Uma fila sem fim: milhares de rondonienses esperam cirurgias oftalmológicas do SUS

E mais: Como antecipou essa coluna, se comentou que ninguém deveria se surpreender, caso inimigos formais passassem a ser aliados na eleição de  outubro.

Sérgio Pires
Publicada em 22 de julho de 2018 às 16:21
Uma fila sem fim: milhares de rondonienses esperam cirurgias oftalmológicas do SUS

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Por ano, algo em torno de 7.500 rondonienses precisam, de imediato, de cirurgia nos olhos, para combater principalmente a catarata. Se as cirurgias fossem feitas 30 dias no mês, incluindo sábados, domingos e feriados, pelo menos 21 pessoas deveriam ser atendidas por processos cirúrgicos, alguns até mais simples, para poderem  voltar a enxergar melhor ou, em casos mais graves, evitar a cegueira. Esse é o número de pacientes com problemas oftalmológicos na fila do SUS, que tem apenas um centro cirúrgico para esse fim, no Hospital de Base e que só pode atender, no máximo, quatro cirurgias/dia. Seriam então 20 operações dos olhos por semana; 80 no mês; 960 no ano. Ou seja, a cada dezembro, nos últimos anos, perto de 6.600 pacientes deixam de ser atendidos. Eles vão se somar a outros 7.500 e assim sucessivamente, até se chegar a um número completamente impossível de serem atendidos. E isso que, nos últimos anos, a situação melhorou muito. Estava bem pior. Não há investimentos em estrutura, não há centros cirúrgicos no interior (todas as cirurgias do SUS são na Capital ) e as empresas especializadas  contratadas, como aqueles caminhões pra mutirões de cirurgias, que circulam pelas cidades, são ações que ajudam, mas não resolvem. A esperança de milhares de pessoas é de que mais investimentos sejam feitos, mais centros cirúrgicos sejam construídos, mais profissionais sejam contratados.

A saúde pública no Brasil, sempre ressalvando-se as honrosas exceções, ainda é tratada com paternalismo, irresponsabilidade e falta de visão (com o perdão do trocadilho). Nossos investimentos públicos no setor não passam de 3,8 por cento do PIB, uma média dos últimos anos, enquanto países como o Uruguai (6,1 por cento do PIB), Colômbia (5,4 por cento), Panamá (5,9 por cento) e Paraguai (4 por cento), investem cada vez mais na saúde da sua população.  O poder centralizado permite que  os governantes decidam para onde vão as verbas, quem merece recebê-las e quando serão aplicadas. Um prato cheio para políticos que se eternizam no poder, às custas da tragédia do povão. Recentemente, numa campanha Presidencial, um dos candidatos promoveu a maior campanha de cirurgias oftalmológicas já realizadas no país. Por coincidência, certamente, o fez antes de deixar o cargo para concorrer, era Ministro da Saúde. A ironia é válida, até porque nos anos anteriores à candidatura, os números de cirurgias eram pífios. Em Rondônia, felizmente, os gestores da saúde têm sido sérios, os avanços são concretos e não prevalece a politicagem eleitoreira. Mas, nesse quesito das cirurgias oftalmológicas,  o Estado também está longe de resolver o grave problema.

TUCANOS OFICIALIZAM EXPEDITO

Expedito está no jogo. Numa convenção presenciada por grande número de rondoniense, o tucano oficializou sua   pré candidatura ao Governo do Estado, num encontro cheio de estrelas, como o presidenciável Geraldo Alkmin e representantes de outras siglas aliadas. A pré convenção da coligação PSDB-DEM- confirmou também o deputado federal Marcos Rogério para a disputa ao Senado e deixou  como aberta a questão do nome do pastor Edesio Fernandes, do PRB, para a segunda vaga.  Um dos destaques do encontro, foi, claro, a presença do ex governador e senador Ivo Cassol, que fez um discurso homenageando Expedito. Ele chegou a dizer que, se a dupla não estiver junta nessa caminhada, é porque ele, Cassol, terá sido voto vencido dentro da sua coligação. Expedito parte agora em busca de outros apoios, porque havia possibilidade de reunir até onze siglas em torno do seu nome, mas, com as mudanças ocorridas nos últimos dias, o projeto diminuiu bastante. Até agora, quem conseguiu impor suas decisões foi Marcos Rogério, que sai ao Senado, mas não traz a turma de Cassol até porque já avisou que não faria campanha para Carlos Magno.  O jogo está sendo jogado, ainda e a história pode ter reviravoltas. Numa eleição como essa que está chegando, nada pode ser considerado definitivo.

TRÉGUA ENTRE CASSOL E ACIR

Como antecipou essa coluna, se comentou que ninguém deveria se surpreender, caso inimigos formais passassem a ser aliados na eleição de  outubro. É que durante toda a quinta e também na sexta, prosseguiram conversações para colocar no mesmo palanque as turmas de Ivo Cassol e Acir Gurgacz. Isso mesmo! Os dois viveram às rusgas e agressões verbais durante anos, com ataques mútuos e duríssimos, pela mídia, até recentemente. Se detestam. Agora, haverá uma trégua, ao menos até a eleição. Acir topou receber a candidatura de Carlos Magno, do grupo de Cassol, para uma das duas vagas ao Senado em sua coligação, de olho, também, numa forte  nominata de deputados federais. A outra vaga  ao Senado já estava garantida para Jesualdo Pires. A semana foi uma sucessão de surpresas. Primeiro, a exigência de Cassol, avisando que só negociaria com quem abrisse espaço para Magno.houve  Depois, outra ação inesperada: o grupo de Cassol, caiu fora do Frentão que estava sendo preparado para apoiar Expedito Júnior ao Governo. Por fim, a bomba: embora os dois continuem sendo inimigos políticos, representantes dos dois - Cassol e Acir – conversaram e se acertaram, para uma parceria nas urnas, em outubro. O que mais falta acontecer nessa fase de pré campanha? Quem acha que está tudo já fechado e acertado, certamente está cometendo grande erro. Há ainda algumas bombas sendo fabricadas...

