Pesquisa com Ciro Gomes expõe o drama da direita
“Tentam ressuscitar figuras que já estavam fora do catálogo”, escreve o colunista Moisés Mendes
Ciro Gomes (Foto: Adriano Machado / Reuters)
É uma maldade o que o Instituto Paraná Pesquisas está fazendo com Ciro Gomes, com a cumplicidade de certos jornalistas. O Paraná sugere que hoje Ciro seria, com Lula e Bolsonaro fora do páreo, o único capaz de enfrentar todo o resto.
Perderia só para Michelle, num dos cenários, por 29,5% a 21,7%. E empataria com Tarcísio de Freitas, inclusive no dígito depois da vírgula, por exatos 27,8% para cada um.
O instituto tenta ressuscitar Bolsonaro (que venceria Lula num dos cenários e perderia em outro), às vésperas da denúncia de Paulo Gonet, e traz junto, no mesmo milagre, Ciro Gomes de volta. Quando Ciro já está até fora de catálogo.
Por que colocar o nome de Ciro em pesquisa numa hora dessas? A colunista Bela Megale, do Globo, largou na capa que ele é o cara. Publicou esse texto com jeito e cheiro de fake news:
“O nome que mais cresce nas pesquisas para Presidência sem Lula e Bolsonaro. O ex-governador Ciro Gomes (PDT) desponta como o nome que mais se beneficia nas pesquisas eleitorais para Presidência feitas em um cenário sem Lula e sem Jair Bolsonaro”.
Bela Megale usa o plural, referindo-se a 'pesquisas' que não existem. Ela mesma só cita o Paraná. Não se sabe de outra amostragem com Ciro Gomes protagonista além dessa do instituto paranaense.
Ciro não merece essa provocação para que volte a se inquietar. Raramente diz alguma coisa com algum sentido e não conta com o apoio político de mais ninguém, nem dentro do PDT. Ciro Gomes já é um perdedor compulsivo avulso.
Não deveriam mexer com suas dores e suas perdas, depois de quatro derrotas, de ter apenas 3,04% dos votos em 2022 e de brigar com meio mundo, com o irmão Cid, com deputados do PDT e com a alma de Brizola.
O PDT tinha 320 prefeituras no país todo e ficou com 151 na eleição do ano passado. No Ceará, onde os Gomes reinavam, caiu de 67 para cinco prefeitos. Ciro ajudou a fragilizar o PDT.
E agora aparece em pesquisa que, ao lado de outras invenções, tenta valorizar os espantalhos produzidos pela direita, os velhos e os novos.
Veja esse caso. Em recente levantamento da AtlasIntel, em que Lula vence nos dois cenários, os pesquisadores incluíram, entre Tarcísio de Freitas, Eduardo Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Pablo Marçal, Simone Tebet e Marina Silva, os nomes do lavajatista Sergio Moro e do cantor Gusttavo Lima.
Lula vence todos. Num dos cenários, Moro (União Brasil) tem 1,4% e Lima (sem partido) fica com 1,3%. Num segundo cenário, Moro chega a 4,6% e Lima tem 4,3%.
Sergio Moro veio até aqui para ser exposto ao vexame de empatar com o cantor que até a Globo, no desespero, decidiu testar. O chefe da Lava-Jato está sendo trocado por um sertanejo.
É esse o quadro pré-condenação dos golpistas. Tem gente de todo tipo no palco das pesquisas, e alguns já nem faziam parte do espetáculo. Não está fácil para a direita.
Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
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