Tarcísio veste o boné, enquanto Trump sobretaxa indústrias paulistas

Ao celebrar Trump, o governador de São Paulo se distanciou dos interesses de uma fatia importante da economia paulista, diz Aquiles Lins

Fonte: Aquiles Lins - Publicada em 11 de fevereiro de 2025 às 19:07

Tarcísio veste o boné, enquanto Trump sobretaxa indústrias paulistas

Tarcísio de Freitas usa boné com slogan da campanha de Donald Trump (Foto: Reprodução/YouTube)

A declaração de subserviência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ponto de aparecer usando um boné com o slogan da campanha trumpista, pode ter um custo alto para os projetos políticos e eleitorais do governador bolsonarista.

Sob o lema de "fazer a América grande novamente", Trump irá prejudicar diretamente a burguesia industrial que Tarcísio representa. Nesta segunda-feira (10), o presidente estadunidense anunciou medidas que impõem tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelos EUA, atingindo países como Brasil, Canadá e México. A decisão tem impacto direto na indústria paulista, já que São Paulo abriga algumas das maiores siderúrgicas e metalúrgicas do país. Empresas como Gerdau, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Termomecanica e Grupo Simec estão entre as afetadas pelas sobretaxas.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá. Em 2024, foram enviadas 4,1 milhões de toneladas do produto ao mercado americano. Para o setor siderúrgico nacional, os Estados Unidos representam um destino essencial, absorvendo 12 vezes mais aço brasileiro do que a Europa. Com a nova tarifação, a competitividade dessas exportações será drasticamente reduzida.  

O impacto direto na economia paulista não pode ser subestimado. A Gerdau, por exemplo, investiu R$ 700 milhões na modernização de sua planta em Pindamonhangaba para atender à crescente demanda de aços especiais. A CBA, maior produtora de alumínio do país, localizada no interior de São Paulo, verá sua capacidade de escoamento reduzida. Já a Termomecanica, em São Bernardo do Campo, e a Lealfer, em Guarulhos, que dependem da exportação para sustentar seus negócios, podem enfrentar desafios severos. 

Nenhum destes empresários, bem como os trabalhadores, irão apoiar um governador que age contra seus interesses econômicos. Ao vestir o boné e exaltar a nova administração americana, o governador não apenas reforçou seu alinhamento com a direita internacional, mas também se distanciou dos interesses de uma fatia importante da economia paulista.

No jogo diplomático, alinhamentos políticos importam, mas raramente superam interesses comerciais. Trump demonstrou, com essa decisão, que sua agenda protecionista prevalece sobre afinidades ideológicas. Enquanto Tarcísio celebra, as indústrias paulistas podem estar prestes a pagar um preço alto pela festa.

Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

162 artigos

Tarcísio veste o boné, enquanto Trump sobretaxa indústrias paulistas

Ao celebrar Trump, o governador de São Paulo se distanciou dos interesses de uma fatia importante da economia paulista, diz Aquiles Lins

Aquiles Lins
Publicada em 11 de fevereiro de 2025 às 19:07
Tarcísio veste o boné, enquanto Trump sobretaxa indústrias paulistas

Tarcísio de Freitas usa boné com slogan da campanha de Donald Trump (Foto: Reprodução/YouTube)

A declaração de subserviência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ponto de aparecer usando um boné com o slogan da campanha trumpista, pode ter um custo alto para os projetos políticos e eleitorais do governador bolsonarista.

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Sob o lema de "fazer a América grande novamente", Trump irá prejudicar diretamente a burguesia industrial que Tarcísio representa. Nesta segunda-feira (10), o presidente estadunidense anunciou medidas que impõem tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados pelos EUA, atingindo países como Brasil, Canadá e México. A decisão tem impacto direto na indústria paulista, já que São Paulo abriga algumas das maiores siderúrgicas e metalúrgicas do país. Empresas como Gerdau, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Termomecanica e Grupo Simec estão entre as afetadas pelas sobretaxas.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá. Em 2024, foram enviadas 4,1 milhões de toneladas do produto ao mercado americano. Para o setor siderúrgico nacional, os Estados Unidos representam um destino essencial, absorvendo 12 vezes mais aço brasileiro do que a Europa. Com a nova tarifação, a competitividade dessas exportações será drasticamente reduzida.  

O impacto direto na economia paulista não pode ser subestimado. A Gerdau, por exemplo, investiu R$ 700 milhões na modernização de sua planta em Pindamonhangaba para atender à crescente demanda de aços especiais. A CBA, maior produtora de alumínio do país, localizada no interior de São Paulo, verá sua capacidade de escoamento reduzida. Já a Termomecanica, em São Bernardo do Campo, e a Lealfer, em Guarulhos, que dependem da exportação para sustentar seus negócios, podem enfrentar desafios severos. 

Nenhum destes empresários, bem como os trabalhadores, irão apoiar um governador que age contra seus interesses econômicos. Ao vestir o boné e exaltar a nova administração americana, o governador não apenas reforçou seu alinhamento com a direita internacional, mas também se distanciou dos interesses de uma fatia importante da economia paulista.

No jogo diplomático, alinhamentos políticos importam, mas raramente superam interesses comerciais. Trump demonstrou, com essa decisão, que sua agenda protecionista prevalece sobre afinidades ideológicas. Enquanto Tarcísio celebra, as indústrias paulistas podem estar prestes a pagar um preço alto pela festa.

Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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Comentários

  • 1
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    Martins 13/02/2025

    Não se pode alegar ignorância do incauto, como na maioria dos patriotas. Em nome de uma retórica pra agradar a massa de fanático, foi capaz de até ir contra os interesses do país e porque não dizer do estado de São Paulo.

  • 2
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    Fabio Henrique 13/02/2025

    Um cara que é governador do mais importante estado do Brasil, pais que vem sendo achacado, humilhado e penalizado pelos Estudos Unidos, se coloca de joelhos e lambe os pés de Donald Trump, ainda tem coragem de se intitular patriota.

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