Ritual tradicional do povo Nambikwara resiste ao tempo com o apoio do REM MT e Instituto Amazonas

Esse é o Ritual da Menina Moça, que resiste ao tempo e às influências externas e preserva a cultura dos Nambikwaras

Fonte: Priscila Soares (REM MT) - Publicada em 20 de março de 2024 às 15:06

Ritual tradicional do povo Nambikwara resiste ao tempo com o apoio do REM MT e Instituto Amazonas

As meninas ficam no Tamuio durante o isolamento até o dia do ritual.

Uma cerimônia que faz parte da tradição do povo Nambikwara há séculos e que marca a transição da infância para a vida adulta das mulheres da comunidade indígena. Esse é o Ritual da Menina Moça, que resiste ao tempo e às influências externas e preserva a cultura dos Nambikwaras.

Com o objetivo de apoiar e valorizar essa tradição indígena, o Instituto Amazonas desenvolveu o projeto Waindxisu, que recebeu financiamento do Programa REM MT, e possibilitou a execução do Ritual da Menina Moça, com toda a estrutura necessária.

O projeto viabilizou a execução de inúmeras ações preparatórias para o ritual, incluindo a produção de 1.100 peças de artesanatos tradicionais que foram utilizadas durante o ritual, a construção do Tamuio (habitação tradicionalmente utilizada para a reclusão das meninas) e a Casa da Flauta (local sagrado onde ficam os anciões), além de, quatro alojamentos e duas cozinhas comunitárias, utilizadas durante o ritual para preparar e servir os alimentos aos participantes. 

Uma das casas construídas pelo projeto Waindxisu  na comunidade dos Nambikwaras

À pedido da comunidade, foram realizados investimentos na infraestrutura, com a instalação de rede elétrica, aquisição de ferramentas, combustível e insumos para a implementação e manutenção de roças tradicionais, para a produção dos alimentos, que em parte, foram consumidos durante o rito.

Um dos desafios enfrentados para a execução do ritual, foi o deslocamento das aldeias indígenas para o local de realização da cerimônia Nambikwara, já que muitos estão em locais distantes. Para auxiliar nessa logística de transporte, o projeto Waindxisu viabilizou o deslocamento de 763 indígenas das comunidades Kithãnlu, Cascalheira, Duas Pontes, Najá, Manduca, Davi, Mutum, Barracão Queimado, Água Verde, Chapada Azul e Estrela até a aldeia Figueirinha, local onde ocorreu o 1º Waindxisu – Ritual da Menina Moça, com a participação de mais de 1.200 indígenas e convidados.

O evento reuniu indígenas de mais de 10 comunidades durante o ritual do povo Nambikwara

A presidente do Instituto Amazonas, Karina Paço, explica a importância de apoiar esses rituais tradicionais, que guardam a cultura dos povos originários do Brasil. “Foi por causa do apoio financeiro do Programa REM, que pudemos estar junto ao povo Nambikwara, durante 12 meses. É importante que o mundo conheça a cultura do povo Nambikwara através do Ritual da Menina Moça, para que assim, todos possam entender que cada etnia tem a sua cultura, a sua forma, os seus costumes e precisa ser respeitado”, destacou Karina.

RITUAL DA MENINA MOÇA

O ritual é realizado quando a jovem passa pelo seu primeiro ciclo menstrual. Nesse momento, ela é conduzida a uma construção circular chamada “tamuio”, onde fica reclusa. Para os Nambikwara, o Tamuio simboliza o casulo onde a borboleta aguarda sua completa transformação para a fase adulta.

Durante esse período de reclusão, a jovem recebe orientações e instruções das mulheres de sua família e da comunidade, preparando-a para desempenhar as responsabilidades das mulheres adultas de sua etnia. Além disso, as meninas não param com os estudos, como explica o Pajé Ezequiel Nambikwara Kithãulu.

“Aqui nessa casa (Tamuio) elas vivem, mas  principalmente continuam na escola. Os professores entregam nas mãos delas (as tarefas), para a continuidade dos estudos”, fala o Pajé.

Quando chega o dia da cerimônia, cantos são entoados, ressoam-se flautas, danças e competições esportivas e as aldeias da comunidade celebram a transição das meninas. Toda a comunidade se envolve no evento.

O ritual dura a noite toda e as meninas dançam com as mãos entrelaçadas com seus padrinhos 

DOCUMENTÁRIO

Para mostrar toda a importância e o significado do Ritual da Menina Moça para o povo Nambikwara, o Instituto Amazonas produziu, com apoio do REM MT, um documentário que mostrou todo o processo desse ritual.

O documentário é uma garantia de apoio sociocultural, para o povo Nambikwara, um resgate do conhecimento secular registrado através das danças e cantos entoados somente durante esse ritual e que servirá de inspiração e conhecimento para as crianças e jovens, como forma de resgate, preservação e fortalecimento da herança cultural desse povo através das gerações futuras.

O registro do Ritual da Menina Moça é importante também para mostrar toda essa rica cultura e a beleza dessa cerimônia para além das aldeias e terras indígenas. Assista o documentário aqui.

