Protesto na UNIR por novas formas de ingresso
Em Nota Pública divulgada no protesto, dizem “há anos denunciam a usurpação das cotas destinadas a pretos e indígenas em virtude da falta de bancas de heteroindentificação”
23 DE NOVEMBRO: INDÍGENAS E ESTUDANTES ORGANIZAM PROTESTO NA REITORIA DA UNIR POR NOVAS FORMAS DE INGRESSO
RECADO DADO: Em data que marcou os 10 anos da vitoriosa grave da UNIR de 2011, Organizações Indígenas, de pessoas trans, quilombolas e entidades estudantis denunciam que a UNIR desrespeitou discussão do Movimento Indígena e Movimento Estudantil. O protesto iniciado na escadaria se estendeu até o gabinete da reitora. Manifestantes entoavam a canção: “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro”. E, em vigorosa ação, adentraram a sala da reitoria com combativas palavras de ordem e forçaram uma reunião.
O ato foi chamado pelo Diretório Central dos Estudantes – DCE/UNIR; movimento Organização dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e Sul do Amazonas – OPIROMA; Movimento dos Estudantes Indígenas de Rondônia – MEIRO; Centro Acadêmico Indígena Intercultural – CAII/UNIR-Ji-Paraná; Organização dos Professores Indígenas de Rondônia e Noroeste do Mato Grosso– OPIRON; Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia – AGIR; Associação do Povo Indígena Karitiana AKOT PYTIM Adnipa – APK; Associação do Povo Indígena Karipuna; Coletivo Mura de Porto Velho; Associacao Indigena Karo Paygap; Associação do Povo Indígena Amondawa; Núcleo de Diversidade e Inclusão; SOMAR; Executiva Rondoniense de Estudantes de Pedagogia – ExROEPe; Comunidade Cidadão Livre – COMCIL; Grupo Apoio e Diversidade – GAD/Porto Velho.
Na manhã do dia 23 de novembro, as escadarias da UNIR receberam um protesto que reuniu indígenas, pessoas trans, quilombolas e estudantes para protestar contra a publicação de uma Portaria (Portaria nº 658/2021/GR/UNIR, de 04 de novembro de 2021, publicada no Boletim de Serviço nº 86, de 04/11/2021) nomeando uma comissão para fazer o que os indígenas e outros segmentos já haviam feito coletivamente e encaminhado em texto à UNIR. A proposta elaborada pelos movimentos tomou a forma de Resolução encaminhada aos Conselhos Superiores. Os manifestantes exigiam da Reitoria da UNIR explicações. Em Nota Pública divulgada no protesto, dizem “há anos denunciam a usurpação das cotas destinadas a pretos e indígenas em virtude da falta de bancas de heteroindentificação”. A mesma nota também denuncia: “Queremos ingressar não no que restar de vagas não preenchidas, não para fazer o favor de ocupar assentos para os cursos não fecharem; queremos uma banca formada por membros indicados pelos movimentos, pelas lideranças constituídas historicamente nas lutas concretas e não por oportunistas da academia que se dizem defensores de nossas causas.”
Considerando que as organizações indígenas já haviam enviado documento à reitoria e não obtiveram qualquer resposta, as organizações convocaram os participantes do ato, a adentrar o prédio da reitoria da UNIR e ocupar o gabinete da Reitora. A reitora, obrigada a receber os manifestantes que se dirigiram a seu gabinete passou a escutar as inúmeras denúncias de lideranças indígenas, negras e pessoas trans. Destacaram-se na denúncia as intervenções de estudantes e professores indígenas que denunciaram situações que caracterizavam discriminação existente na Universidade, da parte de professores e funcionários. Ainda sobre as exigências, a nota pública lida à reitora da Unir, Professora Marcele Pereira, trazia esta indignação: A Reitoria da UNIR atacou nossos Direitos e nossa dignidade ao publicar, na calada da noite, a PORTARIA Nº.632/2021/GR/UNIR, de 21 de outubro de 2021, não levando em consideração todo um histórico de luta por parte dos estudantes indígenas, professores, lideranças indígenas, movimento indígena, Associação das Mulheres Indígenas, DCE, pessoas trans, quilombolas, camponeses, que lutam para democratização das vagas nos cursos de graduação. As vagas devem ser preenchidas por quem de fato e de Direito tenham pertencimento aos grupos acima mencionados e não indivíduos que se apropriam de uma identidade somente para ocupar a vaga de um curso superior.
O DCE e a Executiva Rondoniense de Estudantes de Pedagogia, estão articulados ao movimento indígena e ao movimento dos estudantes indígenas na luta pelas suas pautas. O protesto também colocou na ordem do dia a denuncia contra o ensino hibrido e a BNC. Conforme o coordenador do DCE “Não permitiremos que a Resolução 02/CNE/2019, a BNC, seja implantada na UNIR, assim como não aceitaremos o ensino híbrido que está sendo imposto pelo MEC. Vamos defender a universidade e o nosso direito a uma educação de qualidade com unhas e dentes! Vamos derrubar as portas da universidade para que entrem os indígenas, os quilombolas, as pessoas trans, os quilombolas e todos os historicamente excluídos. A UNIR é nossa, a UNIR é do povo!
A luta foi vitoriosa. A Reitoria revogou a Portaria que criava uma comissão ilegítima, denunciada no protesto e se comprometeu a apoiar e dar prosseguimento ao processo de aprovação da proposta de resolução construída coletivamente pelos movimentos. Os manifestantes, sobretudo os indígenas e estudantes, destacaram que estão prontos para a luta e para a mobilização para garantir suas reivindicações e ameaçaram: estamos dispostos a realizar outras manifestações e até ocupar essa reitoria, seguindo o exemplo de 2011! Após o ato, um balanço foi realizado por manifestantes para apontar os novos passos a se dar em torno de sua luta.
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