'Saneamento em Porto Velho: uma realidade precária para a população', por Flávia Lenzi

Em 2022 não foi diferente: a capital de Rondônia ocupa a terceira posição entre as cidades com piores serviços de saneamento básico, atrás apenas de Macapá (AP) e Marabá (PA)

Assessoria
Publicada em 20 de março de 2023 às 20:29
'Saneamento em Porto Velho: uma realidade precária para a população', por Flávia Lenzi

Foi divulgado pelo Instituto Trata Brasil um estudo que avalia os indicadores de saneamento básico de 2022 dos 100 maiores municípios do Brasil, que abrigam cerca de 40% da população brasileira. O levantamento escancara uma realidade dura para Porto Velho, em um pódio que ninguém quer estar, o município figura por lá há 9 anos. Em 2022 não foi diferente: a capital de Rondônia ocupa a terceira posição entre as cidades com piores serviços de saneamento básico, atrás apenas de Macapá (AP) e Marabá (PA). O mesmo estudo mostra que as 20 melhores cidades investiram, em média, R$ 166,52 por habitante em serviços de saneamento, enquanto as 20 piores investiram apenas R$ 55,46 por habitante.

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgado pelo Ministério das Cidades, referentes ao ano de 2020, também apontam que Porto Velho atende:

- Apenas 5,16% da população com o serviço de coleta de esgoto;
- Teve o menor percentual de atendimento de água em 2020: um total de 32,87%;
- Teve 0% do esgoto tratado;
- Teve 84,01% de perdas na distribuição de água;
- Deixa de faturar 82,09% da água produzida.

Fatores que podem gerar sérios problemas de saúde pública. Já que a falta de saneamento básico impacta diretamente na qualidade da água, no aumento de doenças, como diarreia, hepatite e dengue e outras. Não é gasto, sim investimento fundamental para a qualidade de vida da população, pois, além da saúde, influencia diretamente em áreas como educação, economia e segurança pública. Para se ter uma ideia, alunos com acesso a saneamento em casa têm escolaridade média de 8,49 anos, enquanto os que não têm passam apenas 5,31 anos na vida escolar.

A situação de Porto Velho reflete em todo o estado de Rondônia, em que a grande maioria dos municípios não possui saneamento básico. Recentemente, a população da capital foi surpreendida com um aumento no IPTU, em alguns casos de mais de 300%. Tudo aprovado de forma unânime pela Câmara de Vereadores e sem consulta prévia aos moradores. Em nenhum momento foi discutido quais benefícios chegariam e essas duas palavras “saneamento básico” não foram ditas em nenhum debate sobre o tema.

Porém, após intensa manifestações da população, o aumento do IPTU foi revogado, mas a incerteza sobre os investimentos em saneamento básico na capital persiste. Até quando?
 

Flávia Lenzi, médica e presidente do Sindicato Médico de Rondônia (SIMERO).

Referências:

https://tratabrasil.org.br/ranking-do-saneamento-2023/

https://tratabrasil.org.br/alunos-com-acesso-a-saneamento-em-casa-tem-escolaridade-media-de-849-anos-enquanto-os-que-nao-tem-passam-531-anos-na-vida-escolar/

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