Senadores lamentam ataques de Bolsonaro a trabalho da imprensa

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, fez uma defesa do trabalho da imprensa. Ele disse que “a covid-19, as mortes e seus reflexos sobre o país, embora possam aflorar maus sentimentos, impõem absoluta necessidade de união em torno de soluções”

Agência Senado/Foto: Pedro França/Agência Senado
Publicada em 22 de junho de 2021 às 17:08
Senadores lamentam ataques de Bolsonaro a trabalho da imprensa

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a imprensa "deve ser respeitada e livre para cumprir o dever de informar, mesmo na divergência”

Vários senadores foram ao Twitter na noite de ontem (21) para lamentar os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao trabalho da imprensa. O presidente não gostou dos questionamentos de uma repórter do Grupo Globo ao fato de ele ter chegado sem máscara ao município de Guaratinguetá (SP), além de já ter participado de passeios de moto e aglomerações sem o uso do adereço — obrigatório por lei no estado de São Paulo. Ele foi até a cidade para participar de uma formatura de sargentos da Aeronáutica. Bolsonaro tirou a máscara durante a entrevista, mandou a repórter e sua própria equipe calar a boca, criticou a CNN e xingou a Rede Globo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, fez uma defesa do trabalho da imprensa. Ele disse que “a covid-19, as mortes e seus reflexos sobre o país, embora possam aflorar maus sentimentos, impõem absoluta necessidade de união em torno de soluções”. Segundo Pacheco, parte fundamental desse esforço é o da “imprensa, que deve ser respeitada e livre para cumprir o dever de informar, mesmo na divergência”.

Na mesma linha, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) afirmou que a “democracia exige imprensa livre para perguntar e autoridades decentes disponíveis para responder. Vamos trabalhar para que este surto autoritário seja superado pela melhor vacina que existe, o voto!”. De acordo com o senador, Bolsonaro tenta esconder com “gritos e ofensas sua incapacidade de responder sobre coisas básicas, como os 500 mil mortos por covid-19 ou os cheques do Queiroz”.

Na visão do senador Omar Aziz (PSD-AM), a entrevista de Bolsonaro foi um "show de misoginia". Ele pediu que a repórter Laurene Santos não esmoreça e disse que “seu trabalho é importante para o Brasil melhor que todos sonhamos”. Para o senador, “gostemos ou não, o jornalismo sério é fundamental em qualquer democracia, e os que fazem disso sua lida devem ser respeitados”.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) disse que o “presidente nos brinda com mais um surto de incontinência e brutalidade, vociferando como um valentão contra uma repórter, pela sua ‘ousadia’ de fazer seu trabalho — o jornalismo”. Contarato acrescentou que “fora do seu cercadinho de bajuladores, Bolsonaro não resiste ao tranco”.

Líder da bancada feminina no Senado, Simone Tebet (MDB-MS), em entrevista ao portal Veja, lembrou que os ataques do presidente normalmente miram mulheres e classificou a atitude de Bolsonaro como “deplorável”. 

Grosseria

Para o senador Paulo Rocha (PT-PA), o episódio mostra "um grosseiro na Presidência". Ele disse que Bolsonaro se mostra “furioso e descontrolado”. Na visão do senador Humberto Costa (PT-PE), o presidente “está fora de si”, pois deu “um show de falta de educação e grosseria". E o senador Rogério Carvalho (PT-SE) apontou que, “sem equilíbrio psicológico, Bolsonaro sentiu a força das ruas; está acuado e desesperado”. Ele também disse que o presidente “sabe que a CPI da Covid chegou no mandante e não terá volta”.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que é jornalista, manifestou sua solidariedade com os colegas. Ela disse que “é inaceitável ser insultado e agredido no exercício das funções de jornalista, que é apurar, perguntar”. Para ela, mais inaceitável ainda é “quando os ataques partem do presidente”. Eliziane acrescentou que Bolsonaro mostra “um descontrole de quem não convive bem com a democracia”.

Winz

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