Apoio a Musk une judeus a neonazistas

É que, muitas vezes, a mentira, a desonestidade e a canalhice facilitam o tráfego, ainda que por caminhos tortuosos

Fonte: Andrey Cavalcante - Publicada em 16 de abril de 2024 às 22:44

Apoio a Musk une judeus a neonazistas

O que devo fazer para me manter alinhado a princípios morais que decidi considerar adequados, aí considerados, obviamente, o necessário respeito à constituição e às leis, como estabelecem os princípios democráticos? Já de início observo não ser esse necessariamente o caminho mais fácil para alcançar o que desejo. É que, muitas vezes, a mentira, a desonestidade e a canalhice facilitam o tráfego, ainda que por caminhos tortuosos. 

O texto traduz o pensamento do filósofo Clóvis de Barros, para quem há que se manter a conveniente distância sideral moral e moralismo no universo das paixões humanas. “O que devo fazer? Pergunta ele para adiantar: Uma coisa é a reflexão sobre a própria conduta, sobre a própria dignidade. Outra coisa é a avaliação da conduta alheia. É essa a diferença entre a moral – reflexão que começa e termina na primeira pessoa do singular – e o moralismo, que é a análise do comportamento alheio, o hábito de apontar o dedo na direção do outro”. 

Se você pergunta o que tem isso a ver com o personagem bilionário Elon Musk, a resposta é um óbvio “tudo!” Há, no momento, uma multidão de pessoas dando tratos à bola para entender: o que teria levado o sujeito a atacar, com todo o poderio de postagens pessoais agressivas, o Judiciário e o governo brasileiros, em sua rede social, o “X”, antigo Twitter. É óbvio que fez porque pode fazer. Mas não é apenas isso. Sua preocupação imediata é criar polêmica e despertar paixões para atrair leitores e parar de perder dinheiro com o brinquedo que comprou.

Simples demais? Nem tanto, se considerado que a rede acabou reduzida a menos de um terço do valor de mercado ou daquilo que Musk pagou ao adquirir seu controle dos antigos proprietários do Twitter. Elon Musk é um visionário bem-sucedido. Do nada, virou um dos homens mais ricos do mundo. Não criou coisa alguma, mas soube aproveitar, como ninguém, as oportunidades de negócios, como o carro elétrico e variantes da revolução tecnológica. Os bilhões de dólares chegaram praticamente por gravidade.

Observe-se que seus ataques produziram toda a reação que esperava. Claro que ele sabia dos riscos. Mas nada que não possa corrigir apenas deixando de fazer o que prometeu. Nenhuma atitude efetiva. Na prática, tudo dentro da propalada liberdade de expressão que esgrime quando lhe convém. O resto é lucro. Até mesmo a repercussão, mundo afora, junto a lideranças cujo isolamento os faz aplaudir qualquer ajuda, mesmo que vinda do espaço sideral. Ou de marte.

Exemplo disso foi a manifestação do ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, que se juntou ao empresário para atacar o governo brasileiro. Não importa, no caso, se Elon Musk é amigo de notórios inimigos de Israel, especialmente grupos neonazistas ou o governo chinês, aliado declarado do Irã. Ou comunistas como a Coréia do Norte ou a Rússia, que inclusive usa drones iranianos na guerra contra a Ucrânia.

Outro exemplo é o do governo argentino, cujo presidente se oferece para abrigar um eventual “X” portenho contra autoridades brasileiras, ao mesmo tempo em que manda sua chanceler, Diana Mondino, visitar o Brasil. Ela trouxe na bagagem uma carta “de presidente para presidente”, na qual o argentino defende a manutenção de uma boa relação bilateral entre os dois países. Vá entender!

O flerte – melhor dizendo comprometimento declarado – da plataforma de Elon Musk com o neonazismo foi comprovada em audiência no Senado brasileiro pelo jornalista americano Michael Shellenberger, responsável pelo “Twitter Files”. O jornalista é aquele que acusou o STF de ter exigido, com ameaças, dados pessoais de investigados. E depois admitiu ter mentido. Ele disse ter achado “incrível” a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de permitir que neonazistas fizessem manifestação em bairro judeu de fugitivos do holocausto. 

O que se constata é que o pote de ouro que buscado no arco Iris das redes sociais está na conquista e mobilização de usuários. E o caminho mais fácil para acicatar paixões de espíritos insatisfeitos não passa, infelizmente, como adverte o filósofo, pela dignidade pessoal. Ele trilha a via deletéria do moralismo, da mentira e do engodo.

*Andrey Cavalcante é ex-presidente e membro honorário vitalício da OAB Rondônia

Apoio a Musk une judeus a neonazistas

É que, muitas vezes, a mentira, a desonestidade e a canalhice facilitam o tráfego, ainda que por caminhos tortuosos

Andrey Cavalcante
Publicada em 16 de abril de 2024 às 22:44
Apoio a Musk une judeus a neonazistas

O que devo fazer para me manter alinhado a princípios morais que decidi considerar adequados, aí considerados, obviamente, o necessário respeito à constituição e às leis, como estabelecem os princípios democráticos? Já de início observo não ser esse necessariamente o caminho mais fácil para alcançar o que desejo. É que, muitas vezes, a mentira, a desonestidade e a canalhice facilitam o tráfego, ainda que por caminhos tortuosos. 

