Bruxismo não é DTM! Entenda o porquê

O bruxismo, por sua vez, é caracterizado por atividades do músculo da mastigação, sendo controlado pelo sistema nervoso central, ou seja, independente da nossa vontade

Dra. Juliana Mussi/Foto: Divulgação
Publicada em 24 de julho de 2023 às 11:00
Bruxismo não é DTM! Entenda o porquê

A disfunção da articulação temporomandibular, ou DTM, é um conjunto de alterações nas articulações que ligam o maxilar à mandíbula. Essas alterações estão presentes na população mundial e podem se manifestar através de dores de cabeça, estalos ao abrir e fechar a boca, dor na região dos ouvidos, musculatura da face, zumbido e até mesmo travamentos na mandíbula, por exemplo. Além de muita dor em regiões da face e ouvidos, a DTM pode ainda comprometer a fala e a mastigação, caso não tratada.

Bastante associada a situações de estresse e ansiedade, essa disfunção envolve a articulação temporomandibular (ATM), que conecta o osso mandibular ao osso temporal do crânio – localizado próximo aos ouvidos e responsável pela abertura e fechamento da boca, mastigação e fonação.

O bruxismo, por sua vez, é caracterizado por atividades do músculo da mastigação, sendo controlado pelo sistema nervoso central, ou seja, independente da nossa vontade. Ele se manifesta pelo hábito de ranger, apertar e bater os dentes, por exemplo, e pode levar a uma disfunção de ATM.

Por isso, é importante ressaltar: bruxismo não é DTM! Mas ele pode, sim, contribuir para isso.

Embora seja muito associado ao período de sono, o bruxismo também pode acontecer durante a vigília, ou seja, quando estamos acordados. Neste caso, ele está diretamente relacionado a períodos de estresse, ansiedade e concentração.

Já no caso do bruxismo do sono, especificamente, o estresse, em especial, pode afetar o nosso descanso, fazendo com que ele fique mais superficial e com microdispertares, aumentando, assim, a chance de incidência desse transtorno involuntário.

As mulheres, curiosamente, são as que mais recorrem ao tratamento especializado. Isso pode ser explicado por estudos que apontam o estrogênio (hormônio sexual feminino) como um possível fator de alteração do metabolismo ósseo e da cartilagem da articulação temporomandibular, bem como do mecanismo regulador da dor.

Quanto ao diagnóstico, em todos os casos mencionados, ele se dá por meio de avaliação clínica, onde é verificada a articulação e a musculatura e através de exames de imagens, como, por exemplo, a ressonância magnética.

Os tratamentos para DTM são divididos em dois grupos: clínico e cirúrgico. O primeiro é o indicado para a grande maioria dos pacientes. Ele pode envolver ações como fisioterapia, agulhamento seco, acupuntura, uso da placa de mordida e laserterapia, além de uma equipe multidisciplinar para avaliação dos aspectos psicológicos, por exemplo. Em alguns casos, também é feito o uso de medicamentos para dores agudas e crônicas.

Quanto aos procedimentos cirúrgicos, dependendo do quadro clínico, é possível aplicar soluções menos invasivas. É o caso das infiltrações de substâncias dentro da articulação e da artroscopia. São procedimentos minimamente invasivos e com pequenas incisões, que permitem investigar o interior de uma articulação com uma microcâmera, fazer o diagnóstico e realizar o procedimento necessário para melhorar a condição articular.

Já nos mais graves, a opção é pelas chamadas “cirurgias abertas”, que são mais invasivas e ocorrem quando há necessidade de acessar a articulação.


Dra. Juliana Mussi é cirurgiã bucomaxilo no Hospital Paulista

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