Pesquisa destaca trajetória da pandemia em Rondônia em 40 semanas
O objetivo foi analisar o comportamento do Estado de Rondônia na busca de identificar algum padrão que permita intervenções dos serviços de saúde para reduzir seus efeitos
Foi publicado no último mês pelos professores doutores Tomás Daniel Menendez Rodriguez e Ana Lúcia Escobar, ambos membros da Fundação Universidade Federal de Rondônia, uma pesquisa com o título “A trajetória da pandemia por COVID-19. O que os números expressam na quadragésima semana da pandemia em Rondônia?”. O objetivo foi analisar o comportamento do Estado de Rondônia na busca de identificar algum padrão que permita intervenções dos serviços de saúde para reduzir seus efeitos.
De acordo com o estudo, foram utilizados os Boletins Diários da SESAU-RO para compilar todos os dados oficialmente registrados e divulgados e organizados por semana no período do primeiro registro da contaminação em 20 de março até o dia 24 de dezembro. Rondônia teve seu primeiro caso confirmado, praticamente três semanas depois que foi reportado o primeiro caso no Brasil. “Estava no imaginário de muitos, naquele momento, que a pandemia cursaria no Brasil de forma distinta do que vinha ocorrendo em outros países. Deveriam impactar variáveis como a localização geográfica (um país tropical), clima quente, densidade demográfica rarefeita e composição etária favorável, quando comparada aos países europeus. E que, na Amazônia e em Rondônia em especial, causaria algum dano, mas nada comparável ao que vinha sendo observado em países europeus. No entanto, a pandemia rapidamente se alastrou, atingindo de forma expressiva os Estados da Região Norte, e as teorias tropicalistas caíram por terra dando espaço à realidade dos efeitos que seguem até os dias atuais”, ressaltaram os pesquisadores.
Todos a tratavam como uma doença de viajantes, que chegava de avião. E as expectativas eram de que rapidamente seria contida e não ocasionaria grandes problemas, em especial para os serviços de saúde do Estado e dos municípios. “O governo do Estado se antecipou ao problema e decretou uma série de medidas de isolamento social, fechando as atividades não essenciais, incluídas aí as escolas (DECRETO Nº 24.887, DE 20 DE MARÇO DE 2020). E iniciou um lento processo de estruturação da rede hospitalar, centrado na disponibilidade de leitos de UTI”, recordou a também conselheira do Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero), Dra. Ana Lúcia Escobar.
Comportamento da população
O estudo considerou que durante as quarenta semanas as campanhas midiáticas, fizeram o apelo para a população quanto a permanecer em casa, mas por outro lado, não houve ação do poder público em assumir suas responsabilidades determinando medidas restritivas, de aglomeração e movimentação das pessoas. “Aparentemente, não há nada a fazer para evitar que as pessoas adoeçam e morram. No entanto, medidas concretas voltadas para o fortalecimento da Atenção Primária, com envolvimento das Equipes da Estratégia da Saúde da Família, devem ser priorizadas, e discretamente vemos isso ocorrendo em praticamente todos os municípios. É necessário o envolvimento delas na identificação de casos suspeitos, nos procedimentos de confirmação de casos, seja por exames laboratoriais ou por outro critério de confirmação de casos, além de isolamento dos casos confirmados e investigação de seus contatos. Só assim será possível conter a disseminação da doença”, afirmou a Dra. Ana Lúcia Escobar.
Considerações do estudo
A vacinação já iniciou, mas ela não substituirá os cuidados básicos e imprescindíveis, conforme reforçou a Dra. Ana Lúcia Escobar, como uso frequente de máscara e higienização das mãos, distanciamento físico de pelo menos 1,5 metro, isolamento respiratório domiciliar desde o 1º dia de sintomas suspeitos de Covid-19 (devendo apenas procurar atenção médica para o diagnóstico correto não devendo de forma alguma se automedicar), evitar aglomerações e manter os ambientes arejados e ventilados.
Por fim, permanece ainda a preocupação dos autores do estudo com o que eles consideram de falta de envolvimento das autoridades locais e estaduais com a adoção de medidas concretas que assegurem o distanciamento social e aquelas que assegurem a assistência adequada na rede assistencial, incluindo insumos e equipamentos. “Entre idas e vindas, um novo decreto tem sido cumprido desde o dia 17/01. De fato, não chegamos ainda ao momento de relaxar as medidas de distanciamento entre as pessoas e muito menos as de higiene e etiqueta respiratória, recomendadas pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde. Trata-se de evitar que pessoas adoeçam e morram. É necessário persistirmos em ações mais firmes”, concluiu Dr. Tomás Daniel Menendez Rodriguez.
Para quem desejar ler na íntegra o trabalho, ele está disponível no link http://www.coronavirus.unir.br/noticia/exibir/14607.
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