Por uma legislação específica contra as fake news - 3
"O Brasil não pode conviver eternamente com dois mundos - um real, outro fictício, paralelo, forjado por estrategistas de extrema direita"
Em 9 de janeiro e em 10 de abril últimos a coluna trouxe nossa opinião em favor de uma legislação específica que coíba e puna com rigor fake news. Na última vez, o que nos motivou foi a conduta do bilionário e cínico Elon Musk em afronta ao Judiciário brasileiro e à soberania nacional. Agora, pela terceira vez, estamos obrigados a cobrar uma lei nesse sentido. O que pode ser mais grave do que notícias forjadas que sabotem ações de socorro a pessoas vitimadas por uma catástrofe climática? Até quando as hordas bolsonaristas contarão com a frouxidão legal para colocar vidas em risco, a exemplo do que fizeram com esmero durante a pandemia de Covid 19?
Já se sabe que noticias falsas sobre a tragédia gaúcha foram vistas mais de 13 milhões de vezes na internet. Os mentirosos estão no Congresso Nacional, protegidos pelo mandato. Sabotadores como Filipe Martins (PL-TO), Gilvan da Federal (PL-ES), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Caroline de Toni (PL-SC), General Girão (PL-RN), Coronel Assis (União-MT) e Coronel Ulysses (União-AC) não têm pudores de usar o microfone parlamentar para lançar fakes. O governo pediu à Polícia Federal abertura de inquérito contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e o influenciador Pablo Marçal por manifestações criminosas sobre as enchentes do Sul.
É gente do mal, capaz de dizer que o governo cobrará imposto sobre doações em dinheiro ao Rio Grande do Sul e multará barcos e jet skis de pilotos sem habilitação que estejam atuando no salvamento de pessoas ilhadas. Há coisas ainda mais aberrantes.
O Brasil não pode conviver eternamente com dois mundos - um real, outro fictício, paralelo, forjado por estrategistas de extrema direita dedicados a promover o caos e a caluniar governos democráticos. A ordem de escandalizar qualquer ato político-administrativo banal e classificá-lo como corrupção, ao estilo da Lava Jato e das “denúncias” que resultaram no impeachment de Dilma Rousseff, hoje dá lugar a um comportamento ainda mais grave: as fakes sabotam ações de defesa civil e saúde pública.
Não bastasse o horror que as fakes news aprofundam no Rio Grande do Sul, registra-se a menor adesão da História recente às campanhas de vacinação no país, consequência do movimento antivacina deflagrado por Jair Bolsonaro e sua corja negacionista durante a pandemia.
Uma lei dura que tratasse exclusivamente da disseminação de notícias falsas não sanaria o problema, presente no mundo todo, pois no mundo todo está vivo e ativo o marketing de extrema direita concebido por Steve Bannon, mas seria um contendor importante desse movimento anticivilização. Já passou da hora.
Paulo Henrique Arantes
Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”. https://noticiariocomentado.com/
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