A felicidade de Lula é um tormento

'Lula venceu todas as batalhas que teve contra o agrupamento Wagner do mercado. É contra eles que Lula duela desde que assumiu', diz o colunista Moisés Mendes

Moisés Mendes
Publicada em 27 de julho de 2023 às 18:00
A felicidade de Lula é um tormento

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: REUTERS/Johanna Geron)

Só há uma área em que Lula ainda não venceu os que torcem contra ele e contra o governo no time de jornalistas, empresários, economistas, grileiros e rentistas da Faria Lima reunidos em torno de Roberto Campos Neto.

Lula venceu todas as batalhas que teve contra o agrupamento Wagner do mercado, em meio ano de governo, e não estamos falando da extrema direita, mas de gente com vício profissional em juros altos.

É contra eles que Lula duela desde que assumiu, mais do que contra o fascismo bolsonarista que se esfacela.

Pois só falta agora, depois que operar o quadril, desafiá-los para uma corrida de cem metros com barreiras. Para um duelo pessoal.

Lula venceu todos os urubus do mercado (que são fracos até como urubus) e do jornalismo que os sustentam em batalhas previsíveis.

 

Conseguiu aprovar a PEC da Transição, lá no começo da guerra. Teve base para fazer passar com folga na Câmara a reforma tributária. Eles não acreditavam.

Conseguiu provar que a economia iria começar a andar, com a confiança conquistada por Fernando Haddad dentro e fora do país. Eles duvidavam de Haddad.

Os inimigos se espantam com a queda da inflação, a expectativa de retomada do emprego e de recuperação do PIB para um patamar acima do esperado.

Estão assombrados com a queda do dólar e a reação da Bolsa e dos investidores estrangeiros. Estão com medo da euforia do povo com o preço da picanha.

O Brasil conseguiu agora que a agência de classificação de risco Fitch Ratings elevasse de BB- para BB a nota de crédito do Brasil.

Lula está confiante na conquista de uma base mais segura no Congresso. Por isso há um desalento entre os que ainda torcem contra ele e o governo porque é o que sabem fazer.

Para ampliar o desconforto, Lula apareceu na live de terça-feira, com Marco Uchoa, com a cara de quem remoçou 10 anos.

Foi a sua melhor live. O presidente estava leve para abordar uma dúzia de pautas, do combate ao armamentismo às próximas viagens que fará ainda esse ano.

Prepara-se agora para operar o quadril e deixar de sentir dores. É a sua prioridade no momento. Todas as outras urgências, e a mais desafiadora era a da fome, foram controladas ou estão sendo geridas sem atropelos.

Mas o que se vê, na sequência de notícias boas, é que os especialistas acionados pelos jornalões a serviço da Faria Lima não desistem.

Depois da nota da Fitch, a grande imprensa convocou seus cães de guarda para dizer que mas isso e mas aquilo, mas Haddad, mas Simone Tebet, mas o arcabouço, mas o déficit.

Há entre os grileiros do mercado um desconforto indisfarçável com a falta que sentem de Paulo Guedes e com a perspectiva de desmoralização de Campos Neto.

Perderam todas as batalhas e vão perder a guerra, desautorizados pelas próprias agências que consideram suas referências e aliadas.

Lula, com o quadril inteiro, poderá derrotá-los agora em confrontos pessoais, nos cem metros com barreiras e, quem sabe, até no judô. Mas a Faria Lima só joga peteca.

 

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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