Com o sistema AgroTag-Veg, desenvolvido pela Embrapa, o trabalho de restauração florestal em Rondônia ganha um forte aliado. A partir de agora, as informações deste processo no estado podem ser integradas ao banco de dados nacional, facilitando diagnósticos, tomadas de decisão para proposição de políticas públicas e a geração de cenários e tendências.
Também contribui para a criação de um ambiente para o intercâmbio de conhecimentos, avaliação e validação de tecnologias florestais que favoreçam os processos recuperação ambiental, ou seja, de conversão de áreas abandonadas e degradadas em áreas produtivas ou fornecedoras de serviços ambientais.
Este reforço está sendo possível por meio de parceria da Embrapa Rondônia com o Centro de Estudos (CES) Rioterra, pois estão atuando juntos para promover a adequação ambiental de propriedades rurais e o fortalecimento da cadeia de produção florestal e agropecuária do estado. Estas instituições têm objetivos convergentes e suas ações podem se complementar, beneficiando todo o setor produtivo, especialmente a agricultura familiar na Amazônia.
Neste sentido, equipes de extensionistas do setor de Recuperação de Áreas Degradadas e de técnicos do setor de Análise e Monitoramento da Paisagem do CES Rioterra participaram de um treinamento teórico e prático na Embrapa para o uso do sistema Agrotag-Veg. Além disso, dados de mais de dez anos de experiência em implementação de ações de restauração florestal do CES Rioterra integrará o banco de dados nacional do sistema.
Para a gerente de Tecnologias e Pesquisas da CES Rioterra, Fabiana Gomes, o AgroTag-Veg é uma ferramenta prática e acessível. Além da integração de dados, ela ressalta que o conhecimento gerado neste processo é valioso. “Vamos implementar o uso do AgroTag-Veg em propriedades onde já atuamos com recuperação florestal via Plano de Regularização Ambiental (PRA) do estado. Esta ação agrega a geração de conhecimento tanto do processo de regularização ambiental como de restauração florestal das propriedades. Somos a primeira instituição a utilizar este sistema em Rondônia e isso possibilita a geração e o compartilhamento de informações relevantes sobre o processo de restauração florestal que vai apoiar toda a cadeia que envolve o programa de regularização ambiental no estado”, destaca Fabiana.
Em Rondônia, estima-se que mais de 400 mil hectares de áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal (RL) precisam ser recuperados para atendimento ao Código Florestal, distribuídos em mais de 27 mil propriedades. Segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia, Henrique Cipriani, a diversidade de ambientes e estratégias de recomposição que podem ser utilizadas é grande. Ele conta que já existem muitos projetos de recomposição em andamento, mas as informações sobre sua eficiência são dispersas e não estão sistematizadas. Assim, o compartilhamento de experiências, que seria benéfico para a cadeia de restauração florestal como um todo, é dificultado, bem como o uso dessas informações pelo órgão ambiental fiscalizador e pela sociedade em geral.
Com o uso do sistema AgroTag-Veg o pesquisador afirma que é possível integrar esses dados, tornando o trabalho mais eficiente. “O maior benefício em se utilizar este sistema é a padronização e o compartilhamento dos indicadores a serem utilizados para avaliação do processo de recomposição. O uso dos mesmos métodos e indicadores de avaliação facilitam a comparação entre diferentes áreas, permitindo identificar estratégias de recomposição mais eficazes, por exemplo.”, explica Cipriani.
Ele complementa informando que o sistema também permite o monitoramento das mesmas áreas ao longo dos anos, possibilitando o diagnóstico da necessidade de intervenções no processo de restauração para acelerá-lo, indicar os pontos fracos e fortes e até mesmo comparar os processos entre si, pois talvez haja abordagens com maior probabilidade de sucesso, entre outras ações. “Como são diversos os técnicos e eles normalmente trabalham com mais de uma propriedade, o uso de uma metodologia padronizada e prática e de uma ferramenta que possibilite o registro e o compartilhamento de dados de forma ágil pela equipe, auxilia na gestão dos trabalhos”, afirma o pesquisador.
Os dados do AgroTag-Veg podem aumentar também a eficiência de atuação de órgãos de fiscalização, ou mesmo a gestão de equipes e propriedades por empresas e órgãos que fazem consultorias. Assim como pode facilitar o monitoramento do processo de restauração, que é fundamental e deve ocorrer de dois em dois anos. “Isso permite identificar se a área poderá ser considerada ‘restaurada’ no prazo de 20 anos, assim como verificar a necessidade de intervenções como replantio, controle de matocompetição, adubação, entre outros para acelerar o processo”, aponta Cipriani.
Sobre o AgroTag-Veg
O AgroTag é um Sistema que contempla um aplicativo (app) para coleta de dados georreferenciados em campo (modo offline) integrado a uma interface WebGIS para acesso e análise dos dados coletados. O AgroTag-Veg é utilizado para o monitoramento de recomposição florestal. O aplicativo é gratuito e está disponível no GooglePlay, apenas para o sistema Android. O aplicativo atende diretamente os profissionais que atuam com a restauração florestal, mais especificamente com a recomposição de Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e de Uso Restrito. Mas está disponível também a todos que tiverem interesse no assunto.
Neste sistema, os dados coletados pelos usuários no campo são enviados automaticamente do aplicativo para uma base de dados online composta por diversas informações geoespaciais e com ferramentas de análises espaciais, as quais permitem a geração de relatórios consolidados e mapas de saída. Mantém, por sua vez, as funcionalidades padrão do aplicativo, como, por exemplo, o uso de imagens Google Padrão, Google Satélite e o mosaico de imagens de alta resolução Rapideye, a possibilidade de inserção de fotos e desenhos georreferenciados, e o acesso às informações da base de dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Além da Amazônia, o sistema contempla todos os demais biomas.
Parceria em prol da Amazônia
Aliada à avaliação de impacto ambiental pelo Sistema Ambitec, da Embrapa, não somente os indicadores ecológicos da restauração florestal serão obtidos e analisados, mas também dados econômicos e sociais. “Será possível avaliar não apenas se a área de preservação permanente ou de reserva legal está sendo restaurada, mas se a propriedade como um todo, o produtor e sua família e, até certo ponto, a comunidade, estão sendo beneficiadas e como”, explica o pesquisador Henrique Cipriani.
Este trabalho faz parte do projeto da Embrapa denominado "Inovação em restauração florestal e recuperação de áreas degradadas: ações integradas, coletivas e de construção de conhecimento para a melhoria socioambiental da agricultura familiar no Bioma Amazônia - Inovaflora". Esta ação compõe o Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz), financiado pelo Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente.
São ações que contribuem também para atingimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15 - Vida Terrestre, que busca proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. “Afinal, para reverter a degradação da terra e a perda de biodiversidade é preciso sensibilizar a sociedade para a importância de se recuperar e manejar adequadamente as áreas sob proteção legal. A obtenção e difusão de dados concretos sobre as experiências de restauração é fundamental para esse processo”, conclui Cipriani.
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