Aplicativos de transporte privado, o bom, o mal, e o feio

Façamos uma análise das vantagens, comodidades, defeitos e consequências dos aplicativos

Tudorondonia
Publicada em 11 de agosto de 2019 às 06:37
Aplicativos de transporte privado, o bom, o mal, e o feio

Os aplicativos de transporte social estão na moda e parece que vieram para ficar. Desde as omnipresentes (talvez não seja esse o melhor termo, mais abaixo veremos) Uber, Cabify, ou das mais humildes Moovit, Ecodrivers, ou as nacionais Frida Karro ou Leve-me, há opções para todos os gostos.

Mas será que o mundo das aplicações de transportes é todo cor de rosa? Façamos uma análise das vantagens, comodidades, defeitos e consequências dos aplicativos.

Economia

Onde os aplicativos chegam, são geralmente recebidos com protesto por parte das empresas táxi e dos seus condutores. Muitas das vezes acusam os aplicativos de concorrências desleal, uma vez que inicialmente estas operadores não estavam abrangidas pela lei.

Contudo, e devido às pressões das empresas e associações táxi, foram criadas leis para reger e controlar as atividades dos aplicativos. A Lei 13.640/2018 no Brasil, a Lei n.º 45/2018 de Portugal ou a lei Europeia para a Competição, são exemplos disso.

As consequências económicas não se deixaram de fazer sentir, contudo. No Brasil, segundo um estudo do Departamento de Estudos Econômicos (DEE) do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizado em 2018, observa-se uma queda de quase 57% das corridas em táxis entre 2014 e 2016 (de notar que são dados anteriores à entrada da nova lei). Alem disso, foi registado nos taxímetros uma redução de quase 8% nos preços por quilometro.

Portanto, enquanto para os profissionais existentes a chegadas deste tipo de foi um motivo para preocupação e para quebras nos negócios, o desmoronamento do monopólio destes nos transportes individuais resultou num mercado com concorrência (ponto discutível segundo alguns) que resulta em preços mais baixos numa maior diversidade de oferta.

Sociedade

Uma das premissas destes aplicativos é a sua disponibilidade para todos. Porém, isso não é verdade. Para alem das limitações do alastramento da rede, certos aplicativos colocam restrições em certas áreas dentro das suas zonas de trabalho. Áreas consideradas de risco são geralmente vedadas aos serviços destas aplicações.

Isto cria uma desigualdade social em que partes da sociedade tem acesso a formas diversificadas de transporte individual, enquanto outras, geralmente também mais carenciadas, não o tem. Contudo, deste desequilíbrio, algumas startups tem emergido como resposta a repor o equilíbrio.

Outras localidades também se podem queixar do mesmo, nomeadamente aquelas que se encontram mais no interior ou isoladas de grandes metrópoles. Tarifas de e para estes lugares podem atingir preços impossíveis para a carteira de muitos dos moradores dessas localidades.

Transito

Segundo um estudo recente nos Estados Unidos da América, as aplicações do género da Uber podem ter consequências contrárias aquelas que inicialmente se antecipariam de serviços de transportes.

Segundo um estudo publicado na revista Science Advances, o transito em San Francisco, nos Estados Unidos da América piorou com a entrada dos aplicativos de transporte. Segundo as simulações dos autores do estudo, o crescimento do congestionamento no transito se deveu em metade às aplicações de transporte individual, sendo a outra metade resultado do normal crescimento populacional e empresarial. Não foram, contudo, discutidas as consequências dos transportes mais tradicionais.

Por isso, enquanto poderá parecer que os aplicativos facilitam a vida dos seus clientes, poderão estar a complicar a vida de todos ao complicar o transito no geral.

Conclusão

A entrada destes aplicativos no mercado trazem uma revolução, no qual podem ser apreciadas vantagens e desvantagens.  Melhores preços, mais comodidade e melhoria nos serviços parecem cabeça as vantagens, por outro lado, mais transito, desigualdades e restruturação do tecido económico encabeçam o aspeto mais negativo.

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