Após gravação polêmica, presidente da Eletrobras diz que não renuncia

Ferreira Junior teve uma conversa com sindicalistas gravada em diz que alguns cargos de chefia da empresa eram ocupados por “vagabundos” e “safados”.

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência do Brasil
Publicada em 27 de junho de 2017 às 11:14

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, disse ontem (26) que não pretende renunciar ao cargo e que o programa de reestruturação da companhia, que inclui redução no quadro de empregados e da dívida, além da venda de ativos, tem dado bons resultados. Ferreira Junior teve uma conversa com sindicalistas gravada em diz que alguns cargos de chefia da empresa eram ocupados por “vagabundos” e “safados”.

“Não [vou renunciar]. Não tem dúvida. O fascínio que tenho aqui é implantar este programa. Qual foi a motivação que me trouxe à Eletrobras? Ter um problema complexo e difícil de realizar. Se me perguntassem há dez meses, era difícil saber se tinha saída e eu estou dizendo que com a implantação deste plano tem uma saída”, disse.

Ferreira Junior disse que se arrepende da declaração, gravada em uma conversa com sindicalistas, divulgada na semana passada. Ele afirmou que a repercussão foi grande e logo notou que tinha exagerado ao ouvir os áudios.

“As pessoas não são vagabundas, safadas, na forma e na abrangência que eu claramente coloquei. Me arrependo disso e me desculpei no primeiro dia. Trabalho com uma empresa que tem mais de 20 mil empregados. Óbvio que isso não deve acontecer do principal líder para com os empregados. Ele precisa dos empregados para fazer o que a gente precisa fazer. A companhia tem um terço da geração brasileira [de energia], quase metade da transmissão, então, evidentemente não é nesse ambiente”, disse.

O presidente explicou que a conversa ocorreu em uma situação “completamente fechada” e não percebeu que estava sendo gravado, mas, agora, sabe que isso pode ocorrer. “Evidentemente que algumas coisas poderiam ser de forma diferente, mas é parte do jogo”, disse na entrevista marcada para esclarecer a polêmica das declarações.

Calor da discussão

O presidente disse que os empregados da companhia são representados por 68 instituições e explicou que a declaração durante a conversa com sindicalistas se deu no calor da discussão. Embora, tenha reconhecido que foi um equívoco e tenha se desculpado, inclusive, por meio de um vídeo divulgado para o quadro funcional, Ferreira Júnior destacou que tem uma agenda a enfrentar e quer contar com o apoio tanto dos empregados quanto dos gestores.

“Essa é uma empresa que precisa, emergencialmente, enfrentar e superar os desafios. Dentro do foco de geração e transmissão, nós ainda temos a distribuição para ser privatizada e somos o maior empregador brasileiro. Temos muitas instituições que interagem com este grupo. Sindicatos, associações de empregados”, disse.

Dos mais de 23 mil empregados da Eletrobras, a companhia tem 6 mil trabalhando nas companhias distribuidoras que devem ser privatizadas. Das 2.220 funções gratificadas, como assessor ou gestor, foram reduzidas 688 posições gerenciais.

Dívidas

A Eletrobras, segundo o executivo, tem uma dívida elevada a ser reduzida e precisou enfrentar queda na receita e a sua geração operacional de caixa chegando praticamente a zero, fruto, conforme avaliou, de um programa de investimento de grande porte, que, nos últimos seis anos, representou R$ 60 bilhões, agravado pelo momento econômico-financeiro difícil do Brasil, quando a taxa de juros estava muito alta. “A companhia gerou R$ 31 bilhões de prejuízo em quatro anos e esse prejuízo foi enfrentado junto com investimentos aumentando o seu endividamento”, explicou.

Segundo o presidente, levando em consideração as atividades de transmissão, geração e de distribuição, todas têm os custos maiores do que a receita e isso gera o prejuízo operacional que soma R$ 3,8 bilhões. “Temos custos 51% maiores do que a tarifa remunera. Isso em base anual. Por que é importante? Porque a agenda de produtividade e de eficiência é a agenda que deve ser colocada para todos os gestores e empregados da Eletrobras”, disse.

Plano de Aposentadoria

Ferreira Júnior disse que a Eletrobras está na última semana de aceitação ao Plano de Aposentadoria Incentivada (PAI). Da expectativa de adesão de 2,5 mil pessoas, perto de 900 se interessaram até sexta-feira passada (23) e ele acredita que a meta será alcançada, pois costuma haver um incremento no fim do prazo. O presidente disse que conforme a condição proposta para adesão até a próxima sexta-feira, os empregados que aderirem ao PAI, receberão, em média, o equivalente a 15,6 remunerações.

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