Nos últimos dias, o Brasil registrou mais uma diminuição no número de casos de covid-19 e uma redução na média móvel no número de óbitos, que está abaixo de 400 óbitos. Entretanto, é preciso continuar os cuidados, pois a pandemia ainda não está sob controle.

O alerta é feito pela Profª Dra. Soraya Smaili, farmacologista da Escola Paulista de Medicina, que foi Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e é coordenadora no Centro de Saúde Global (CSG) da universidade e do Centro SOU Ciência, lançado em julho.

 “Um sentimento de maior confiança está se tornando mais presente, a sociedade começa a se soltar, atividades diversas ocorrendo e a vida social. Nos últimos dias a cidade de São Paulo flexibilizou totalmente a abertura de cinemas e teatros, não havendo restrições para o número de pessoas ou distanciamentos. O governo federal passou a anunciar os estudos sobre o fim do uso de máscara. São conquistas importantes, mas é preciso ter cautela. A pandemia ainda não está sob controle e é preciso continuarmos alertas. O Brasil ainda registra número de óbitos que não permite dizer que a pandemia está no final. Preocupa muito que os governantes estejam anunciando flexibilizações e festas”, afirma a especialista.

“Penso que ainda não é momento de relaxar as medidas de vigilância, pois ainda temos uma taxa de transmissão significativa. Não é possível dizer que a pandemia acabou e o mundo continua trabalhando para controlar a circulação do coronavirus e suas variantes. Enquanto o virus circular, haverá variantes. Além disso, a OMS não decretou o fim da pandemia. Vemos diminuições e aumentos de casos em diferentes lugares, há uma espécie de sincício. O mundo está globalizado, as pessoas transitam, não é possível ainda controlar a circulação. Por isso, temos que continuar com o uso de máscaras. Anúncios da retirada do uso de máscaras não ajudam neste momento”, considera também.

Segundo a Professora Smaili, o Brasil vive um momento de respiro, que é resultado principalmente da vacinação, que agora está ganhando um ritmo mais intenso e está chegando a 74% da população com uma dose e 50% da população com esquema vacinal completo. Além disso, a terceira dose passou a ser aplicada em idosos, imunossuprimidos e profissionais de saúde e a vacinação avança em jovens acima de 12 anos.

Uma pesquisa publicada nesta segunda feira mostrou que no Reino Unido está havendo novo aumento do número de casos, o que está sendo associado à retirada do uso obrigatório de máscaras. Este estudo reforça a importância de manter os cuidados.

Novos medicamentos

A Professora ressalta um aspecto positivo: a ciência está avançando no combate à pandemia. Há poucos dias, a Merck anunciou o sucesso dos dados clínicos do fármaco Molnupiravir, que poderá ser importante para o tratamento de casos sintomáticos de covid-19.

O medicamento atua na diminuição da replicação do vírus, que poderá levar a uma redução da carga viral em pacientes infectados, o que é fundamental para controlar a doença, sua transmissão e gravidade. O Brasil, por meio da Fiocruz, deverá participar das fases clínicas finais do estudo deste fármaco e em breve poderemos ter resultados promissores.

Novas vacinas também estão sendo estudadas, que poderão ser mais eficazes e com tempo maior de duração quanto à imunidade produzida.