério Público sobre as máfias da vacina na pandemia.
Envolvem gente sem foro privilegiado. São mais de 60 pessoas apontadas no relatório da CPI, todas com vínculos diretos com o bolsonarismo civil e militar.
Podem fracassar até as investigações contra os oito tios milionários do zap que pregavam o golpe. Mas o inquérito das milícias não poderá frustrar quem espera respostas efetivas da Justiça.
E aí teremos, em algum momento, não mais por ação preventiva, mas por julgamentos e condenações, outros similares a Roberto Jefferson sendo convidados a se entregar.
A resposta a quatro anos de terror, que envolvem gente mais poderosa do que Jefferson, passa pela reparação a ser oferecida pelo inquérito das milícias.
Outra solução contemporizadora, que possa livrar milicianos digitais e seus financiadores de punição, seria uma tragédia para a democracia e para o Supremo.
Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
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