Rombo bilionário da Globo decreta o fim da era do jornalismo promíscuo da 'Ilha de Caras'
Com status de celebridades, a geração “ilha de Caras” do jornalismo da Globo se refestelou num mundo repleto de luxo e poder
(Foto: Reprodução/Twitter)
Nesta sexta-feira, para além da data santa, comemora-se o dia do jornalista. Sim, de santos não temos nada, mas principalmente aqueles que fizeram parte de um hall muito seleto da Rede Globo, durante décadas a fio.
Considero que as profissões que lidam diretamente com o poder ou estão muito próximas ao mel sedutor, deveriam redobrar o cuidado com luxos. Sem querer aqui vestir um chinelinho franciscano, mas poder fazer uma viagem com a família, comprar uma casa gostosa, ter qualidade de vida e acesso à cultura é muito diferente de viver uma vida de celebridade. E foi tal vida que o grupinho seleto da Globo pode viver durante todas essas décadas.
Luxo e poder são irmãos e não foi raro ver jornalistas celebridades da Globo amigos íntimos de juízes, frequentando a Ilha de Caras, passeando de helicóptero com banqueiros, convites e mais convites de empresários e políticos poderosos para jantares, encontros escusos na Faria Lima.
Dou um exemplo clássico aqui: Em uma das diversas conversas divulgadas na Vaza Jato, o jornalista Vladimir Netto, filho de Miriam Leitão que fez a cobertura jornalística da Lava Jato pela Globo, orienta Dallagnol a como proceder durante a condução coercitiva do ex-presidente Lula, ocorrido no dia 4 de março de 2016.
Durante muitos anos, para tal grupo seleto da Globo, o compromisso do jornalismo passou a ser defender o seleto grupo da direita liberal e se refestelar com a mesma nos deliciosos resorts. A promiscuidade foi tamanha que passou a ser difícil diferenciar o quem era quem ali.
Neste dia tão importante, precisamos refletir sobre o que é ser jornalista: Ao meu ver, é ter responsabilidade social, compromisso com a checagem dos fatos, compromisso com a divulgação da verdade.
Com o começo do fim do monopólio dos meios de comunicação, com a ascensão das mídias digitais, dos streamings, em que uma TV 247 pode, por exemplo, ter acesso a mais de 1 milhão de inscritos, revelando farsas como a citada acima Lava Jato, a Globo não pode mais dar uma vida de Maria Antonieta aos seus profissionais da comunicação e muitos dos seus foram demitidos essa semana.
A ideia da emissora, que passa por uma imensa crise de receita, é acabar com o status de celebridade dado ao setor jornalístico e fazer contratações sem ares hollywoodianos. E claro, com isso, salários menores.
É o fim de uma era. E eu comemoro isso!
Lais Gouveia
Mineira, jornalista e ativista da mídia livre
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