Sobrecarga mental, falta de reconhecimento e sensação de fadiga são sensações que impactam diretamente no desempenho de qualquer profissional. Na saúde, no entanto, a pandemia da COVID 19 acentuou ainda mais o cenário de sobrecarga entre na área da enfermagem – auxiliares, técnicos e enfermeiros --, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG). Foram ouvidos 1.484 profissionais de seis instituições de saúde, públicas e privadas, nos Estados do Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo (SP).
Os dados da pesquisa mostram que o sentimento de baixa realização profissional chega a 69,1% dos entrevistados. Esse quadro, somado à pressão da atividade, aumentam também a incidência de risco de burnout relacionado à exaustão emocional e despersonalização no ambiente de trabalho, aspectos que atingem em torno de 18% dos profissionais. A despersonalização é um tipo de distúrbio mental que gera um sentimento de desconexão entre o corpo e os pensamentos.
O estudo resultado da pesquisa, com o título “Análise do ambiente de trabalho e burnout entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem em instituições brasileiras”, de autoria dos avaliadores do IQG, Lucianna Reis Novaes, Michel Mattos de Barros e Fabrício dos Santos Cirino, foi publicado no Asploro Journal of Biomedical and Clilnical Case Reports.
“Qualquer erro na área de saúde pode ser traumático ou irreversível, não só para o paciente como para o profissional da saúde. Todo esse nível de desgaste emocional dos profissionais de enfermagem aumenta uma preocupação cada dia maior com o adoecimento mental dos trabalhadores”, revela a CEO e sócia-fundadora do IQG, Mara Machado.
A pesquisa identificou contextos de frequente aparecimento do medo, da insegurança, da ansiedade, do temor de contaminação e de novas formas de trabalho, levando ao aumento da probabilidade a erros na assistência. “O ambiente de enfermagem no país está repleto de características que interferem negativamente no trabalho, como alta rotatividade, absenteísmo, duplo emprego, alta carga de trabalho, riscos ocupacionais, elevada carga mental e sofrimento pela morte de pacientes, entre outros”, comenta.
Para enfrentar o cenário de desgaste para os profissionais, a CEO do IQG destaca a necessidade de mudanças importantes no ambiente de trabalho, que passam por melhor divisão das definições sobre a disponibilidade dos recursos, além da assertividade das lideranças na definição das entregas que a equipe precisa fazer, voltadas à qualidade e à segurança no cuidado.
“Como em qualquer outra profissão, o reconhecimento e o desenvolvimento profissional são medidas essenciais para envolver os profissionais nessas entregas. É essencial a compreensão, frente a uma crise epidemiológica, sobre a importância do protagonismo da enfermagem, não apenas para um maior reconhecimento da categoria, mas para posicionar sua importância no âmago da gestão dos serviços de saúde”, aponta Mara.
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