Bolsonaro odeia a vida: educação, cultura e meio ambiente são seus alvos

Bolsonaro está convencido que essas três áreas foram dominadas por perigosos comunistas

Ricardo Kotscho - Brasil 247
Publicada em 22 de julho de 2019 às 11:55
Bolsonaro odeia a vida: educação, cultura e meio ambiente são seus alvos

Van Gogh e Kurosawa contra Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo - ABR)

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

"Não satisfeito em infernizar o presente dos brasileiros, com suas declarações e ações estapafúrdias, ele quer também destruir o nosso futuro, antes de erguer um “novo Brasil”, como prometeu, sabe-se lá quando e como", diz o jornalista Ricardo Kotscho, membro do Jornalistas Pela Democracia, sobre Bolsonaro

“E aí, pessoal? Vamos acabar com a Ancine ou não?”, perguntou ele a seus seguidores, sábado de manhã, na entrada do Alvorada,

“Vamos!!! responderam em uníssono os bolsominions, certamente sem ter a menor ideia de que se trata da Agência Nacional de Cinema.

Bolsonaro até agora não tem um programa de governo, mas já colocou em execução um plano de destruição em massa do futuro do Brasil.

Educação, Cultura e Meio Ambiente são os principais alvos dos seus primeiros 200 dias de guerra à civilização.

Primeiro, entregou a Educação, principal ministério de qualquer país decente, aos cuidados do Olavo de Carvalho, o grande mentor da sua “revolução”.

Depois, acabou com o Ministério da Cultura e agora partiu para cima do cinema nacional.

Por último, chamou um condenado pela Justiça por crime ambiental para destruir os órgãos de defesa do Meio Ambiente.

Por que exatamente estas três áreas? É que Bolsonaro está convencido de que foram dominadas por perigosos comunistas.

Pela cara de ódio dele, ao acionar sua metralhadora giratória, na sexta-feira, em entrevistas a assustados jornalistas nativos e correspondentes estrangeiros, o capitão está mesmo disposto a não deixar pedra sobre pedra.

Bem que ele avisou num encontro promovido por Olavo de Carvalho e Steve Bannon com a extrema-direta americana, em Washington: era necessário destruir tudo para depois começar a construir um novo Brasil.

Ninguém o levou a sério, mas a primeira etapa do plano já está em pleno andamento: em junho, aumentou 60% o desmatamento na Amazônia e, esta semana, o MEC anunciou a privatização do ensino público.

Filmes não serão mais censurados depois de prontos, como na época da ditadura, mas antes de serem produzidos, porque ele quer fazer um “filtro”.

Para quem em seu breve tempo de Exército planejou jogar bombas no Guandu, a estação de tratamento de águas do Rio de Janeiro, o Brasil é um prato cheio.

Ainda tem muita coisa para ser destruída, e quatro anos podem não ser suficientes. Por isso, ele já está planejando a reeleição.

Não satisfeito em infernizar o presente dos brasileiros, com suas declarações e ações estapafúrdias, ele quer também destruir o nosso futuro, antes de erguer um “novo Brasil”, como prometeu, sabe-se lá quando e como.

Por isso mesmo, escolas, cinemas, teatros e florestas são suas obsessões preferenciais.

Jair Bolsonaro odeia a vida. Está no mundo só para se vingar.

Não consigo encontrar outra explicação para tanta demência.

Vida que segue.

 

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