Sou contra o aumento da tarifa de ônibus. Meu vizinho também. O vizinho do meu vizinho está fulo da vida com o reajuste de R$ 3,80 da passagem para o transporte coletivo. Se fosse vivo, meu pai certamente seria contra o aumento. Ele andava de ônibus. Até meu sogro, que há muito tempo não anda de ônibus, acha o aumento um absurdo.

O vereador Junior Cavalcante (PHS), que integra a base aliada do prefeito Hildon Chaves, não esconde sua insatisfação com o reajuste da tarifa. Seu colega de Câmara, Edésio Fernandes, considera o aumento extemporâneo, sobretudo num momento de crise pelo qual passa o país, com mais de 15 milhões de desempregados.

A vereadora Cristiane Lopes segue na mesma linha raciocínio de seus colegas. Para ela, o aumento é injustificável. Difícil é encontrar alguém que não seja contra o reajuste da tarifa. No Rio de Janeiro não houve aumento. O prefeito Marcelo Crivela colocou o pé no freio.   

As exceções ficam por conta do Consórcio SIM, do Conselho Municipal de Transporte, que não sabe fazer outra coisa a não ser dizer amém às planilhas de custo, apresentadas pelos dirigentes do setor, e, claro, do prefeito, que assinou o decreto, engordando o caixa das empresas em quase 30%.

Andar de ônibus, em Porto Velho, é um calvário O usuário tem todos os motivos do mundo para reclamar. A via-crúcis começa logo cedo, a caminho do trabalho. Não é fácil esperar uma condução quase duas horas numa para em pé e sem cobertura.

Não é por demais repisar, contudo, que se pratica em Porto Velho uma das tarifas de ônibus mais caras do país, enquanto os serviços prestados são da pior qualidade. São carros, em sua maioria, velhos e malconservados. Aqui e acolá é fácil encontrar um deles pifado pelo meio do caminho.

Protestar é importante. Mas só isso não basta. É preciso ir além das queixas e reclamações. A Câmara Municipal de Porto Velho tem a obrigação de chamar para si a responsabilidade e abrir um grande debate com a sociedade sobre o sistema de transporte coletivo da capital.