Palitot faz viagem histórica em solenidade
O mais antigo periódico de circulação contínua e ininterrupta em atividade no Estado, o Jornal Alto Madeira, celebra seu centenário.
Uma grande festa marcou o centenário do Jornal Alto Madeira na noite deste sábado (15), na Casa de Cultura Ivan Marrocos, Em Porto Velho. Um Coquetel, O lançamento do selo comemorativo, do carimbo alusivo ao centenário e uma exposição da história do Jornal, que se mescla à do próprio Estado abrilhantaram ainda mais a ocasião. Convidado para conduzir os candidatos nesta viagem no tempo, o historiador Aleks Palitot deu uma aula de conhecimento sobre nossas raízes.
Eram por volta das 20 horas quando o pano preto que cobria a entrada da galeria foi retirado encerrando o clima de suspense que pairava no ambiente. Na parte Interna diretores do Jornal e equipe de apoio. Andando singelamente, Palitot se aproximava da entrada para recepcionar os convidados, admirados com o que viam.
Tinha início o espetáculo do cores, formas e lembranças de uma época antiga. Um verdadeiro feito para aquele período havia sido a fundação do Jornal Alto Madeira que como falava em seu slogan trazia notícias de Humaitá e de todo o Território até Mato Grosso.
Um grande passo de fé e coragem de empreendedores que viram no iniciativa a oportunidade de não apenas revolucionar a comunicação à época, como ter “o jornal como o veículo forte pujante e útil”, lembra Luiz Tourinho.
Escola de jornalismo
Os principais repórteres do Estado tiveram sua passagem registrada por aquela redação. Por gerações o Alto Madeira ditou assuntos e tendências, sempre respeitando o pensamento regional, abrindo espaço para discussões e primando pelo mútuo respeito. Princípios basilares que regem a profissão.
Nestes cem anos, o jornal superou muitos desafios. A constante inovação tecnológica foi um a ser superado. A era dos sites e androides transformou novamente a forma de se pensar e fazer comunicação. Um dos principais debates se refere a extinção dos jornais impressos.
De acordo com o atual editor do Alto Madeira, Lucio Albuquerque, “quando se fala de acabar o jornal nesse tempo lamento a qualidade com que se produzem os conteúdos”, reflete. “Sou de uma geração em extinção que lia muito e discutia muito”, conta o jornalista nos autos dos seus 75 anos, ainda atuante.
“Antigamente, saiamos do trabalho para discutir economia e política e hoje isso não existe mais. Não sou contra a modernidade, mas hoje os sites perderam muito. Você abre um e vê só notícia de violência e sangue, não há compromisso com o jornalismo, com a informação”, alfineta o editor chefe, “é uma atividade extremamente intelectual, é preciso ler”, alerta.
Segundo Valbran Junior, chefe do Condecom, o Alto Madeira é referência em jornalismo no Estado, seu centenário é muito significativo ainda mais por ser um impresso. “Todos os ilustres passaram por lá, Paulinho Correa, Ciro Pinheiro e Ivan Marrocos um dos principais editores que inclusive empresta seu nome pra essa galeria, entre tantos outros. É emocionante falar desse jornal cujo fui parte desta história, foi onde comecei a escrever em 87/88 as notícias do cotidiano na editoria de cidades. Na época começavam em Porto Velho a efervescência dos sindicatos como o Sintero, Sindsef e Sinsepol, todos tiveram seus nascimentos registrados com amplo espaço e liberdade ideológica de escrever o que queríamos”, conta Valbran.
Exposição
A amostra contou também com a exposição do acervo de maquinários e jornais antigos. Durante a cerimônia foi assinado o termo de cooperação técnica do Governo do Estado, por intermédio da Sejucel que permitirá que a exposição fique aberta ao público.
Outro convênio assinado de grande relevância foi com a Biblioteca Nacional para a inserção das edições na Hemeroteca Digital Brasileira. Conforme a diretora do jornal, Liz Tourinho, “Essas foram formas que encontramos para agradecer, disponibilizando para a população, historiadores, pesquisadores e estudiosos da história de Rondônia a nossa caminhada que sem qualquer dúvida se confunde com a da nossa terra”.
“O Alto Madeira é patrimônio imaterial e material de Rondônia. Ele, que na minha visão, tem como princípio a história e por fim a notícia. É um jornal que completa os seus cem anos deixando um legado e tenho a certeza que ele não vai se acomodar, vai seguir com as informações, as notícias sobre a história, a cultura, o esporte, a política, a economia de Rondônia avaliando sempre o fato por si só não apenas a notícia mas uma marca deixada por personagens protagonistas da história de Rondônia”, afirma Palitot.
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