A transposição e os criadores de sonhos
Em vez disso, permanecem insensíveis à dor e ao sofrimento desse grande contingente de servidores
O tema pode até parecer enfadonho, mas não deixa de ser oportuno e importante, visto que envolve pessoas que dedicaram a maior parte de suas vidas (algumas ainda o fazem com dignidade exemplar) ao serviço público e, hoje, não sabem o que fazer tampouco a quem recorrer para resolver um problema que se arrasta há vários anos pelos escaninhos da burocracia oficial. Trata-se do enquadramento de servidores do Ex-Território de Federal de Rondônia para os quadros da União. Lembrando que muita gente morreu sem conseguir desfrutar desse que seria o mais importante sonho de suas carreiras profissionais.
O retorno ao tema não é uma decisão deliberada do colaborador, do tipo fazer por fazer. Nada disso. Move-me, principalmente, o sentimento de revolta e frustração, com o qual comungo, manifestado por pessoas dos mais diferentes segmentos da sociedade contra a conduta de políticos, autoridades e órgãos governamentais, que criaram expectativas no seio do funcionalismo e, em seguida, simplesmente saíram de cena, como se não tivessem nenhum compromisso com os interessados, evidenciando uma brutal falta de respeito para com o próximo.
Não é de hoje que essas pessoas vêm sendo ludibriadas, especialmente por políticos espertalhões, que se elegeram e reelegeram vendendo o sonho da transposição - sonho esse, aliás, que se tornou pesadelo na vida de muita gente, algo cada vez miais distante. Mas elas não desistem do ato de sonhar, são incansáveis, porque o assunto está classificado como parte de suas vidas, um direito legítimo, do qual não querem e não podem jamais abrir mão, apesar da hipocrisia dos criadores de sonhos e da má vontade de muitos que nos governam para fazer o que precisa ser feito, ou seja, reconhecer a legitimidade do pleito e, destarte, colocar um ponto final nessa novela. Em vez disso, permanecem insensíveis à dor e ao sofrimento desse grande contingente de servidores.
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