Quando as autoridades não se importam mais com o escracho

Como tantos outros brasileiros, o colunista também acompanhou o depoimento de Lula perante o juiz Moro.

Gessi Taborda
Publicada em 11 de maio de 2017 às 15:19

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FILOSOFANDO

Há três tipos de governo: o que faz acontecer, o que assiste acontecer e o que nem sabe o que acontece.” GEORGE SANTAYANA (1863/1952), filósofo, poeta, ensaísta e romancista nascido na Espanha e falecido em Roma, Itália. Ajudou financeiramente muitos escritores, incluindo Bertrand Russel.

VISIVEL SOLIDÃO

Como tantos outros brasileiros, o colunista também acompanhou o depoimento de Lula perante o juiz Moro. Não foi fácil atentar para detalhes de um depoimento onde o réu fez toda sorte de piruetas para transformá-lo em mais um capítulo político para encantar petistas. Na opinião do colunista, ao final sobressaiu-se o personagem de fisionomia conturbada, expondo uma visível solidão, típica de quem espera ser abatido no final da história.

NERVOSISMO

Lula tomou litros de água durante o depoimento. Cofiava sempre barba e bigode numa demonstração de desconforto para enfrentar as perguntas do Juiz Sérgio Moro. Manteve – como já era esperado – a mesma tática de sempre de ressaltar sua “inocência” (sem escapar das contradições), considerando-se “vítima de uma caçada judicial”.

Daí o esforço em todos os momentos para abusar dos superlativos: o presidente mais perseguido da história; o presidente que mais fez pelos pobres; o mais honesto, o mais desapegado, o mais sincero, o mais amigo. Uma clara manifestação de quem se acha acima das investigações e do julgamento da própria (quem tem de julgar é o povo!).

PASMOS

O ex-presidente fez-se de desentendido na maior parte do tempo do depoimento. Certamente deixou pasmos a todos nós quando afirmou reiteradas vezes que não sabia o que acontecia na Petrobrás, nas licitações, nos repasses das empreiteiras, nos desvios de verbas, no enriquecimento ilícito dos seus “cumpanhero”… tudo isso enquanto foi presidente e também após deixar o cargo – mas umbilicalmente ligado ao seu partido e à sua sucessora, a governante “impichada”.

NO COLO DE MARISA

Para tirar o seu da reta, quem entrou na dança foi dona Marisa, a finada. A ela se atribuiu a responsabilidade pelo interesse no tríplex e as tratativas para adquiri-lo. Ela, logo ela, coitada, que “nem gostava de praia” (as fotos do casal nas praias de propriedade do governo federal não apenas desmonta como tornam ridícula a afirmação).

Tudo foi lamentável. Até a exigência dos advogados do petista, para que ele fosse tratado pelo Juiz Sérgio Moro de “ex-presidente” – como se isso representasse algo, pois quem foi, já era!

PRAÇA VAZIA

O tão esperado gran finale, o comício de Lula aos simpatizantes na Praça Santos Andrade, equivaleu a seu atestado de óbito e do partido que comanda e personifica (“não tenho influência sobre o PT”, disse a Moro): onde estava a “onda vermelha” ou o “exército vermelho” disposto a dar a vida ao líder? As imagens mostraram uma praça vazia...

O PT tem 1,8 milhão de filiados e sequer foi capaz, apesar de financiar a viagem de seus militantes, de lotar a praça. Quando muito, sete mil estavam lá, estima a Secretaria de Segurança Pública.

E mesmo esse número é exagerado se confrontado com o número de ônibus que conduziram a comitiva: multiplicando-se por 40, que é a capacidade máxima de cada veículo, temos dá aproximadamente 2 mil pessoas.

BABOSEIRA

No discurso, Lula repetiu a cantilena sobre sua inocência e perseguição e jurou estar sendo honesto diante de seus seguidores, pois, do contrário, “não seria merecedor do carinho de vocês”. E desafiou: “Se estiver mentindo, que um ônibus me atropele!”

Um desafio com a mesma consistência que garantia de que jamais pediu “cinco, dez centavos” a qualquer empresário, e esta talvez seja a única verdade que tenha dito em sua vida pública: o que recebeu dos empresários, que beneficiou por meio de ações escusas, são dezenas de milhões de reais. Como é que um cidadão destes chegou ao mais alto patamar político no Brasil? Como? Como?

POTENCIAL

Profissional conceituado do setor de imóveis em Rondônia deu uma declaração otimista para esse segmento que, aparentemente, ainda está longe de se recuperar da crise, após o “boom” das hidrelétricas. Para esse empresário – que atua também fora de Rondônia – “há um grande potencial de crescimento” dos negócios imobiliários no estado, “ainda muito carente de projetos, principalmente os voltados para as classes média e média-baixa”. Para esse profissional – que preferiu não ser identificado – é preciso avaliar “a crise com otimismo”.

PONDO FOGO

Como não pode disputar outra reeleição, o governador Confúcio Moura (interessado em disputar uma vaga para o Senado) está botando fogo na pré-campanha do deputado e presidente da Assembleia, Maurão de Carvalho, para substitui-lo no comando do Estado. Dizem que por ser o grande incentivador do projeto político do presidente da Assembleia, o governador acaba de ser escolhido por Maurão para receber homenagem do Legislativo a ser agendada para breve. E assim, Confúcio hoje na alça de mira do STJ, vai ser festejado pelos parlamentares como (rá,rá,rá,rá,rá!) um grande governado no âmbito brasileiro.

PANELA VELHA

Sérgio Reis (que é deputado federal) fez enorme sucesso com sua música que dizia que “panela velha é o que faz comida boa”. Tem lógica. Pelo menos é o que os “potins” da Europa andam afirmando. Eles atribuem como fator do grande de Emmanuel Macron o fato do novo presidente francês ser casado com uma mulher 25 anos mais velha, Brigitte. O casal incomum chamou atenção. E sua singularidade foi percebida como expressão de diversidade e modernidade.

ESSE É O MAL

Uma fonte do MP comentou ontem, sobre a revelação de que a Assembléia está gastando uma fortuna para promover uma banda de rock desconhecida (Versalles), dinheiro do contribuinte: “O mal da direção da Assembleia a tomar decisões que parecem ser uma espécie de convicção de que ninguém mais se importa com os escrachos”.

Até o momento nenhum órgão responsável pelo controle externo dos gastos do dinheiro público se manifestou sobre as providências que certamente tomarão.

ERNESTO

Se o objetivo fosse verdadeiramente incentivar e promover a cultura e arte local, a Assembleia teria escolhido um grupo de verdadeiro valor artístico como o Ernesto Melo e “A Fina Flor do Samba”. Mas o jogo é outro, dai jogar grande numa banda que nem tem nome identificável. Afinal, o que seria “Versalles”? Um galicismo ou apenas a grafia errada de Versailles?

Comentários

  • 1
    image
    MOACIR FIGUEIREDO 11/05/2017

    QUEM SABE A TAL BANDA É DA LOCALIDADE DE 'VERSALHES", LUGAREJO BOLIVIANO DO RIO GGUAPORÉ, CONHECIDA PELA FABRICAÇÃO DE CHATAS (BARCOS) COM MADEIRA DE ITAÚBA.

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