UM NOVO ALKMIN?

Geraldo Alkmin foi um sucesso em Rondônia! Circulou no meio do tucanato e aliados com desenvoltura, foi  homenageado com um jantar com 100 convidados especiais na Fimca, em Porto Velho e em seus discursos, incluindo no que fez neste sábado, na pré convenção que oficializou Expedito como o nome do PSDB ao Governo, em Ji-Paraná, falou tudo o que a plateia queria ouvir. O presidenciável do Centrão, que continua mal nas pesquisas, mas que pode surpreender, até porque terá o maior tempo de TV e Rádio, na propaganda eleitoral gratuita, disse que quer ser o Presidente de Rondônia. Que quer duplicar a BR 364. Que vai dar uma atenção muito especial ao crescente agronegócio do Estado.  Que quer acabar com os conflitos de terra e com as invasões a fazendas. Que chegou a hora de Expedito Júnior governar o Estado. Em suas palavras, também rasgou elogios à deputada Mariana Carvalho; ao candidato ao Senado, Marcos Rogério e a outros personagens importantes entre os tucanos rondonienses.  Enfim, Alkmin, por aqui, ficou muito longe daquele político que sempre parece ser frio e sem emoções. Nessa sua visita ao Estado, o presidenciável tucano não só causou emoção, como também a demonstrou.  Será que veremos, na campanha, um novo Alkmin?

TRÊS DA MESMA REGIÃO

Com três candidatos ao Senado da mesma região, um tirando voto do outro, quem ganha nessa aliança? Jesualdo Pires é ex prefeito de Ji-Paraná e político que fez sua vida pública a partir daquela cidade, de onde saiu, consagrado como um prefeito com alta avaliação, para entrar na briga pelo Senado. Estava sozinho, até há pouco, porque seus principais adversários eram apenas os emedebistas Valdir Raupp e Confúcio Moura. Ele, Jesualdo, teria grandes chances, sendo a opção do segundo voto, buscando-os  como uma alternativa muito viável, fora do MDB. Em poucas semanas, tudo mudou. Primeiro, com a decisão de Marcos Rogério, que abre mão de uma reeleição praticamente garantida à Câmara Federal, para também entrar na guerra senatorial. Marcos é da mesma Ji-Paraná de Jesualdo. Foi lançado na política pelas mãos de Acir Gurgacz, de quem acabou se afastando e tendo brilho próprio. Poucos dias depois, o grupo de Ivo Cassol avisou que não abriria mão de ter seu próprio candidato. E lançou Carlos Magno, mais um da região central, onde foi prefeito de Ouro Preto, depois deputado estadual e deputado federal. E agora? Será que a divisão dos votos pode tirar a chance da região mais importante do Estado ter seu representante eleito ou, ao contrário, o segundo voto pode ajudar especialmente ao menos um deles? Esperemos para ver...

OS ÔNIBUS E O AMADORISMO

Enquanto a questão do transporte coletivo em Porto Velho for tratada com amadorismo e desrespeito aos contratos, não haverá chance de melhora. Em São Paulo, por exemplo, do custo de 7,9 milhões de reais do sistema de transporte por ônibus, há subsídios que ultrapassam os 2,9 milhões de reais, com dinheiro público. Isso permite que a Prefeitura paulista controle o sistema, faça exigências, cobre qualidade e puna as empresas que não cumprirem corretamente seu trabalho e os serviços que preste ao usuário. Em Porto Velho, é uma baderna. O próprio município dá o exemplo. Não subsidia nada; enche as empresas de responsabilidades e benesses (passagens gratuitas e meias passagens para várias categorias, ou seja, a tarifa encarece, porque o usuário que paga sua passagem, paga também pelos outros) e faz de conta que não é com ela o grave problema que chega, no final,  a um serviço ruim ao usuário. Só um exemplo: contrato entre Prefeitura e empresas, obriga o município a asfaltar todas as ruas e avenidas por onde trafegam as linhas urbanas. A Prefeitura, alguma vez na história, cumpriu  sequer essa parte no acordo? Claro que não. Cobra, então, com que moral?

UM TRISTE E TRÁGICO EXEMPLO

O que está havendo com essa cidade, onde uma menina, pouco mais que uma criança, de menos de 15 anos é assassinada cruelmente, com tiros à queima roupa, na cabeça, como aconteceu nesta sexta à  noite, no meio da rua, no bairro Escola de Polícia? A brutalidade, que  envolve toda a sociedade brasileira e que causou pelo menos 60 mil assassinatos em 2017 (em Rondônia, foram 508 no ano passado e mais de 70, apenas nos dois primeiros meses deste ano), se acentua entre os jovens. São eles que mais matam e são eles que mais morrem. Números oficiais apontam que o assassinato de jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos corresponde a quase 48 por cento do total de óbitos registrados no período estudado, nos últimos dois anos. Assusta ainda o percentual de jovens mulheres brutalmente mortas. Estamos perdendo uma geração inteira para o crime, para as drogas, para a violência. Nada de prático está sendo feito para mudar essa situação. Até porque o assunto mais importante neste país é sempre a próxima eleição, nunca a próxima geração. Um terror!

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