Taekwondo brasileiro levará três atletas a Tóquio 2020
Ícaro Miguel, Milena Titoneli e Netinho vão estrear em Olimpíadas
© CBTK/Divulgação/Direitos Resrvados
Os lutadores Edival Maques, o Netinho, Milena Titoneli, e Ícaro Miguel estão de volta ao Brasl, após assegurarem presença brasileira no taekwondo em Tóquio 2020. A conquista das vagas aconteceu durante o Pré-Olímpico Continental disputado em Heredia (Costa Rica), no início deste mês. A Agência Brasil conversou com dois deles: Ícaro Miguel (categoria até 80Kg) e Milena Titoneli (até 68Kg), que treinam em São Caetano do Sul (SP). Em virtude do avanço da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a dupla foi liberada para ficar com a família até o dia 31 de março.
Ícaro Miguel
Para garantir a tão desejada vaga olímpica, o mineiro de Belo Horizonte(MG) teve que ultrapassar um desafio a mais, além dos adversários dentro do tatame. Depois de passar por um acidente doméstico com apenas seis anos de idade, ele ficou com apenas 10% da visão olho direito. Mesmo assim, foi vice-campeão mundial na categoria até 87 kg (não olímpica) e prata no Pan-americano de Lima (Peru). Para voltar aos 100% do olho direito, seria necessária uma cirurgia de transplante da córnea. Só que para isso ele teria que abrir mão da carreira e do sonho olímpico. Era demais para Ícaro, ainda mais em ano olímpico. Depois de voltar à Minas Gerais, ele não segurou a emoção. " Foi um grande momento. Eu sempre soube que estaria na Olimpíada. Só não sabia quando. Conquistar a vaga já era algo esperado até pelo desepenho que eu vinha apresentando. Mas confesso que me emocionei muito por ter concretizado esse sonho. Todos os meus familiares estavam aflitos e ansiosos com a minha chegada. Assim como eu queria dar um abraço em meus pais, eles também queriam isso de mim. Foi demais", comenta.
Mesmo com as incertezas em relação à manutenção do cronograma dos Jogos Olímpicos em virtude da pandemia do coronavírus (Covid-19), todos os atletas mantêm o seu cronograma de treinamentos. E com o Ícaro não é diferente. "Após a conquista da vaga, tínhamos toda a preparação montada com os meus treinadores Clayton e Reginaldo. Agora, teremos que fazer algumas alterações, mas tenho certeza que estaremos 100% às vésperas dos Jogos".
O calendário inicial colocava os Jogos Olímpicos para o período de 24 de julho a oito de agosto. Mas, a crise do Covid-19, que já matou mais de nove mil pessoas ao redor do mundo, parece que já colocou dúvidas na cabeça dos dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI). É o que mostra as últimas declarações deles. Mas, o atleta brasileiro segue otimista. "Apesar de todos esses problemas, a epidemia já está sendo controlada e até lá creio que tudo estará próximo ao normal".
Em competições não olímpicas, Ícaro Miguel compete na categoria até 87 kg. Mas, para os Jogos de Tóquio, ele se enquadra na categoria até 80 kg, na qual está em quarto lugar (Maksim Khramtcov, da Rússia, é o líder. Milad Beigi Harchegani, do Azerbaijão, vem em segundo. Depois, segue Cheick Sallah Cisse, de Costa do Marfim). Para o lutador brasileiro, todos podem alcançar o pódio. "São grandes adversários, mas esquecer os demais seria injusto com a história de cada atleta. Estamos falando de uma Olimpíada. São os 16 melhores do mundo. E cada um ali tem as suas qualidades e chances reais de estar no pódio."
Milena Titoneli
A conquista da vaga na categoria até 67 kg foi mais um passo na história esportiva da paulista de São Caetano. Nos Jogos Pan-americanos de Lima (Peru), ela já havia sido a primeira brasileira a faturar uma medalha de ouro. Em maio do ano passado, ela voltou da Inglaterra com o bronze do Mundial da modalidade. Agora, o próximo passo é igualar, ou até mesmo superar, a medalha de bronze da Natália Falavigna (atual coordenadora de Seleções da Confederação Brasileira da modalidade) nos Jogos de Pequim em 2008, até hoje a única medalha feminina do Brasil no taekwondo."É uma das minhas maiores metas, poder levar o nome do taekwondo brasileiro e da minha equipe, a Two Brothers Team, sempre aos lugares mais altos do pódio. Estou muito feliz em contribuir nessa parte do esporte nacional e fico muito mais feliz em saber que estou escrevendo meu nome na história do esporte de forma positiva", comemorou a jovem atleta.
Titoneli retornou à São Caetano logo após a conquista da vaga na Costa Rica. E, logo na chegada, viveu sentimentos opostos. "Devido aos problemas que estamos passando por conta da Covid-19, ainda não tive a oportunidade de me encontrar com os meus colegas de treino. Mas, em casa, a festa foi em dobro. Comemoramos a vaga e o aniversário da minha mãe, que foi dois dias após a minha chegada. Mas é claro que mantive todos os cuidados com a minha saúde nesse momento. Infelizmente, não fui ver os meus avós e minhas tias-avós por exemplo", lamentou.
Mesmo sem poder treinar onde normalmente pratica atividades físicas, ela não descuida da preparação. "Claro que pode atrapalhar um pouco. Mas meus preparadores físicos e meus técnicos estão me passando planilhas de treinos para que eu me mantenha em forma em casa mesmo. Acredito que todo mundo está fazendo isso".
Outro fato valorizado por ela é o compromisso firmado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) com a igualdade de gênero e com a evolução técnica das atletas. Dos 178 nomes já confirmados em Tóquio, no início do mês de março, 80 eram mulheres. " Isso significa muito, sim. Queremos mostrar ao mundo que as mulheres têm força e poder iguais aos homens. E poder fazer isso nos Jogos Olímpicos não tem preço. Sempre digo que podemos fazer qualquer coisa que quisermos".
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