Cães farejadores são verdadeiros policiais no combate ao tráfico de drogas em Rondônia

Meia dúzia de cães farejadores “aquartelada” no canil na avenida Jatuarana, bairro Cohab, vale pelo menos R$ 50 mil. Fossem computados os seus feitos, esse valor seria imensurável.

Texto: Montezuma Cruz Fotos: Ésio Mendes
Publicada em 24 de julho de 2017 às 14:35
Cães farejadores são verdadeiros policiais no combate ao tráfico de drogas em Rondônia

Meia dúzia de cães farejadores “aquartelada” no canil na avenida Jatuarana, bairro Cohab, vale pelo menos R$ 50 mil. Fossem computados os seus feitos, esse valor seria imensurável.

Segundo o comandante da Companhia de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar, Agleydson Rodrigues Cavalcante, eles podem trabalhar até os dez anos. “Nunca entristecem, são mesmo brincalhões, e mesmo sendo aposentados, ganharão outro lar, na casa de um de nós”, diz.

Cientificamente, o farejador tem a percepção de três milhões de células olfativas. Em obediência à legislação própria dessa unidade, ao ser “aposentado” o cão substituído terá a garantia de um lar, preferencialmente, de integrantes da corporação. No interior, os canis da PM funcionam em Cacoal e Ji-Paraná.

Junto com o sargento Goes, o cabo Cavalcante, o sargento Evandro e os soldados Eduardo e Domingues se lembram de episódios interessantes, entre os quais, a presença de um cão num hotel da avenida Migrantes.

Nesse local, meses atrás, representantes da empresa Uber [serviços de transporte privado] fariam uma reunião, quando houve falsa ameaça de bomba. Os PMs foram até lá e ficaram admirados, pois um dos cães se deteve a farejar o ralo de banheiro. “É que o sabonete tem glicerina em sua composição, ela também está presente na droga, e o cão o conhece bem”, explica o sargento Goes.

Em apoio ao Departamento de Narcóticos, dias atrás o canil ajudou na operação que resultou na apreensão de quase seis quilos de drogas numa casa do bairro Lagoinha (zona leste da capital). “Fomos ao local e haviam encontrado quatro quilos, mas os cães fizeram a varredura e farejaram mais 1 quilo e 600 gramas”.

Manhã de sol, um dia a mais no canil. Já alimentados, os cães demonstram uma de suas peripécias: correr atrás de bolinhas coloridas. Segundo Goes, ainda no período de filhote, ele já percebe o odor da maconha e do óxido de cocaína (pasta básica). E a busca incessantemente.

Animais valorosos, eles diferenciam-se dos humanos por causa da sua alta percepção. Fuzil Índia são da raça pastor alemão; Ferrarié Golden retriever (originário da Grã-Bretanha, desenvolvida para a caça de aves aquáticas selvagens). Originalmente caçador, o Golden se tornou também um cão de companhia. Além de cão-guia, detecta drogas e explosivos.

BRINCANDO E AGINDO

Braddock é labrador; Quenny, fêmea pastor malinois, e dois pastores alemães são originários da primeira aquisição em Goiás. Da prenhez da fêmea Fúria, que recentemente cruzou com um pastor-belga pertencente a um policial do canil, são esperados seis a sete filhotes, e destes, conforme o combinado, dois irão para o canil.

Esse precioso tesouro é motivo de orgulho para seus “donos”, adestradores e demais criadores que trabalham na COE.

O Golden retriever trabalha seguidamente 15 minutos, mas se cansa primeiro que os outros – pastor-alemão, pastor-belga e pastor belga malinois –, inteligentes, ativos, vigilantes, ágeis. Raças que “trabalham” horas seguidas, sem reclamar.

O pastor-belga malinois (pronuncia-se malinoá) se tornou conhecido como “a Ferrari dos cães de proteção”. É hoje preferido por agentes de segurança em operações de investigação, busca ou salvamento.

Em diversas manifestações, as pessoas mais temem o cão do que o policial. “Por isso, se diz, um desses vale mais que dez policiais”, brinca o capitão Cavalcante.

Aprendem rapidamente executam comandos desde os primeiros quatro meses de idade. O condutor lhes entrega então o objeto de volta. Mesmo instintivamente e aprendendo muito bem as lições do treinamento, os cães estão sempre brincando.

Quando chega à rua, o animal age da mesma forma como se acostumou anteriormente a qualquer missão da COE.

Essa é a rotina do canil, inaugurado em 1993, pela necessidade de se ter unidade específica para farejamento de entorpecentes em ônibus, automóveis, caminhões e operações antiexplosivos.

Limpas, protegidas por tela na parte alta do solário, as baias têm água encanada. Convênio com a Faculdades Aparício Carvalho (Fimca) possibilita avaliações e cuidados médicos-veterinários regulares.

A PM trabalha sabendo que seu pequeno “efetivo canino” assemelha-se aos do Exército Brasileiro e aos da polícia de diversos países. Eles têm o mesmo porte físico e vigor, por exemplo, dos cães usados pela Swat e Bope.

“Mas queremos melhorar ainda mais o nosso padrão”, reivindica o capitão Cavalcante.

Com razão, pois cães farejadores estão também presentes no Guinness World Records, o livro dos recordes, na condição de melhores farejadores de drogas no mundo. Alguns até saltam de paraquedas para detectar explosivos.

A raça malinois foi escolhida para guardar a Casa Branca (sede do governo dos Estados Unidos) em Washington. Não por acaso, um dos heróis do canil se chama Braddock, malinois que homenageia James Braddock, oficial americano prisioneiro de guerra durante sete anos no Vietnã do Norte, no início dos anos 1970.

Braddock está em fase final de treinamento para fazer busca e salvamento.

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