Todos os golpes dos Bolsonaros fracassaram

'Agora, talvez falte tudo, mas faltem principalmente militares e milicianos que os acompanhem até o fim', escreve o colunista Moisés Mendes

Moisés Mendes
Publicada em 04 de agosto de 2022 às 14:33

www.brasil247.com -

(Foto: ABR | Divulgação)

Os Bolsonaros serão testados pela primeira vez como protagonistas de um golpe, se conseguirem levar o blefe adiante. Como figurantes ou como coadjuvantes dos golpes dos outros, eles são um fracasso.

As experiências internacionais da família foram terrivelmente patéticas. No final de abril de 2019, Eduardo Bolsonaro viajou a Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela, para testemunhar e apoiar um golpe.

Chegou a anunciar que pretendia comemorar no Brasil o que aconteceria do outro lado. Depois, passaria a fronteira para abraçar Juan Guaidó, que tenta todos os anos derrubar Nicolás Maduro.

O fascista fracassou e Dudu voltou para casa sem comemorar nada. A imprensa brasileira tratou a tietagem do sujeito com a maior naturalidade. Guaidó virou um traste e vem perdendo apoio entre os golpistas venezuelanos.

Outro fracasso aconteceu também em 2019. Bolsonaro já confessou por duas vezes que teve pelo menos um encontro clandestino com Jeanine Añez, a então senadora usada como laranja pela extrema direita no golpe de novembro daquele ano contra Evo Morales.

Bolsonaro encontrou-se com uma coitada. O Movimento ao Socialismo voltou ao poder pelo voto. O golpe durou um ano, e Jeanine está presa desde março do ano passado com todos os chefes militares e da Polícia Nacional e os líderes de milícias armadas.

Bolsonaro adora Jeanine, que já foi condenada pela Justiça, e chegou a oferecer asilo à golpista, quando admitiu pela segunda vez que esteve com ela sem que o encontro tenha registro oficial.

E agora o fracasso mais retumbante. Em janeiro do ano passado, Eduardo esteve nos Estados Unidos, de novo como emissário do pai.

Teve reuniões secretas com envolvidos na articulação da invasão do Capitólio, um dia antes do levante de 6 de janeiro, mas fez questão de deixar rastros, para poder se exibir.

O golpe comandado por Trump e um homem com guampas fracassou e Eduardo pode agora ser incluído na lista de investigados da sindicância conduzida pelo Congresso.

Se for condenado, o assador de hambúrguer, que já teve o sonho de ser embaixador em Washington, ficará impedido de entrar nos Estados Unidos para sempre.

Nenhum golpista vai querer um Bolsonaro por perto. Os golpes fracassados deixaram sequelas. A extrema direita venezuelana reunida em torno de Guaidó não tem mais a mesma força.

Do fascismo boliviano, só restou com alguma expressão Luis Fernando Camacho, o Bolsonaro deles, porque tem imunidade como governador de Santa Cruz de la Sierra.

Trump já não detém, como chegou a ter logo depois da eleição de Joe Biden, o controle absoluto da direita americana e do partido Republicano. E poderá ser condenado como chefe da invasão.

Falta aos Bolsonaros um portfólio de golpes que tenham dado certo – na trama contra Dilma, eles não foram, porque eram apenas medíocres sem poder, nem figurantes de Eduardo Cunha.

Agora, na hora da verdade do teste do blefe, talvez falte tudo, mas faltem principalmente militares e milicianos que os acompanhem até o fim.

Nos outros golpes, quando tentaram se afirmar como nomes de respeito da extrema direita mundial, os Bolsonaros perderam e voltaram para casa.

No golpe que será todo deles, a casa pode desabar sobre a família e os agregados civis e fardados.

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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