O texto traduz o pensamento do filósofo Clóvis de Barros, para quem há que se manter a conveniente distância sideral moral e moralismo no universo das paixões humanas. “O que devo fazer? Pergunta ele para adiantar: Uma coisa é a reflexão sobre a própria conduta, sobre a própria dignidade. Outra coisa é a avaliação da conduta alheia. É essa a diferença entre a moral – reflexão que começa e termina na primeira pessoa do singular – e o moralismo, que é a análise do comportamento alheio, o hábito de apontar o dedo na direção do outro”. 

Se você pergunta o que tem isso a ver com o personagem bilionário Elon Musk, a resposta é um óbvio “tudo!” Há, no momento, uma multidão de pessoas dando tratos à bola para entender: o que teria levado o sujeito a atacar, com todo o poderio de postagens pessoais agressivas, o Judiciário e o governo brasileiros, em sua rede social, o “X”, antigo Twitter. É óbvio que fez porque pode fazer. Mas não é apenas isso. Sua preocupação imediata é criar polêmica e despertar paixões para atrair leitores e parar de perder dinheiro com o brinquedo que comprou.

Simples demais? Nem tanto, se considerado que a rede acabou reduzida a menos de um terço do valor de mercado ou daquilo que Musk pagou ao adquirir seu controle dos antigos proprietários do Twitter. Elon Musk é um visionário bem-sucedido. Do nada, virou um dos homens mais ricos do mundo. Não criou coisa alguma, mas soube aproveitar, como ninguém, as oportunidades de negócios, como o carro elétrico e variantes da revolução tecnológica. Os bilhões de dólares chegaram praticamente por gravidade.

Observe-se que seus ataques produziram toda a reação que esperava. Claro que ele sabia dos riscos. Mas nada que não possa corrigir apenas deixando de fazer o que prometeu. Nenhuma atitude efetiva. Na prática, tudo dentro da propalada liberdade de expressão que esgrime quando lhe convém. O resto é lucro. Até mesmo a repercussão, mundo afora, junto a lideranças cujo isolamento os faz aplaudir qualquer ajuda, mesmo que vinda do espaço sideral. Ou de marte.

Exemplo disso foi a manifestação do ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, que se juntou ao empresário para atacar o governo brasileiro. Não importa, no caso, se Elon Musk é amigo de notórios inimigos de Israel, especialmente grupos neonazistas ou o governo chinês, aliado declarado do Irã. Ou comunistas como a Coréia do Norte ou a Rússia, que inclusive usa drones iranianos na guerra contra a Ucrânia.

Outro exemplo é o do governo argentino, cujo presidente se oferece para abrigar um eventual “X” portenho contra autoridades brasileiras, ao mesmo tempo em que manda sua chanceler, Diana Mondino, visitar o Brasil. Ela trouxe na bagagem uma carta “de presidente para presidente”, na qual o argentino defende a manutenção de uma boa relação bilateral entre os dois países. Vá entender!

O flerte – melhor dizendo comprometimento declarado – da plataforma de Elon Musk com o neonazismo foi comprovada em audiência no Senado brasileiro pelo jornalista americano Michael Shellenberger, responsável pelo “Twitter Files”. O jornalista é aquele que acusou o STF de ter exigido, com ameaças, dados pessoais de investigados. E depois admitiu ter mentido. Ele disse ter achado “incrível” a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de permitir que neonazistas fizessem manifestação em bairro judeu de fugitivos do holocausto. 

O que se constata é que o pote de ouro que buscado no arco Iris das redes sociais está na conquista e mobilização de usuários. E o caminho mais fácil para acicatar paixões de espíritos insatisfeitos não passa, infelizmente, como adverte o filósofo, pela dignidade pessoal. Ele trilha a via deletéria do moralismo, da mentira e do engodo.

*Andrey Cavalcante é ex-presidente e membro honorário vitalício da OAB Rondônia

Comentários

  • 1
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    Douglas 18/04/2024

    Parabéns pelo texto Dr. Andrey Cavalcante. Infelizmente é isso que está nos conduzindo nesse sociedade contemporânea, onde a facilitação de informação ao invés de nos trazer sabedoria, está na verdade sendo uma terreno fértil para o alastramento da canalhice, mentira, esgoto do moralismo barato. Multidões que estão sendo movidas por paixão, abdicando de todo senso moral, diante de discursos claramente mentirosos. O pior de tudo é que quem está endossando esse discurso, são justamente os autos intitulados paladinos da moral e bons costumes. As vezes me pergunto se são mesmo esses líderes que estão conseguindo impor essa agenda ou se são seus seguidores aflitos que de forma indireta os obrigam a seguir essa trilha... uma roda difícil de se quebrar, diria. Quanto mais virulento, mais é adorado... se começa a ter um discurso ponderado aí perde engajamento... para conserta a rota, volta ao discurso raivoso, e novamente passa a ser adorado, se tornando mito, símbolo a ser seguido. O que aprendemos na história é que somos movidos por ciclos... e eles chegam ao fim. Espero que esteja perto de voltarmos a ser mais humanos e racionais ao ponte de enxergarmos os falsos lideres que estávamos alimentando tão docilmente...