Ritual tradicional do povo Nambikwara resiste ao tempo com o apoio do REM MT e Instituto Amazonas

Esse é o Ritual da Menina Moça, que resiste ao tempo e às influências externas e preserva a cultura dos Nambikwaras

Priscila Soares (REM MT)
Publicada em 20 de março de 2024 às 15:06
Ritual tradicional do povo Nambikwara resiste ao tempo com o apoio do REM MT e Instituto Amazonas

As meninas ficam no Tamuio durante o isolamento até o dia do ritual.

Uma cerimônia que faz parte da tradição do povo Nambikwara há séculos e que marca a transição da infância para a vida adulta das mulheres da comunidade indígena. Esse é o Ritual da Menina Moça, que resiste ao tempo e às influências externas e preserva a cultura dos Nambikwaras.

Com o objetivo de apoiar e valorizar essa tradição indígena, o Instituto Amazonas desenvolveu o projeto Waindxisu, que recebeu financiamento do Programa REM MT, e possibilitou a execução do Ritual da Menina Moça, com toda a estrutura necessária.

O projeto viabilizou a execução de inúmeras ações preparatórias para o ritual, incluindo a produção de 1.100 peças de artesanatos tradicionais que foram utilizadas durante o ritual, a construção do Tamuio (habitação tradicionalmente utilizada para a reclusão das meninas) e a Casa da Flauta (local sagrado onde ficam os anciões), além de, quatro alojamentos e duas cozinhas comunitárias, utilizadas durante o ritual para preparar e servir os alimentos aos participantes. 

Uma das casas construídas pelo projeto Waindxisu  na comunidade dos Nambikwaras

À pedido da comunidade, foram realizados investimentos na infraestrutura, com a instalação de rede elétrica, aquisição de ferramentas, combustível e insumos para a implementação e manutenção de roças tradicionais, para a produção dos alimentos, que em parte, foram consumidos durante o rito.

Um dos desafios enfrentados para a execução do ritual, foi o deslocamento das aldeias indígenas para o local de realização da cerimônia Nambikwara, já que muitos estão em locais distantes. Para auxiliar nessa logística de transporte, o projeto Waindxisu viabilizou o deslocamento de 763 indígenas das comunidades Kithãnlu, Cascalheira, Duas Pontes, Najá, Manduca, Davi, Mutum, Barracão Queimado, Água Verde, Chapada Azul e Estrela até a aldeia Figueirinha, local onde ocorreu o 1º Waindxisu – Ritual da Menina Moça, com a participação de mais de 1.200 indígenas e convidados.

O evento reuniu indígenas de mais de 10 comunidades durante o ritual do povo Nambikwara

A presidente do Instituto Amazonas, Karina Paço, explica a importância de apoiar esses rituais tradicionais, que guardam a cultura dos povos originários do Brasil. “Foi por causa do apoio financeiro do Programa REM, que pudemos estar junto ao povo Nambikwara, durante 12 meses. É importante que o mundo conheça a cultura do povo Nambikwara através do Ritual da Menina Moça, para que assim, todos possam entender que cada etnia tem a sua cultura, a sua forma, os seus costumes e precisa ser respeitado”, destacou Karina.

RITUAL DA MENINA MOÇA

O ritual é realizado quando a jovem passa pelo seu primeiro ciclo menstrual. Nesse momento, ela é conduzida a uma construção circular chamada “tamuio”, onde fica reclusa. Para os Nambikwara, o Tamuio simboliza o casulo onde a borboleta aguarda sua completa transformação para a fase adulta.

Durante esse período de reclusão, a jovem recebe orientações e instruções das mulheres de sua família e da comunidade, preparando-a para desempenhar as responsabilidades das mulheres adultas de sua etnia. Além disso, as meninas não param com os estudos, como explica o Pajé Ezequiel Nambikwara Kithãulu.

“Aqui nessa casa (Tamuio) elas vivem, mas  principalmente continuam na escola. Os professores entregam nas mãos delas (as tarefas), para a continuidade dos estudos”, fala o Pajé.

Quando chega o dia da cerimônia, cantos são entoados, ressoam-se flautas, danças e competições esportivas e as aldeias da comunidade celebram a transição das meninas. Toda a comunidade se envolve no evento.

O ritual dura a noite toda e as meninas dançam com as mãos entrelaçadas com seus padrinhos 

DOCUMENTÁRIO

Para mostrar toda a importância e o significado do Ritual da Menina Moça para o povo Nambikwara, o Instituto Amazonas produziu, com apoio do REM MT, um documentário que mostrou todo o processo desse ritual.

O documentário é uma garantia de apoio sociocultural, para o povo Nambikwara, um resgate do conhecimento secular registrado através das danças e cantos entoados somente durante esse ritual e que servirá de inspiração e conhecimento para as crianças e jovens, como forma de resgate, preservação e fortalecimento da herança cultural desse povo através das gerações futuras.

O registro do Ritual da Menina Moça é importante também para mostrar toda essa rica cultura e a beleza dessa cerimônia para além das aldeias e terras indígenas. Assista o documentário aqui.

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