Sinecurismo às escâncaras

Corre nas redes sociais uma lista com mais de quatrocentos nomes de pessoas nomeadas para o exercício de cargos comissionados e funções de confiança nos mais diversos setores da prefeitura de Porto Velho.

Valdemir Caldas
Publicada em 26 de julho de 2017 às 17:30

Corre nas redes sociais uma lista com mais de quatrocentos nomes de pessoas nomeadas para o exercício de cargos comissionados e funções de confiança nos mais diversos setores da prefeitura de Porto Velho. Algumas teriam sido indicadas por políticos, dirigentes partidários, autoridades públicas e até empresário. Outras, porém, chegaram aos postos por mérito pessoal.

Houve quem se surpreendesse com a quantidade de gente. Outros, contudo, nem tanto. Afinal de contas, o nepotismo constitui uma marca registrada da administração pública brasileira. Está, portanto, enfronhado na cultura nacional. Errou, pois, quem imaginava que agora as coisas seriam diferentes. Mudaram alguns personagens, mas o enredo é o mesmo.

O nepotismo, o sinecurismo, o afilhadismo e tantos outros ismos, são pragas que atingem não apenas a prefeitura da capital. Se voltarmos nossos olhos para outras latitudes, vamos encontrar focos resistentes em várias esferas de poder. Espantoso, contudo, seria comprovar o predomínio da meritocracia sobre esses e outros cancros que corroem as entranhas do serviço público.

Não sem motivo, o poder judiciário, acionando pelo Ministério Público do Estado de Rondônia, mandou o dirigente municipal proceder a uma faxina geral nos quadros da prefeitura, o que é extremamente salutar. O Brasil caminha, não no ritmo desejado, para varrer o nepotismo da sua história e consolidar práticas mais modernas, ampliando, destarte, a noção de respeito às leis e às instituições.

Nesse processo, a democracia é fortalecida e a compreensão das cidadãs e dos cidadãos sobre ela se aprofundará. É preciso, no entanto, confirmar se a prefeitura seguiu à risca a decisão judicial, qual seja a exoneração de comissionados que não estejam exercendo cargos de direção, chefia e assessoramento.

Chegará o dia em que o maldito jeitinho será apenas uma amarga lembrança de uma etapa da nossa história e uma lição de um passado que precisa ser superado completamente. Assuntos como nepotismo, sinecurismo, clientelismo, apadrinhamento, afilhadismo, serão superados e a população poderá ampliar a sua confiança no poder público e nas suas instituições, cuja missão é zelar pelos seus interesses.

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