Pacientes de cirurgia bariátrica precisam de suplementação

A falta de suplementação após a cirurgia bariátrica pode causar anemia, osteoporose e desnutrição proteica

Fonte: Da redação/Foto: Freepik - Publicada em 28 de outubro de 2024 às 11:55

A alimentação após a cirurgia bariátrica é uma etapa que requer atenção a alguns detalhes para garantir uma boa recuperação e evitar complicações. Os pacientes precisam seguir uma série de recomendações e adotar uma dieta regrada e também o uso de suplementos alimentares para repor nutrientes importantes.

Segundo especialistas, a suplementação de substâncias como vitaminas, magnésio e coenzima Q10 são fundamentais para suprir as necessidades nutricionais e garantir o funcionamento do organismo, já que, com a redução da capacidade do estômago, a quantidade suficiente de nutrientes costuma ser obtida por meio da alimentação.

No Brasil, entre 2015 e 2023, o número de cirurgias bariátricas passou de 28,4 mil em 2015 para 52,4 mil em 2023, representando uma alta de 84,3%, conforme dados do estudo especial do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Segundo o Ministério da Saúde, esse tipo de procedimento visa ajudar pessoas com obesidade mórbida a emagrecerem de maneira segura e eficaz.

Cirurgia bariátrica e suplementação

Conforme explica o Ministério da Saúde, a cirurgia bariátrica é um procedimento que muda a forma original do estômago e reduz sua capacidade de receber alimentos, dificultando a absorção de um número exagerado de calorias. Enquanto uma pessoa não operada tem espaço para consumir aproximadamente de 1 litro a 1,5 litros de alimentos, a pós-bariátrica tem capacidade para de 25 ml a 200 ml.

Ainda de acordo com a entidade, o procedimento também afeta a produção do hormônio da saciedade, diminuindo a capacidade de comer e auxiliando no processo de emagrecimento. Por conta dessas questões, a alimentação pós-cirurgia acaba sendo regrada, o que por sua vez diminui a absorção necessária de nutrientes.

De acordo com a Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (ASMBS), todas as pessoas que passaram pelo procedimento precisam realizar algum tipo de suplementação vitamínica e mineral, justamente pela absorção reduzida de nutrientes por meio da alimentação.

As necessidades nutricionais devem ser sempre mantidas para evitar problemas mais sérios à saúde. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e a Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) promovem uma série de debates que visam a conscientizar a importância da suplementação em pacientes bariátricos.

Conforme explicam as organizações, algumas técnicas que ocorrem na modificação anatômica do trato digestivo comprometem a absorção de nutrientes de tal forma que tornam a suplementação necessária para a vida toda do paciente.

Por esse motivo, os pacientes bariátricos devem sempre manter o acompanhamento médico e nutricional para realizar exames e saber qual a deficiência nutricional em questão. Além disso, com o crescimento no mercado de suplementação, os profissionais também podem ajudar com indicações, apontando para o paciente, por exemplo, qual é o melhor magnésio quelato para consumo.

A suplementação é necessária em todos os casos, mas segundo pesquisas, a necessidade nutricional pode variar de pessoa para pessoa. O documento “O pós-operatório da cirurgia bariátrica: um guia para resolver as principais dúvidas dos pacientes” elaborado pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) lista os suplementos mais comuns, sendo eles whey protein, albumina, ferro, cálcio, vitamina D e vitaminas B12, B1 e B6. Além disso, também foram citados polivitamínicos contendo zinco, cobre, folato, selênio e vitaminas A, E, K e C.

Riscos da falta de suplementação

Ainda conforme a SBCBM e a Abran, se a suplementação adequada não for seguida, pode haver aumento de chances de anemia, osteoporose e desnutrição proteica. Já o estudo “Considerações nutricionais para cirurgia plástica em paciente após cirurgia bariátrica” publicado na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, destaca que as consequências podem ser mais significativas. Em alguns casos, os pacientes desenvolvem uma deficiência nutricional tão intensa que o risco de morbidade e mortalidade pós-operatória é aumentado.