SEEU cumpre função estratégica para decisões informadas, diz diretor do FBSP

"O sistema cumpre papel operacional, mas, essencialmente, para dar resposta mais efetiva na dinâmica da segurança pública".

Iuri Tôrres Agência CNJ de Notícias
Publicada em 01 de julho de 2019 às 13:00
SEEU cumpre função estratégica para decisões informadas, diz diretor do FBSP

1º Encontro Nacional dos Usuários do SEEU. Em destaque, Prof. Renato Sérgio de Lima (Presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública).FOTO: Luiz Silveira/Agência CNJ

O segundo dia do Encontro Nacional SEEU 2019, nesta sexta-feira (28/6), contou com conferência do presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, sobre a importância dos dados nas políticas públicas e na gestão das informações. O especialista exaltou o Sistema Eletrônico de Execução Unificado como um grande passo para que a sistematização de dados contribua com a construção de políticas públicas, área ainda incipiente no país. "O sistema cumpre papel operacional, mas, essencialmente, para dar resposta mais efetiva na dinâmica da segurança pública", disse.

Para Lima, a falta de uma política conjunta de formulação de soluções em segurança pública é um dos maiores problemas institucionais enfrentados hoje no país. "Há uma grave crise federativa e republicana de implementação de políticas de segurança pública, dificultando a coordenação, a articulação e a integração das diferentes instituições e poderes envolvidos nas respostas públicas frente ao crime, à violência e ao império da garantia de direitos no Brasil". Para ele, o problema principal não é a falta de dados, mas a ausência de um ator estatal com competência legal para padronizar ou coordenar os esforços de produção e divulgação deles. 

Na seara do sistema penal, segundo o especialista, a situação é ainda mais complicada, porque envolve a atuação conjunta entre Poder Judiciário e o Poder Executivo e faltam mecanismos de articulação. "Não existe uma base legal para coordenar e integrar a atuação. Como neste campo o Judiciário não é apenas reativo, mas um ator ativo do processo, é importante a construção de sistema que ajude a trabalhar, articular e integrar."

Indução

O sociólogo destacou o potencial do CNJ como instituição capaz de centralizar e divulgar dados nacionais sobre o sistema de execução penal, considerando os arranjos legais e institucionais em que está fundado. "O Conselho Nacional de Justiça é o mais próximo que temos de um órgão que teria possibilidade legal de disseminação de dados coordenada. Temos muitos dados no Brasil, mas atuamos na emergência operacional, gastando muito dinheiro e esforços, mas patinamos no gerenciamento. Nos falta governança e coordenação", analisou.

Para o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a tecnologia é uma aliada para a superação desse quadro quando vem aliada a governança. "Precisamos superar a dimensão operacional, que é importante pois nos permite fazer mais, no entanto, se não tivermos dimensão política e estratégica para pensar em dados, não teremos condições de vencer a batalha de fazer Justiça de forma eficiente no contexto democrático", finalizou.

O juiz do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Anderson Paiva conduziu a conferência e destacou a enorme quantidade de informações produzidas atualmente pela justiça criminal, que acarreta, também, em um volume exponencial de processos. “O Judiciário precisa lidar com esse desafio dos nossos tempos. O SEEU é um projeto revolucionário e imperioso para a judicatura contemporânea”, afirmou.

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Encontro Nacional do SEEU

O encontro tem como objetivo fortalecer a rede de usuários do SEEU e divulgar as atualizações e aperfeiçoamentos do sistema. Obrigatório em todas as unidades da federação até o final do ano (Resolução CNJ n. 280/2019), o SEEU já é utilizado ou está em fase de implementação em 18 estados e possui mais de 750 mil processos em tramitação. A implementação e o fortalecimento do SEEU em âmbito nacional são algumas das principais ações do programa Justiça Presente, parceria entre o CNJ, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública para enfrentar o “estado de coisas inconstitucional” do sistema carcerário brasileiro apontado pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF 347.

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