Se não for delatado, Bolsonaro não será preso; se não for preso, não será delatado
Somente se o chefe estiver preso e, portanto, enfraquecido e despojado de qualquer poder, Anderson Torres e Mauro Cid terão condições de contar a verdade
Jair Bolsonaro (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
É curioso o que está acontecendo no Brasil. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, o ministro da Justiça, Flávio Dino, os brasileiros sãos e lúcidos estão cansados de saber que tanto o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, quanto o ex-ajudante de ordens, tenente coronel Mauro Cid só estão presos porque cumpriram ordens ilegais de seu chefe.
Até as paredes do Palácio do Planalto sabem que a minuta do golpe, o resgate das joias milionárias, a falsificação das certidões de vacina, a dúvida sobre as urnas eletrônicas interessavam ao ex-presidente e não a eles.
Estão presos, portanto, por causa de atos e palavras de Bolsonaro.
No entanto, está ficando evidente que Bolsonaro só terá o mesmo destino que eles, a curto prazo, se um deles disser: foi Bolsonaro quem mandou fazer.
Tanto é verdade que o que o país mais espera é uma delação de um dos ou dos dois ex-braços direitos.
Só que, enquanto Bolsonaro estiver livre, leve e solto, eles não estarão confortáveis para delatar por temer retaliação do delatado.
Enquanto está em liberdade ele pode retaliar a traição de vários modos, seja por meio de setores da Justiça que ainda controla, seja por meio de suas ligações com o submundo do crime.
Somente se o chefe estiver preso e, portanto, enfraquecido e despojado de qualquer poder, alijado do convívio social, Anderson Torres e Mauro Cid terão condições de optar entre assumir sozinhos a culpa por crimes que cometeram em parceria com ele ou contar a verdade.
Se não for delatado, Bolsonaro não será preso. Se não for preso, não será delatado.
Alex Solnik
Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
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