Santander demite o mesmo funcionário pela sexta vez em Rondônia
Em todas as vezes que foi demitido, o bancário recorreu à Justiça do Trabalho e obteve vitórias contra o banco, que seria, em tese, obrigado a reintegrá-lo ao trabalho
O Santander demitiu, no dia 17 de julho, um funcionário lotado na agência da avenida Sete de Setembro, em Porto Velho. Essa é a sexta tentativa do banco espanhol em se livrar do trabalhador que, a exemplo de mais quatro funcionários, também foram demitidos várias vezes pelo banco em Rondônia, mesmo após as inúmeras vitórias obtidas por estes trabalhadores na Justiça do Trabalho.
Contratado em 25 de agosto de 2008, o bancário em questão foi demitido pelo banco em seis oportunidades, sendo a primeira no dia 3 de julho
de 2014, a segunda em 1º de junho de 2016, a terceira em 4 de outubro de 2017, a quarta em 9 de abril de 2018, a quinta no dia 7 de junho de
2019 e a sexta aconteceu na última sexta-feira, 17 de julho de 2020.
Em todas as vezes que foi demitido, o bancário recorreu à Justiça do Trabalho e obteve vitórias contra o banco, que seria, em tese, obrigado a reintegrá-lo ao trabalho. E a última dessas reintegrações aconteceu no dia 1º de agosto de 2019, quando a Justiça concedeu liminar (Processo 0000474-86.2019.5.14.0002) que determinava, além da reintegração imediata ao trabalho, que o banco não poderia voltar a demitir o trabalhador até que houvesse uma decisão judicial definitiva, já que se trata de uma antecipação de tutela (liminar) e o processo ainda não foi julgado.
Para o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), essa é mais uma prova de que o Santander não dá o mínimo valor à dignidade de seus funcionários e os demite mesmo após a Justiça do Trabalho determinar que eles não podem ser demitidos, ou seja, um nítido desrespeito com o ser humano e com a própria Justiça.
E essa demissão é apenas mais uma entre as centenas que o banco espanhol vem promovendo em todo o país, mesmo em tempo de pandemia ecrise econômica e social.
No início deste mês, levantamento realizado pelos sindicatos dos bancários de todo o país, em reportagem publicada na Folha Online no dia 6/7, apontou que o Santander demitiu, no Brasil, 433 funcionários até aquele momento, quebrando assim o seu compromisso de não demitir
funcionários durante a crise sanitária causada pelo novo coronavírus. E o Santander é o único entre os maiores bancos do país a não respeitar o compromisso pela não demissão de funcionários neste período.
O número de demissões pode ser ainda maior, uma vez que o banco não apresenta os dados e os sindicatos tiveram que fazer um levantamento a partir das informações que são passadas pelos próprios trabalhadores. Além disso, o banco se recusa a negociar esta questão com o movimento sindical, desmarcando reuniões com representantes dos empregados nas negociações com o banco, por exemplo.
Para piorar a situação, o banco lançou uma campanha chamada “Motor de Vendas”, que define o cumprimento pelos funcionários de metas
crescentes, uma clara manobra de descumprimento do que ficou acordado na mesa de negociação entre a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e o Comando Nacional dos Bancários, quando os bancos se comprometeram a não cobrar metas comerciais durante a pandemia.
Para o SEEB-RO, a ganância do banco espanhol não gera apenas a onda de demissões como também obriga os demais funcionários a empurrarem produtos para os clientes, mesmo num momento em que as pessoas estão mais preocupadas em economizar dinheiro para a própria sobrevivência, e não para adquirir produtos e serviços bancários.
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