Bolsonaro mente, de novo

"O teatro encenado nesta segunda-feira na Câmara buscou mais uma vez pressionar as instituições"

Fonte: Oliveiros Marques - Publicada em 22 de julho de 2025 às 09:09

Bolsonaro mente, de novo

Jair Bolsonaro e André Fernandes - 21/07/2025 (Foto: Reprodução/Instagram)

No teatro encenado por Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, com o objetivo de burlar as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente voltou a fazer aquilo em que tem mais talento: mentir. É impressionante a vocação mitomaníaca desse indivíduo.

Nas escadarias do Salão Verde, ostentando seu mais novo adereço - uma tornozeleira eletrônica auditável -, o ex-presidente inelegível, único chefe do Executivo não reeleito desde o fim da ditadura militar, fez um discursinho sob medida para cortes nas redes sociais de seus cúmplices. O pronunciamento, recheado de mentiras, seria apenas risível, não fosse criminoso: “Não roubei os cofres públicos, não desviei recurso público, não matei ninguém”, blá, blá, blá.

Mas vejamos: o desvio das joias que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio público da União - e que foram vendidas no mercado paralelo dos Estados Unidos - pode ou não ser considerado roubo aos cofres públicos? Pode ou não ser classificado como desvio de recursos públicos?

E a morte de mais de 700 mil brasileiros e brasileiras durante a pandemia de COVID-19, - muitas das quais poderiam ter sido evitadas caso as vacinas tivessem chegado antes, caso não tivesse faltado oxigênio em Manaus, caso o então presidente da República não tivesse feito campanha contra a vacinação e incentivado aglomerações -, pode ou não ser entendida como contribuição direta ou indireta para a ocorrência de crimes contra a vida?

De fato, Bolsonaro não está “tornozelado” por esses crimes - ao menos por enquanto. A restrição de liberdade imposta decorre de sua atuação na continuidade da tentativa de golpe contra a democracia brasileira: por ter contribuído direta ou indiretamente, planejando, financiando, se beneficiando ou incentivando um crime de lesa-pátria. A tornozeleira e a restrição de circulação noturna e nos finais de semana foram determinadas porque seu filho, o 03, articula com o governo dos Estados Unidos sanções contra o Brasil com tarifas que já afetam setores da economia nacional e ameaçam milhares de empregos, além de retaliações contra autoridades brasileiras, como a suspensão do visto do Procurador-Geral da República e de ministros do STF.

As medidas determinadas pelo STF, por solicitação da PGR atendendo a pedido da Polícia Federal, visam dar um basta ao escárnio que a família Bolsonaro tem praticado contra o país. Em uma explícita continuidade do ataque ao Estado Democrático de Direito, numa tentativa desesperada de salvar o patriarca de uma condenação iminente. O teatro encenado nesta segunda-feira na Câmara buscou mais uma vez pressionar as instituições. Mas, ao que tudo indica, será mais um tiro saindo pela culatra, piorando ainda mais a situação do mitômano.

Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

97 artigos

Bolsonaro mente, de novo

"O teatro encenado nesta segunda-feira na Câmara buscou mais uma vez pressionar as instituições"

Oliveiros Marques
Publicada em 22 de julho de 2025 às 09:09
Bolsonaro mente, de novo

Jair Bolsonaro e André Fernandes - 21/07/2025 (Foto: Reprodução/Instagram)

No teatro encenado por Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, com o objetivo de burlar as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente voltou a fazer aquilo em que tem mais talento: mentir. É impressionante a vocação mitomaníaca desse indivíduo.

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Nas escadarias do Salão Verde, ostentando seu mais novo adereço - uma tornozeleira eletrônica auditável -, o ex-presidente inelegível, único chefe do Executivo não reeleito desde o fim da ditadura militar, fez um discursinho sob medida para cortes nas redes sociais de seus cúmplices. O pronunciamento, recheado de mentiras, seria apenas risível, não fosse criminoso: “Não roubei os cofres públicos, não desviei recurso público, não matei ninguém”, blá, blá, blá.

Mas vejamos: o desvio das joias que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio público da União - e que foram vendidas no mercado paralelo dos Estados Unidos - pode ou não ser considerado roubo aos cofres públicos? Pode ou não ser classificado como desvio de recursos públicos?

E a morte de mais de 700 mil brasileiros e brasileiras durante a pandemia de COVID-19, - muitas das quais poderiam ter sido evitadas caso as vacinas tivessem chegado antes, caso não tivesse faltado oxigênio em Manaus, caso o então presidente da República não tivesse feito campanha contra a vacinação e incentivado aglomerações -, pode ou não ser entendida como contribuição direta ou indireta para a ocorrência de crimes contra a vida?

De fato, Bolsonaro não está “tornozelado” por esses crimes - ao menos por enquanto. A restrição de liberdade imposta decorre de sua atuação na continuidade da tentativa de golpe contra a democracia brasileira: por ter contribuído direta ou indiretamente, planejando, financiando, se beneficiando ou incentivando um crime de lesa-pátria. A tornozeleira e a restrição de circulação noturna e nos finais de semana foram determinadas porque seu filho, o 03, articula com o governo dos Estados Unidos sanções contra o Brasil com tarifas que já afetam setores da economia nacional e ameaçam milhares de empregos, além de retaliações contra autoridades brasileiras, como a suspensão do visto do Procurador-Geral da República e de ministros do STF.

As medidas determinadas pelo STF, por solicitação da PGR atendendo a pedido da Polícia Federal, visam dar um basta ao escárnio que a família Bolsonaro tem praticado contra o país. Em uma explícita continuidade do ataque ao Estado Democrático de Direito, numa tentativa desesperada de salvar o patriarca de uma condenação iminente. O teatro encenado nesta segunda-feira na Câmara buscou mais uma vez pressionar as instituições. Mas, ao que tudo indica, será mais um tiro saindo pela culatra, piorando ainda mais a situação do mitômano.

Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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Comentários

  • 1
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    Gilson Soares 23/07/2025

    Eis o título da matéria: Bolsonaro mente de novo. Difícil é saber o dia que ele falou a verdade. KKK.

  • 2
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    Elionilson furtado de Souza. 22/07/2025

    Essa 👛 sem alça tem ir morar com o Trump.

  • 3
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    Kleyton Ayala 22/07/2025

    Estamos no aguardo do julgamento definitivo do Jair Messias Bolsonaro. É duro admitir, mas a condenação de mais de 40 anos de "cana" não porá o jumento na cadeia. Ele deverá conseguir prisão domiciliar.

  • 4
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    adonai 22/07/2025

    Quero dizer que esse tal bolça já deveria está na Cadeia a muito tempo toda via ele continua fazendo teatro e isso é uma vergonha que esse sujeito vem atrapalhando o Brasil e os brasileiro.

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