Propina pagou advogado e  férias de Cassol  e  família nos Estados Unidos, diz delator;  senador já reclamou que político ganha pouco

Cassol é um dos dez políticos mais ricos do Congresso. Sua fortuna declarada em 2011, o ano de suas férias nos Estados Unidos,  era de R$ 30 milhões.

Da reportagem do Tudorondonia
Publicada em 16 de abril de 2017 às 02:06
Propina pagou advogado e  férias de Cassol  e  família nos Estados Unidos, diz delator;  senador já reclamou que político ganha pouco

Além de Maçaranduba, a outra alcunha de Cassol nas planilhas de propina da Odebrecht era Nova York, codinome que alude à viagem de férias do senador e da família aos Estados Unidos, tudo pago com dinheiro de suborno, segundo depoimento de delator

Na planilha de propinas da Odebrtecht pagas aos políticos, o senador Ivo Cassol (PP) tinha dois codinomes. Um era Maçaranduba, apelido com o qual é acusado de ter recebido R$ 2 milhões em suborno da empreiteira quando ainda era governador de Rondônia, tudo para não atrapalhar o projeto de construção da Usina de Santo Antônio. O outro, sabe-se agora, era Nova York. A afirmação consta do depoimento do   executivo Henrique Valadares, um dos delatores da Odebrecht,  à Operação Lava Jato .

Segundo ele, com este  codinome (Nova York), o senador foi agraciado pela Odebrecht com quase 60 mil dólares, o custo de suas férias e da família nos Estados Unidos em 2011. As férias de Cassol e da família duraram duas semanas, tudo pago com dinheiro de propina, segundo a narrativa. Foram exatos cinquenta e nove mil , novecentos e oito dólares e  94 centavos para passagens, diárias e "um dinheiro para as despesas".  

Cassol é um dos dez políticos mais ricos do Congresso. Sua fortuna declarada em 2011, o ano de suas férias nos Estados Unidos,  era de R$ 30 milhões. Mas ele também é conhecido por ser um notório pão duro.

"POLÍTICOS GANHAM MAL"

Em março de 2012, em entrevista à Agência Globo, o senador reclamou que "o político no Brasil ganha mal". Ele defendia, na ocasião, o pagamento de 14º  e 15º salários para deputados e senadores. Cassol reclamava  que ganhava  pouco.

- O político no Brasil é muito mal remunerado! Tem que atender o eleitor com pagamento de passagens, remédio, é convidado para patrono e tem que pagar as festas de formatura porque os jovens não tem dinheiro - disse Cassol.

Ao ser questionado que esse papel de atender aos carentes é do Estado e o político o faz por troca de votos, ele reagiu:

- Se for alguém bater na sua porta pedindo uma Cibalena você vai negar? O político não faz isso só por barganha de votos. Eu faço por uma questão humanitária. Tenho certeza que uma zeladora aqui da Casa (Senado) ganha muito mais que vocês jornalistas.

PROPINA DE R$ 2 MILHÕES

Além do mimo representado pelas férias, Cassol também é acusado de ter recebido R$ 2 milhões de reais em suborno para não atrapalhar a construção da Usina de Santo Antônio. Depois de receber a propina, conforme o relator, ele tornou-se "garoto propaganda da Odebrecht".

ADVOGADO

Em depoimento, Henrique Valadares citou pagamentos ao codinome "advogado". Segundo o delator, houve um "compromisso" assumido por um executivo da empresa com o ex-governador Ivo Cassol  "do pagamento do advogado" que o defendia.

“É que nem o Renan (senador Renan Calheiros), tem uma cacetada de processo nas costas. Um deles, recentemente, causou o afastamento dele”, disse. “Pagamos também, o cara não queria receber em nome da Odebrecht. Pagamento de serviço prestado, na realidade ele estava prestando serviço ao governador. Nem nós queríamos que isso acontecesse. Pagamos diretamente dessa forma.”

Valadares declarou que o pagamento "não foi tão expressivo".

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