Senadores manifestam apoio a mobilizações antirracistas
O senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou que a população negra é a mais atingida pela violência estrutural brasileira, alimentada pelo racismo
Revolta nos Estados Unidos motivada pela violência policial contra negros se espalhou por outros países
Senadores de diferentes partidos apoiaram a mobilização antirracista que veio à tona em vários países, incluindo o Brasil, após a morte de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco em Minneapolis (EUA), na semana passada. Em suas redes sociais, parlamentares corroboraram a campanha iniciada na terça-feira (2) de que “vidas negras importam”, alguns publicando fotos com um fundo preto em seus perfis e utilizando hashtags como #RacismoNao, #VidasNegrasImportam e #BlackOutTuesday.
O senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou que a população negra é a mais atingida pela violência estrutural brasileira, alimentada pelo racismo.
“75% das vítimas de homicídio no Brasil são negras. 77% dos jovens assassinados são negros, um a cada 23 minutos. 13 mulheres são violentadas e assassinadas por dia, a maioria negra. Até quando? Basta!”, tuitou, nesta quarta-feira (3).
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, citou a história de ancestrais judeus, perseguidos durante o holocausto, para repudiar qualquer atitude discriminatória.
“Quantos negros ainda serão barbaramente assassinados até que o ser humano entenda que nada é mais hediondo do que a discriminação racial? Tenho comigo a história de antepassados que viveram os horrores do holocausto. Toda discriminação, seja de raça, cor ou credo, é mais do que um crime. É uma afronta à humanidade”, avaliou Davi via Twitter.
Na mesma linha, publicou a senadora Mailza Gomes (PP-AC):
“Sou contra qualquer tipo de violência! Vidas negras, brancas, indígenas importam, sim! Não importa de que cor somos. Somos humanos. Somos gente. Basta de violência! Precisamos nos unir para enfrentar essa pandemia que já matou mais de 30 mil pessoas no Brasil. Somente com união, diálogo e amor teremos um mundo melhor para viver.”
O senador Romário (Podemos-RJ) condenou o racismo e também a escalada do fascismo.
“O mundo caminha sobre os ombros da injustiça há séculos. De tempos em tempos, a sociedade vai percebendo que certas práticas são injustificáveis e a dor de ‘um’ acaba dando voz à dor de milhões de pessoas, formando uma rede poderosa capaz de promover mudanças. Estou falando obviamente do racismo, uma injustiça fatal a milhões de pessoas em todo o mundo, mas também estou falando do fascismo, que já foi combatido no passado, mas parece querer botar as garras de fora novamente”, disse.
“Vidas negras importam! Um basta para o genocídio do povo negro”, salientou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
“Não podemos e não devemos mais aceitar atitudes racistas e criminosas. A indignação com o que afeta o meu irmão é o primeiro passo para uma sociedade mais justa!”, disse o senador Carlos Fávaro (PSD-MT).
“Basta de violência contra os negros”, afirmou a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES).
“Parem de matar!”, tuitou o senador Paulo Rocha (PT-PA).
Fundação Palmares
Em meio aos protestos contra o racismo, a imprensa divulgou um áudio do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, classificando o movimento negro brasileiro de “escória maldita” e “vagabundos”, durante uma reunião na entidade, no fim de abril. Na ocasião, Camargo também criticou o símbolo da luta anti-escravista que nomeia a instituição, Zumbi dos Palmares — que seria um “filho da p. que escravizava pretos”, na opinião do dirigente.
“O que esse criminoso ainda faz à frente da Fundação Palmares? Enquanto o mundo combate o racismo, o Brasil volta aos piores momentos da história da humanidade com essa corja no poder! Não vamos permitir esse absurdo!”, protestou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O parlamentar informou ter apresentado um projeto de lei que aumenta as penas para os crimes de racismo e injúria racial cometidos no Brasil. O PL 3.054/2020 aguarda designação de relator.
“O racismo mata, seja George Floyd nos EUA, seja João Pedro [menino negro de 14 anos morto em operação policial no Rio de Janeiro em maio] e tantos outros no Brasil. Aumentamos a pena mínima para 3 anos para combater a impunidade no Brasil, porque nas raras hipóteses de condenação geralmente se aplica a pena mínima de 2 anos, possibilitando a suspensão condicional da pena. Queremos Justiça!”, cobrou no Twitter.
Eliziane Gama (Cidadania-MA) demonstrou indignação com a postura do dirigente da Fundação Palmares.
“O presidente da Fundação Palmares, Sérgio, é um homem amargo. Odeia as pessoas, sua própria história. Passará, será esquecido. Chamar o movimento negro de ‘escória maldita’ é um comportamento execrável. A contribuição da cultura negra ao país é indestrutível. Qualificar o movimento negro como escória é desprezar a desigualdade histórica entre brancos e negros no Brasil. O presidente da Fundação Palmares nos envergonha com suas declarações. Sua tentativa de criar uma cultura negacionista ofende e agride”, tuitou.
“A ação criminosa e repulsiva desse senhor não terá guarida num país diverso e majoritariamente negro como o Brasil! Somos um povo muito melhor e maior que esse consórcio bolsonarista do ódio, da perseguição, da mentira e do racismo!”, tuitou ainda o senador Fabiano Contarato (Rede-ES).
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