Zema chama Tarcísio para o primeiro duelo da extrema direita
Os ataques aos nordestinos são parte do plano para neutralizar os avanços do governador paulista na base bolsonarista, depois da chacina do Guarujá
Governadores de Minas, Romeu Zema (à esq.), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Foto: Divulgação)
Romeu Zema não defendeu a rearticulação do Sul-Sudeste para o enfrentamento do Nordeste apenas como estratégia de ampliação da riqueza dessas regiões.
O objetivo do admirador de Mussolini é o de começar a juntar a extrema direita em torno do seu nome, muito mais do que defender interesses das regiões mais ricas e privilegiadas do país.
Zema chamou Tarcísio de Freitas para um duelo de radicalismos, depois de perder terreno nessa área com a vitrine conquistada pelo governador paulista após a chacina do Guarujá.
O trecho da entrevista separatista ao Estadão, que explicita suas intenções, está aqui e foi republicado à exaustão. Vale a pena reproduzi-lo:
“Se não (se organizarem no sul-sudeste), você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco, as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento”.
É a analogia de um medíocre. O Nordeste seria a vaquinha que produz pouco. Zema já havia feito comentários nessa linha.
Em junho, ele afirmou que os Estados do Sul e Sudeste têm "uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial". E completou que só esses Estados "podem contribuir para este país dar certo".
O papagaio gaúcho Eduardo Leite passou a repetir a tese de Zema, na linha de que defender os interesses regionais é normal, e tenta legitimar a investida do mineiro contra os nordestinos.
Essa é uma investida não contra uma região, mas contra a população do Nordeste. É o ressentimento da extrema direita contra eleitores majoritariamente lulistas e antifascistas.
Zema reforça seus preconceitos ao dizer que Sul e Sudeste detêm 70% da economia brasileira. Se representam tudo isso, devem exigir mais e se organizar para enfrentar quem sempre teve menos?
Sul e Sudeste reafirmaram no ano passado suas vocações extremistas, elegendo governadores e uma maioria de parlamentares da direita identificados com Bolsonaro.
A entrevista ao Estadão mostra o bolsonarismo tentando sobreviver sob novo comando. É assim que o condutor da boiada mineira procura se habilitar a ser o novo líder do espólio do inelegível.
Zema espera ser o candidato do fascismo em 2026, por se achar em condições de atrair eleitores de ‘centro’ e de direita, como Bolsonaro conseguiu em 2018 e quase repetiu no ano passado.
E tenta provocar Tarcísio de Freitas, bem posicionado depois da chacina do Guarujá como bolsonarista que passa dos limites para provar que não vacila.
Tarcísio valida a matança e Romeu Zema investe na pauta do preconceito. Posiciona-se como antinordestino, em defesa dos brancos cada vez mais reacionários e supremacistas do Sul maravilha.
Até agora, por não ter o que dizer diante da provocação do rival, o governador da chacina está quieto. Vai continuar calado? Começou o duelo Zema-Tarcísio.
Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.
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Comentários
Quanta merda em um único artigo. Como as pessoas podem ter um visão tão deturpada da situação, dos fatos, do mundo...
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