Saudades da Ditadura

Tudo funcionava maravilhosamente bem e as pessoas não tinham sequer a tola vontade de votar para presidente, prefeito das capitais ou mesmo governador.

Professor Nazareno*
Publicada em 22 de setembro de 2017 às 18:23
Saudades da Ditadura

Em março de 1964 eu tinha apenas cinco anos. Em março de 1985 eu estava, óbvio, com 26. Este período foi a melhor fase que vivi em toda a minha vida e que coincidiu na política nacional com o chamado período da Ditadura Militar. Aqueles “anos dourados inesquecíveis” foram para mim uma espécie de “meus verdes anos”. Para o nosso país também foi. Éramos competentemente governados pelos militares que em nome do capitalismo e para defender os interesses dos mais pobres deram um golpe no latifundiário e dono de terras João Goulart e em todas as instituições que defendiam equivocadamente as aspirações democráticas. Bons tempos aqueles: éramos felizes e não sabíamos. Vivíamos no paraíso. Uma espécie de terra dos Smurfs sem o Gargamel. A Ditadura Militar foi uma panaceia milagreira que fazia jorrar mel e leite das ruas.

Naquela áurea época havia coelhinhos saltitantes e borboletas azuis em todos os recantos do país. Tudo funcionava maravilhosamente bem e as pessoas não tinham sequer a tola vontade de votar para presidente, prefeito das capitais ou mesmo governador. Corrupção não havia e o que se arrecadava em impostos era tudo empregado para o bem da sociedade. O nosso país crescia folgadamente a 15 ou 20 por cento ao ano e tínhamos amplo reconhecimento internacional. A nossa educação era de Primeiro Mundo e só não ganhamos várias vezes um Prêmio Nobel por que nunca fizemos questão dessas “coisas pequenas”. Os nossos militares descartavam anualmente a indicação para o Oscar e os Estados Unidos assim como vários países europeus e o Japão guiavam suas sociedades a partir do que viam no Brasil. Éramos melhor que eles.

Não havia essa violência que vemos hoje e quase não tinha pessoas presas a não ser aquelas que queriam mesmo estar nas cadeias como alguns estudantes insolentes e alguns sujeitos metidos a oposicionistas e os provocadores da esquerda. A liberdade grassava em todos os níveis. Todas as minorias eram respeitadas e até os indígenas tinham uma política só para eles. O governo militar criou o Mobral para alfabetizar todos os cidadãos que quisessem. Preocupados também com a cultura, os militares incentivaram todas as formas de arte e expressão. Censura “quase” não havia e qualquer um podia se expressar livremente. A nossa dívida externa mostrava a credibilidade do país ante o mercado externo. Ainda teve o milagre econômico. E se houve DOI- CODI, torturas, AI-5 e exílio foram apenas meras formalidades para melhor se governar.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, os civis tomaram de assalto o poder e lamentavelmente instalaram a famigerada democracia entre os brasileiros. De 1985 aos dias de hoje, vivemos de solavanco em solavanco tentando acertar e nada parece dar certo. A roubalheira tomou conta da sociedade, a imoralidade dá as cartas, a crise de representatividade só aumenta, a insatisfação popular não para e a corrupção nunca acaba. Vivemos tempos difíceis. Se os militares dessem, para a nossa sorte, outro golpe militar as coisas entrariam no eixo mais uma vez. E como num passe de mágica, general no poder, a corrupção acabaria no dia seguinte. Nossas escolas teriam de volta as disciplinas Educação Moral e Cívica e OSPB, o Estado não seria mais laico e a nossa bandeira não mudaria de cor jamais. Não sei o que os “milicos” estão esperando, pois quando tiraram a Dilma e o PT as coisas melhoraram e muito. Só não vê quem não quer.

*É Professor em Porto Velho.

Comentários

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    Wanir Cavalheiro 22/09/2017

    É o nobre e digníssimo professor saiu do armário, como ele mesmo disse: Que tem saudade da dita dura, que era feliz e não sabia, que tudo se encaixava direito. etc... etc... É professor Nazareno, você tem um um péssimo gosto. Mas que temos nós a ver com isso, pois cada um gosta do que lhe dá mais prazer. Democracia é o sistema mais humano de política em todo o mundo. O que tem que ser feito é punir com os rigores da lei, quem é corrupto, quem é caluniador, quem é corruptor, quem é traficante, quem é usuário de drogas, quem mata sem nem um escrúpulo, quem é estupradores...etc.. Em fim: a impunidade é que facilita os desonestos e os pilantras, que não respeitam as leis e nem os cidadãos honestos deste nosso Brasil amado, a serem tão bandidos. Portanto: Democracia, SIM!... Dita dura somente para o professor nazareno. Um grande abraço para todo o Povo do Estado de Rondônia. Wanir Cavalheiro

  • 2
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    Jotabê 22/09/2017

    Se o Professor estiver falando a verdade, pois não sabemos quando está com ironia, concordo plenamente com ele. Realmente naquela época a gente era feliz e não sabia. Hoje, vivemos num país dominado pela bandidagem. As instituições estão desmoralizadas e sem credibilidade. Nosso Presidente está sendo denunciado por formação de quadrilha. Se isso acontecesse é um país sério, ele já estaria afastado de suas funções. Nossos Deputados em sua maioria, estão envolvidos em corrupção. Nossos Senadores também estão envolvidos. Quer dizer, não escapa ninguém. Diante desse quadro, não me sinto representado por essa classe. O povo não acredita no STF, uma instituição que deveria está acima de qualquer suspeita. A polícia está desvalorizada. Ser policial no Brasil é está com os dias contados. Pode morrer a qualquer momento. Mata-se policial como mata pernilongo, formiga e outros insetos. Tá difícil ser polícia no Brasil. O Brasil está dominado e comandado por bandidos. Nossas autoridades não admitem isso, ficam chateadinhos. O Rio de Janeiro é um exemplo disso. O Estado perdeu o controle. Essa é a pura realidade. As medidas que estão sendo tomadas são paliativas. Estão enxugando gelo. É uma vergonha !

  • 3
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    Moacir dos Santos pio Machado 22/09/2017

    Professor o senhor não tem uma boca... Tem uma latrina... Beocio.

  • 4
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    orlando souza 22/09/2017

    SE MELHOROU E MUITO COM O IMPECHEMENT QUAL A RAZAO DA VOLTA DA DITADURA ?, me causa surpresa ver um pseudo professor e jornalista pedir a volta da ditadura, realmente a nossa educação e a nossa imprensa estão de mal a pior , infelizmente

  • 5
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    j paulo 22/09/2017

    Até que enfim esse professor patético, mesmo com ar de ironia, deixou seu íntimo aflorar, e a verdade saiu livremente. Tais narrativas são mesmo narrativas de nossa história e não inspiração poética e literária de um pateta.

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