Sabemos por que Pazuello é ministro; o difícil é acreditar que ele seja um general do Exército brasileiro
"Enquanto este general do serviço ativo do Exército continuar no cargo, a imagem do Exército inexoravelmente se confundirá com a imagem dele e com o descalabro da sua gestão", avalia o colunista Jeferson Miola sobre o ministro da Saúde
(Foto: ABr)
Sabemos por que Eduardo Pazuello é general-ministro da morte de Bolsonaro. Mas é difícil acreditar que ele seja um general – e que ainda está na ativa! – do Exército brasileiro.
Como ministro bolsonarista, Pazuello é irretocável: mente, propaga notícias falsas e confunde a população; se alimenta duma visão anticiência e negacionista para prescrever crendices e superstições; incompetente e caótico, não conhece o mínimo do mínimo das funções técnicas do cargo, de logística e do SUS; limitado e ignorante, se atrapalha com fusos horários e desconhece o básico de geografia – já sustentou que o norte e nordeste brasileiros se localizam no hemisfério norte do planeta!
Mas Pazuello tem outros atributos para ser um general-ministro bolsonarista. O mais relevante deles, o de fiel executor da necropolítica genocida que legou Manaus para a história dos terríveis massacres promovidos pelo próprio Estado contra seus compatriotas.
No governo Bolsonaro, Pazuello é como um peixe n’água. Aparelhou o ministério da saúde com suas tropas militares de ocupação dos cargos especializados e científicos antes desempenhados por profissionais civis que carregam a memória técnica e institucional do SUS.
Em matéria de método organizativo e logística, o general-ministro é um descalabro absoluto. Devido ao vencimento do prazo de validade, sua má-gestão causou o descarte de quase 7 milhões de testes para COVID – quantidade maior que o total de testes realizados no país.
E, enquanto quase 60 países ao redor do globo já estão imunizando suas respectivas populações, o governo federal ainda não foi capaz de produzir e fornecer, por empenho próprio, absolutamente nenhuma dose de vacina. Ainda tem o agravante de que a situação deverá piorar, em consequência dos ataques irresponsáveis do Bolsonaro, do seu chanceler pária-lunático e dos seus filhos à China.
Não é necessário grande empenho analítico para se concluir que o general-ministro Pazuello é a pessoa errada, aboletada no lugar errado, no momento errado.
É muito difícil acreditar que Pazuello, com todas as provas dadas de sua atuação desastrosa, seja um general de divisão – uma das mais altas patentes – do Exército Brasileiro.
De igual maneira, e com o benefício da dúvida a favor do Exército, também é difícil não se preocupar com a hipótese de que Pazuello seja uma amostra do “padrão médio” da qualidade, da seriedade e da competência dos militares, principalmente do alto oficialato.
Enquanto, porém, este general do serviço ativo do Exército continuar no cargo, a imagem do Exército inexoravelmente se confundirá com a imagem dele e com o descalabro da sua gestão.
Os militares melhor serviriam ao Brasil e à imagem das Forças Armadas se regressassem aos quartéis, de onde nunca deveriam ter saído para se imiscuir na política partidária, e passassem a cumprir com profissionalismo sua função constitucional de zelar a soberania nacional e defender o país do estrangeiro.
De outro modo, as Forças Armadas ficarão associadas à devastação promovida pelo pior governo em toda a história republicana do Brasil.
Jeferson Miola
Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
Mentira, volver
"Para parar de mentir, os militares precisariam de ter tido um lapso de formação. A única medida possível para parar essa cadeia de alienação é a intervenção direta do poder civil nessas escolas de formação, com interrupção de atividades, mudança radical de currículos e, principalmente, do perfil dos educadores envolvidos", analisa Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia
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"O trumpismo continua. Antes de tudo, porém, trata-se de mais uma mistificação do milionário, que quer fazer crer que voltará. Que seja sua última fake news", afirma Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia. "O conjunto de seu legado de inconsequência tende a se tornar mais forte com a troca de turno na Casa Branca"
A diplomacia do ataque e seus efeitos colaterais
Isso evidentemente nos coloca numa situação de vulnerabilidade sanitária, em que a população mais pobre, hipossuficiente, sofre com a falta de leitos, além do desemprego, que já existia bem antes da pandemia
Comentários
Fica muito comprometida a imagem de isenção do jornal quando o mesmo faz publicação de blogueiro petista. " Jeferson Miola: Moro se assumiu como agente do golpe para eleger Bolsonaro Para estudioso, juiz nunca agiu com isenção e “concebeu a Lava Jato como arma de guerra para operar interesses político-partidários contra Lula, o PT e a esquerda” 01/11/2018 14h40 " fonte: https://pt.org.br/jeferson-miola-moro-se-assumiu-como-agente-do-golpe-para-eleger-bolsonaro/
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