RONDÔNIA: A EDUCAÇÃO, O SUAMYSMO E OS CIENTISTAS...

A SEDUC/RO não produz vacina. Uma parte significativa dos profissionais de educação tomará a segunda dose da vacina nos primeiros dias de setembro. Atropelar a ciência e submeter a população a uma nova onda de contaminação pela covid-19 é uma decisão irresponsável

Francisco Xavier Gomes
Publicada em 21 de julho de 2021 às 15:46
RONDÔNIA: A EDUCAÇÃO, O SUAMYSMO E OS CIENTISTAS...

O governo de Marcos Rocha vai entrar para a História de Rondônia como um dos governos que mais protagonizaram lambanças. Esta situação decorre do amadorismo de muitas pessoas próximas ao coronel e da incapacidade que ele mesmo tem para pensar sobre coisas simples. A luta do governo de Rondônia contra a ciência precisa ter um limite, mas dificilmente isto acontecerá, se depender de Marcos Rocha e do Secretário da Educação do estado. Esse anúncio de volta às aulas presenciais, sem nenhum critério científico, deixa claro que falta ao titular da SEDUC e ao seu chefe o mínimo possível de coerência. O vídeo divulgado pelo governador esta semana, prometendo a volta às aulas presenciais no dia 09 de agosto é prova clara de que a única base científica do Governo de Rondônia e de todas as demais instituições que defendem a ideia é apenas o “achismo”, consolidado pelo suamysmo de quem não entende absolutamente nada sobre educação...

Inicialmente, cabe esclarecer duas coisas absolutamente necessárias ao debate acerca deste tema, para que não fiquem dúvidas e porque Suamy Lacerda e Marcos Rocha enfrentam muita dificuldade para entender coisas simples. Primeiro, devemos entender que não existe nenhum profissional de educação contrário à volta das atividades presenciais, porque somente quem trabalha produzindo as atividades e atendendo alunos e familiares sabe a gravidade do problema. Mas a volta às aulas não pode ser fruto de uma decisão irresponsável, porque a vida de milhares de rondonienses está em jogo. Não existe absolutamente nenhuma garantia científica sobre a diminuição dos riscos de infecção e morte pela covid-19. Um governo que mandou queimar milhares de livros das escolas públicas do estado não tem autoridade científica para falar sobre saúde, vida, imunização de pessoas... Segundo, Marcos Rocha e seu nepote precisam entender que a educação engloba uma série de fatores essencialmente científicos, para os quais o achismo ou suamysmo não têm a menor importância. A educação está relacionada com todo o processo de formação da sociedade e, por este motivo, relaciona-se com a vida e com qualidade de vida. Qualquer pedagogo, ainda que seja ligado ao suamysmo, sabe que a insegurança da falta de vacina não permite aos profissionais e estudantes buscarem a qualidade de ensino que se pretende. O próprio secretário talvez saiba disso, conquanto esteja, há décadas, sem dar uma aula...

O vídeo gravado pelo governador é de causar vergonha até ao senador Luís Carlos Heinze, aquele lunático que considera Rancho Queimado como a principal referência científica do mundo, no combate à covid-19. No vídeo, Marcos Rocha declara emocionado que as escolas estão preparadas para a volta às aulas, porque possuem pia e álcool em gel. Que declaração ridícula!!!! Que coisa abominável!!! Todas as pessoas que morreram em Rondônia vítimas da covid-19 tinham pia e álcool em gel nas suas casas. A rotina de uma escola é muito diferente do que imaginam o coronel e seu fiel escudeiro. Será que o governador não sabe que estudantes, profissionais de educação e familiares estarão expostos ao contágio?? Será que o secretário da educação sabe quantos estudantes e familiares de estudantes usam ônibus, nos municípios de Rondônia? Vou tentar explicar para o governador e o secretário: o álcool em gel e a pia, colocados em uma escola, representam aqueles enfeites dourados que os coronéis da Polícia Militar usam no colarinho. As duas doses de vacinas representam para os profissionais de educação a pistola e a metralhadora que os policiais usam em serviço. Quero destacar que os enfeites dourados do uniforme policial dos oficiais são muito significativos, quando eles já tiveram a oportunidade de comandar um batalhão, um pelotão, uma patrulha... Bem diferente do coronel que governa o estado!!!

A população de Rondônia não sabe, ou pelo menos muitas pessoas não sabem, mas o governador de Rondônia considera Cacoal um polo de atendimento de saúde que, no papel, é perfeito. Porém, quem conhece o HEURO e o Hospital Regional de Cacoal sabe que esses hospitais não possuem sequer um autoclave. Como Suamy não deve saber o que é um autoclave, esclareço que é aquela máquina que serve para esterilizar os equipamentos e matérias usados pelos médicos e demais profissionais. Uma máquina como essa não custa nem 10 mil reais e tem uma utilidade inestimável. Um governo que não coloca um autoclave em um hospital não tem autoridade para falar de volta às aulas. Aliás, outro argumento fajuto utilizado pelo governador no vídeo é que “as famílias decidirão se mandam ou não os filhos para a escola”. Esse argumento do governador é prova cabal de que ele não sabe o que fala, quando decide pela volta às aulas presenciais. A volta às aulas, num governo sério, precisa ter um aval técnico. Pegar a assinatura de defensores públicos, membros do Tribunal de Justiça ou do Ministério Público não é critério técnico para reduzir os prazos de intervalo entre as doses de vacinas. A Defensoria Pública, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de Rondônia não produzem vacinas. A saúde da população, dos profissionais de educação e dos estudantes merece o mínimo de respeito. E a prova de que as instituições epigrafadas têm medo da covid-19 é que estas instituições funcionam remotamente desde março de 2020. Nenhuma delas anunciou que no dia 09 de agosto acaba a pandemia...

A FIOCRUZ, instituição que produz a vacina AstraZeneca, utilizada na grande maioria dos profissionais de educação, afirma que o prazo de 90 dias precisa ser respeitado. A SEDUC/RO não produz vacina. Uma parte significativa dos profissionais de educação tomará a segunda dose da vacina nos primeiros dias de setembro. Atropelar a ciência e submeter a população a uma nova onda de contaminação pela covid-19 é uma decisão irresponsável. Nenhum profissional se nega a voltar às atividades presenciais, porque o trabalho remoto tem sido dobrado e o governo não oferece nenhuma condição para o trabalho remoto. Em vez de sugerir para as famílias que elas são responsáveis para entender de vacina, o governo de Rondônia deveria trabalhar para vacinar toda a população. O secretário de educação deveria mandar queimar todos os livros que Marcos Rocha leu para mudar a bula das vacinas, porque esses livros formam péssimos cientistas... Tenho dito!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e Jornalista

Comentários

  • 1
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    Carlos 22/07/2021

    A impressão que se tem é de um Secretário que gerência a pasta tomando umas no bar, se valendo do senso comum, de bravatas, de negacionismo, de todo obscurantismo que a Educação deveria iluminar. E a função do governador é agradar servilmente o presidente.

  • 2
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    Wilson 22/07/2021

    Não quer trabalhar mais, pede aposentadoria logo, já passou a hora de voltar as aulas.

  • 3
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    silvia 22/07/2021

    É lamentável que está gente do governo são guiados pelos fornecedores, governo e secretário da educação são signatários dos fornecedores do aparelho de Estado, parabéns Xavier pelo bom senso, em um texto que traduz à veracidade dos fatos, transferir a responsabilidade para os pais dos alunos, é lamentável outrossim é um governo de ( 1 ) hum só mandato [...]

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