Resenha Política, por Robson Oliveira
CANDEIAS - As operações policiais que foram feitas em Candeias contra uma casta de políticos que desonra as funções públicas são exemplos para que o atual prefeito tampão, Lindomar Garçom, evite a qualquer custo cometer
DESEMPENHO
Os candidatos à prefeitura da capital estrearam na TV, numa sabatina da retransmissora da Bandeirantes. Nada foi dito de novo, embora foi possível perceber a desenvoltura de alguns deles e as dificuldades em apresentar ao eleitor as linhas gerais dos planos de governo. Como qualquer sabatina, o formato das perguntas deveria a priori explorar as contradições do que fala o candidato com o que propõe como plano de governo. Neste, no entanto, as perguntas foram tão óbvias que não deram para avaliar as diferenças das propostas para o município de Porto Velho. Uma entrevista travada onde os candidatos falaram mais de si do que das propostas.
PLÁGIO
A candidata com maior tempo de TV, maior coligação, maior estrutura de campanha e maior currículo pessoal (a mulher é apresentada como magnífica – título concedido pelo próprio pai), Mariana Carvalho, não surpreendeu. Repetiu uma estratégia surrada de continuar o legado do atual prefeito e contar com o apoio de mais de uma dezenas de partidos. É tanta legenda que terá dificuldade de acomodar todos na estrutura da prefeitura, caso seja a vencedora do pleito. Na apresentação, repetiu uma frase originalmente utilizada à exaustão pelo então candidato a presidente José Serra: “Eu me preparei a vida inteira para ser presidente”. A filha de Aparício Carvalho a repetiu trocando apenas o cargo. Uma frase que o eleitor reprovou e deu a vitória ao adversário de Serra. Um péssimo presságio para a magnífica do curriculum vistoso.
PÍFIO
O candidato das esquerdas, Célio Lopes, a principal novidade no pleito, foi tão evasivo nas respostas que não dá para compreender claramente quais as propostas para o município de Porto Velho. Em tese deveria fazer um link entre a postulação e o lulismo como forma de garantir ao eleitor a continuidade das obras em andamento e ampliação de novas através de parceria com o Governo Federal. Não fez nem uma coisa nem outra. A menção nesse sentido foi lateral e revelou a falta de intimidade com as nuances da política partidária. Escondeu do eleitor, neste primeiro momento, até os parceiros que dão sustentação à candidatura. Deve ter as suas razões...
FIRMEZA
Euma Tourinho, candidata do MDB, perdeu muito tempo também falando de si própria e desperdiçou uma boa oportunidade de enfrentar temas que lhes são conhecidos, a exemplo da segurança, saúde e saneamento básico. No entanto, mostrou que tem intimidade e firmeza na frente das câmeras e com uma boa desenvoltura para abordar os assuntos perguntados. A ex-juíza continua sendo uma incógnita eleitoral, como a coluna enfatizou em outras oportunidades, mas mostrou que não é uma candidata a se desprezar porque tem astúcia, coragem e inteligência. Falta-lhe traquejo político, visto que é algo fácil de se adquirir na militância política. Nos debates vai ser uma pedreira porque é firme no que fala e não tem voz de taquara rachada mimada.
EXPERIÊNCIA
Léo Moraes volta à cena política como um dos favoritos, depois de perder as eleições governamentais. É um candidato experimentado nas urnas da capital, que consegue arregimentar um número razoável de seguidores em todas campanhas disputadas. No último cargo ocupado, diretor-geral do Detran, mostrou toda a experiência adquirida na vida pública. Na entrevista se postou com clareza, mas precisará aprofundar mais as propostas para que o eleitor perceba que é capaz de ampliar os serviços municipais, além do que vem sendo feito pela atual administração que, por sinal, é bem avaliada. A maturidade lhe fez bem porque está mais aberto a escutar do que a ensinar.
PROFESSORAL
Benedito Alves, candidato do Solidariedade, caso fosse candidato a reitor seria imbatível. Sua participação na entrevista expôs um candidato com tom professoral, sem empatia e sem senso político. Embora seja bem preparado intelectualmente, tem uma enorme dificuldade de expressar objetivamente o que pretende para a administração da capital. Como candidato a prefeito fala rebuscado e perde tempo enorme com a sua plataforma Lattes. O que falta na filha do dono da FIMCA em conteúdo curricular, sobra no de Benedito. É o postulante entre todos os concorrentes que revelou na entrevista não possuir sequer um plano geral de propostas. O improviso foi aquém da capacidade intelectual.
NOVO
Ricardo Frota, candidato do Novo, nada também de novo acrescentou ao debate nem propôs algo contemporâneo que sirva de exemplo para uma administração moderna. Tem uma empostação de voz adequada e fala com desenvoltura. Mas de novo, nem o partido que Amoedo criou e caiu fora porque não tem projeto concreto de administração pública. É uma legenda de beócios que veem o setor público como um atraso à atividade privada.
REDE
Já o candidato da Rede Sustentabilidade, Samuel Costa, diferente do candidato das esquerdas, é o único que não esconde o alinhamento ao presidente Lula. É um jovem ativista que tem a coragem de expor as ideais mesmo que parte delas sejam ultrapassadas do ponto de vista ideológico. Tem uma boa intimidade com os microfones em razão da profissão de advogado criminal e eventualmente dublê de apresentador de TV digital. É preciso aguardar o desenrolar da campanha para verificar seu real potencial de juntar os segmentos fracionados da esquerda portovelhense.
JIPA
A disputa pela prefeitura de Ji-Paraná deverá ser uma das mais acaloradas em Rondônia com dois grupos políticos se digladiando. O deputado Afonso Candido (PL) enfrentará o atual prefeito Isaú Fonseca (MDB), afastado por duas vezes pela Justiça Estadual por suposto envolvimento em malfeitos administrativos. Os partidários do atual prefeito cantam vitória antecipadamente, mas sabem que na campanha as mazelas que levaram ao afastamento tomarão conta dos debates. É um município economicamente rico, embora pobre na renovação da classe política. Esta é uma boa oportunidade para mudar o que está errado. Jipa merece mais, muito mais do que operações policiais.
VICE
Na coluna passada relatamos que Celso Popó, candidato do PL à prefeitura de Cacoal, é uma pessoa que todos gostam, mas não votam. Apesar de manter a mesma opinião, Popó acertou na mosca ao convencer Gil Cardoso, filha do ex-prefeito Divino Cardoso, a compor a chapa na condição de vice-prefeita. Este é um caso único em que o vice é eleitoralmente melhor que o titular. Razão pela qual desconfio que Popó aumentou alguns votinhos, mas continua com cara de quem vai perder. Popó é também um cara legal e não faz mal a ninguém. Nas urnas é certo um divino nocaute. Apesar da Gil e do pai Divino.
CANDEIAS
As operações policiais que foram feitas em Candeias contra uma casta de políticos que desonra as funções públicas são exemplos para que o atual prefeito tampão, Lindomar Garçom, evite a qualquer custo cometer. Já há nos meios de comunicação eletrônicos acusações de cunho moral contra o prefeito, o que revela uma suposta falta de zelo com a reputação. Garçom tem que servir à população não aos interesses inconfessáveis.
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