Solução à vista no caso Marielle?
Em poucos meses, temos a retomada das investigações e soluções que não foram dadas em cinco anos
Marielle Franco. Foto: Câmara Municipal do Rio
Mais de cinco anos sem Marielle e o caso não foi resolvido. Até agora. A contagem progressiva que começou no primeiro mês de crime sem solução da minha página, da Eliane Brum e da Laerte continuará somando os dias até as respostas serem respondidas. A luz no fim do túnel se deu com a fala do Ministro da Justiça, Flávio Dino, que estamos perto da solução da pergunta. Em poucos meses, temos a retomada das investigações e soluções que não foram dadas em cinco anos. A promessa está quase sendo cumprida por nosso ministro. Mas por que cinco anos não foram capazes de responder essa pergunta?
Sempre se falou, sem nada oficial, que Marielle incomodava a milícia. Algo, que incomoda a qualquer político não ligado a essa máfia. Qual o cenário que tivemos todo esse tempo? Adriano da Nóbrega, amigo de da família Bolsonaro, com intimidade que o próprio falou que não existia. Adriano ainda participou do esquema de rachadinha, com o assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz. A mãe e esposa de Adriano também eram funcionárias de Flávio. No final, Adriano da Nóbrega, homenageado por Carlos Bolsonaro na Câmara e amigo da família, suspeito de envolvimento no caso Marielle, é morto em operação policial na Bahia. Suspeita-se de queima de arquivo.
Na época do assassinato, estava havendo uma intervenção federal a mando de Michel Temer no Rio de Janeiro, por conta dos problemas de tráfico na cidade. Depois de um tempo de choque com o ocorrido, estive em uma festa, que um policial civil, que não conhecia estava na roda e falou que sabia quem tinha encomendado a morte. Ele falou o nome e todos na roda não se surpreenderam.
Até agora o que tínhamos reunido? VIVENDAS DA BARRA, condomínio da residência do ex-presidente Bolsonaro, com o vizinho Ronnie Lessa, preso apontado pela morte de Marielle Franco, é também um dos alvos da PF em operação contra tráfico de armas onde encontraram mais de 100 fuzis e o ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz. O depoimento é claro, corroboram como provas daquele dia pelo ex-militar. Ronnie Lessa, também pode ajudar em sua possível delação premiada.
Bolsonaro em conversa vazada no vídeo da boiada é bem claro falando que não se interessava por nenhum diretor da Polícia Federal, mas apenas no Rio de Janeiro, por quê? Cinco delegados trocados em cinco anos. Alguns delegados que estavam chegando perto, foram alocados e transferidos, logo depois um trabalho de destruição de provas foram efetuadas e materiais que acabaram sumindo misteriosamente. Acaba existindo a pergunta sob a pergunta: Realmente é um caso difícil, conluio da presidência ou incompetência do MPRJ, polícia civil do RJ e polícia federal?
A destruição dos rastros foi definitiva? A resposta é que o depoimento de delação premiada, responde todo processo de busca, assassinato e destruição de provas. Sabemos que delação não diz respeito a apontar quem está abaixo nas posições do crime e sim quem está acima.
Chegaram a apontar Domingos Brazão, vereador e opositor de Marielle como possível mandante, sendo que seu irmão, o vereador Chiquinho Brazão, também opositor de Marielle, e que ganhou de Bolsonaro passaporte diplomático, aparentemente foi a cortina de fumaça que a extrema direita precisava para tirar a família Bolsonaro da reta e tudo foi parado, sem menor interesse pela Polícia Federal do Rio de Janeiro. Achava-se que o retorno as investigações seria muito difícil depois de tanto tempo, porém, não existe crime perfeito. Por isso, as delações ajudaram o rumo das investigações e colheita de novas provas. Marielle não combatia a milícia, mas era pedra no sapato para a expectativa da futura eleição para o senado no Rio de Janeiro. Foi um assassinato político.
Enquanto isso, continuamos a luta. Eu continuarei minha contagem progressiva, mesmo durando mais tempo. Só que agora, com a esperança que finalmente estamos chegando ao fim do mistério. Parece que Marielle do outro lado da vida ainda é combativa e guerreira.
André Barroso
Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto
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