Quando não se tem algo de substancial para o enfrentamento dos problemas estruturais da nossa sociedade
Há de se considerar ainda, ações fundamentais no combate a violência, como a formação educacional e o fomento a cultura, elos integrados na construção e na constituição de cidadãos e cidadãs.
Nessa perspectiva, melhor desviar a atenção dos verdadeiros e reais problemas que afetam a imensa maioria da população brasileira, mudando o foco da discussão, que enfrentá-los com competência, determinação e as ações necessárias que a intensidade dos desafios para superá-los impõe.
O problema da violência brasileira é uma questão gravíssima? óbvio que sim. Não dá para desconsiderar, as mais de 60 mil vítimas da violência no País, mortas anualmente, segundo o Atlas da Violência 2016.
Vamos resolver ou pelo menos minimizar essa situação, colocando mais armas nas mãos das pessoas? óbvio também que não. Combater a violência, é papel do Estado, com todo seu aparato policial e jurídico institucional, usando os órgãos de inteligência e dos mecanismos repressivos, que estão à sua disposição.
Uma falsa sensação
O cidadão que acredita estar mais seguro ao portar uma arma, na verdade, acredita numa percepção ilusória, uma sensação, que fica circunscrito, mito mais na esfera e ao nível do psicológico humano, que numa situação fática, objetiva.
Não é verdade que um marginal, ao escolher uma determinada pessoa, residência ou estabelecimento para cometer um delito, vá ser desencorajado, pela informação de que ali, alguém é portador de uma arma. O que motiva a sua ação, é o contumaz e aguçado desejo, de apropriar-se de algo que satisfaça ou preencha a sua carência material. Nesse estágio de compulsão, está determinado em efetivar o seu ato, seja em que situação ela ocorra. De outra sorte, o cidadão na rua, em sua residência, nunca fica em estado de vigília permanente, à espera de um assaltante, ou de algo semelhante. Nessas circunstâncias, sempre vai estar em desvantagem, em relação ao marginal que o assalta. Sem levar em conta que este, em sua franca atuação, premido por uma série de condicionantes, estará sempre disposto, levar até às últimas consequências seu intento, inclinado inclusive, a ceifar vidas de inocentes.
Então, essa segurança que uma significativa parte da população acredita alcançar com essa medida aprovada pelo governo, em elação ao porte de arma, não passa de uma falsa sensação, que não serve para combater coisa alguma, se não, de aumentar o potencial da violência no País, que já beira o limite do insuportável.
Numa situação real, é muito mais provável, as chances de uma vítima atacada por um delinquente, marginal, bandido, sair viva de uma ocorrência, se estiver desarmada, se de outra forma, possua uma arma.
Isso não se constitui em mera passividade, indiferença com o estado de violência crescente no País. Sem dúvida alguma, o estágio a que chegamos, certamente é de provocar indignação. Mas esta, deve ser convertida, em ações que leve às verdadeiras causas dessa situação.
Segundo o Atlas da violência 2016, o que faz o Brasil matar mais?
- “ A violência é um fenômeno social complexo, influenciado por diversos fatores. Segundo especialistas, as desigualdades econômicas e sociais estruturais, a criminalidade associada ao tráfico de drogas, a existência de grupos de extermínio, as práticas repressivas em detrimento das ações preventivas e de investigação, a violência policial e as altas taxas de impunidade da Justiça (somente 5 a 8% dos homicídios no Brasil chegam a virar processo criminal) são algumas explicações para as altas taxas do país.... “
Não se combate violência, atacando-a nos seus efeitos, mas buscando erradica-la levando em conta as suas principais causas. E as verdadeiras causas da violência, está afeta dentre outros aspectos, a dois fatores que reputo fundamentais a saber: a brutal concentração de renda, que por sua vez, gera um processo de desigualdade absurdo, que inexoravelmente, irá refletir nos diversos fatores descritos acima.
Há de se considerar ainda, ações fundamentais no combate a violência, como a formação educacional e o fomento a cultura, elos integrados na construção e na constituição de cidadãos e cidadãs.
Essas duas dimensões da condição humana, aliadas ao combate às desigualdades sociais, revestem-se em condições essenciais para a superação da violência que grassa em nossa sociedade.
Ressalta-se, que dados apontados nesse mesmo estudo do Atlas da violência 2016, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e pelo Foro Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), indicam, que o Estatuto do desarmamento, em vigor desde 2003, considerando o período entre 2011 a 2013, contribuiu para a diminuição de armas em circulação no território nacional, que de outra forma, levando em conta que 76% dos homicídios no Brasil, são cometidos com arma de fogo, teria contribuído para o aumento dos homicídios em igual período.
É nesse horizonte, que a medida incrementada pelo atual governo, no sentido de flexibilizar o porte de arma, se converte numa medida inócua, simplista, dado a complexidade do mapa da violência que se espraia em todo território brasileiro.
Há muito mais êxito em cultivar a paz, quando se é exemplo de vida, que cultivar a violência. Chico Xavier, Gandhi, Luther King, contribuíram muito mais para a construção de um mundo melhor, com os seus exemplos, pautados pela cultura da não violência.
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Comentários
Belíssima análise. Concisa, correta e educativa. Só os néscios acham que ter arma em casa reduzirá a violência. Os únicos ganhadores nessa "qüestão" da liberação da posse de armas de fogo são os fabricantes e vendedores de armas, além das ... funerárias.
Quem sabe o referido professor, deva realmente o ser de economia, pois de segurança ou violência não tem nada que possa ser entendido do que escreveu, o Sr dizer que o marginal tem carência material ? Pare de escrever besteiras.
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