  • 2
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    edgard alves feitosa 17/04/2024

    Límpida VERDADE: é MUITA MENTIRA.....É MUITA CANALHICE....É MUITA DESONESTIDADE QUANDO LULA ARROTA QUE ISRAEL MATOU 12 MILHÕES DE CRIANÇAS NA FAIXA DE GAZA, E NÃO FOI ERRO, POIS ESTAVA LENDO EM UM PAPEL.....MUITA CANALHICE QUANDO DISSE QUE RESOLVERIA A QUESTÃO DA UCRANIA EM UMA MESA DE BAR......MUITA DESONESTIDADE QUANDO COMPARA O HOLOCAUSTO PERPETRADO PELOS NAZISTAS COMPARANDO COM A AÇÃO DE ISRAEL EM GAZA......MUITA MENTIRA QUANDO PROMETIA ESPAÇO PARA AS MULHERES EM SEU MINSTÉRIO, MAS FOI EXATAMENTE TRES AS MULHERES DEMITIDAS PARA COLOCAR HOMENS INDICADOS PELO CENTRÃO.....Jesus, o Cristo disse: TIRA PRIMEIRO O CISCO DO TEU OLHO, PARA DEPOIS TIRAR O CISCO NO OLHO DE TEU IRMÃO.........lula falou uma VERDADE QUANDO DISSE QUE ELON MUSK NUNCA PLANTOU UM PÉ DE CAPIM....é que os que tem os MEMBROS SUPERIORES FIXADOS NO CHÃO, DETESTAM TECNOLOGIAS, MAS QUEREM APENAS SE ESBALDAR EM GRAMÍNEAS.....

  • 3
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    Aloso de Melo Neves 17/04/2024

    Mais uma vez, vale mais a pena ler o comentário feito pelo leitor Edgard Alves Feitosa, do que o texto do Colunista. Parabéns Edgard. Disse tudo.

  • 4
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    edgard alves feitosa 17/04/2024

    1 - Marx, no "18 Brumário", escreveu: "a história primeiro se repete como farsa, depois como tragédia"....perdurou por longos séculos a FARSA da Inquisição....aquele que questionasse...criticasse os DOGMAS INFALIVEIS...., enfrentava o GRANDE INQUISIDOR TORQUEMADA, dos PÍNCAROS DE SUA TOGA , primeiro, CARIMBAVA COMO HEREJE, DEPOIS A FOGUEIRA....HOJE PERDURA A TRAGÉDIA.....o STF É INQUESTIONÁVEL......INCRITICAVEL ...É A MONOLÍTICA PEDRA FILOSOFAL DA VERDADE.....DOS PÍNCAROS DE SUAS TOGAS EMANA A SUPREMA VERDADE.....o Ministro Alexandre de Moraes, é a reencarnação do MAGISTER DIXIT....melhor IPSE DIXIT ......quem OUSA QUESTIONAR...QUEM OUSA CRITICAR VAI PARA A "FOGUEIRA DA PAPUDA", PURGAR SUAS HERESIAS POR 27 ANOS....(MAS ANDRE DO RAPP TEVE UM BELESSIMO HABEAS CORPUS CONCEDIDO PELO STF).....2 - há muito tempo temos o INQUERITO DO FIM DO MUNDO......FAKES NEWS.....EM QUE ALEXANDRE DE MORAES INVESTIGA.....ACUSA .....JULGA.....CONDENA....ora, se Elon Musk questiona o STF, é o caso de ABRIR A CAIXA PRETA.....3- críticas ao governo brasileiro JUSTISSÍMAS quando lula arrota uma tal "DEMOCRACIA RELATIVA", para LEGITIMAR A DITADURA DE MADURO....CERTÍSSIMAS quando a presidente do PT em plena DITADURA CHINESA, CROCITA: "DEMOCRACIA EFETIVA".....essa a TRAGÉDIA HODIERNA DO BRASIL: INSTITUIÇÕES DE ESTADO INTEGRALMENTE E IDEOLOGICAMENTE APARELHADAS EM DEFESA DE DITADURAS....ORGANIZAÇÕES COMO O HAMAS (o presidente lula até recebeu ENCÔMIOS DO LIDER DO HAMAS).....a TRAGÉDIA HODIERNA DO BRASIL É QUE QUEM OUSA QUESTIONAR....QUEM OUSA CRITICAR A ESQUERDA É CARIMBADO COMO FASCISTA.......A ESQUERDA NÃO ADMITE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO.....AFINAL O MODELO DE "DEMOCRACIA RELATIVA E EFETIVA" é VENEZUELA....CUBA...NICARAGUA....RUSSIA...CHINA...IRÃ....

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